A capital paraense amanheceu sob chuva ontem (21), que se intensificou por volta de 8h. Consequentemente, pontos de Belém ficaram alagados e o trânsito congestionou. Na avenida Brasil com a Independência, no bairro do Parque Verde, não precisou de muito para que a via ficasse alagada, o que provocou transtornos aos moradores, condutores e transeuntes.
Proprietário de um mercadinho e morador da área há 30 anos, Geraldo Gomes, 53, afirma que toda vez que chove, o alagamento se forma. No entanto, ele conta que dessa vez, a chuva deu uma trégua e não piorou a situação. “Esse problema já existe há muito tempo, mas isso que você está vendo ainda é o mínimo, porque está batendo na canela, né? Mas tem vezes que bate na cintura”, disse.
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Também moradora do bairro, Joana Lisboa, 48, se escondia na fachada do mercado esperando a chuva passar para resolver as pendências do dia. Ela chama a atenção para o risco de cair em buracos quando o perímetro está alagado. “Já caiu muito carro aí, essa rua fica mais perigosa do que já é. Aí a gente tem que esperar um pouco para não se arriscar”, conta.
Na rua sideral, no bairro Sideral, próximo da avenida Augusto Montenegro, o alagamento fez com que muitos condutores de carros e motociclistas dessem meia volta para evitar prejuízos com o veículo, enquanto outros tentavam a sorte. Com as sandálias em mãos encarando o alagamento ou escalando a mureta para não meter o pé na água, pedestres também faziam o que podiam para chegar ao destino.
“É sempre esse transtorno, isso porque nem choveu forte mesmo! Eu não me arrisco a meter minha moto nessa água, com o motor quente é prejuízo na certa, prefiro dar o retorno do que ter dor de cabeça depois”, destaca o motociclista Yuri Silva, de 27 anos.
Na travessa Doutor Moraes, no bairro Nazaré, centro de Belém, uma árvore caiu e atingiu três carros que estavam estacionados na via. Em um deles, tinham duas pessoas que não ficaram feridas, segundo o proprietário do veículo, Samuel Jorge, 56 anos.
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“Minha esposa estava estacionando o carro aqui bem no momento em que a árvore caiu. Ela e minha filha ficaram presas dentro do carro, mas não ficaram feridas, eram umas 8h30 por aí. Elas não se machucaram, foi só um susto e danos materiais”, disse.
De acordo com o tenente BM Barbosa, o Corpo de Bombeiros Militar foi acionado por volta de 10h para atender a ocorrência e trabalhava para desobstruir a via que encontrava-se interditada. “Inicialmente fomos acionados com a informação da queda de um vegetal de grande porte em cima de veículos, também disseram que havia uma família presa às ferragens mas ao chegarmos não havia vítimas, apenas danos materiais. Agora estamos trabalhando para a desobstrução da via”, ressalta.
Os efeitos da chuva foram sentidos durante a tarde também. Apesar de ter diminuído após o meio-dia, resultando na redução do volume de água e, consequentemente, dos alagamentos, as reclamações ainda eram comuns.
Na Cremação, o nível da água ultrapassou a altura do joelho de quem passava pela rua Engenheiro Fernando Guilhon, próxima da 14 de Março. “Antes, toda essa água entrava em casa, mas tentei resolver isso construindo uma barreira na porta e aumentando o piso daqui”, explicou Nazareno Silva, 73.
Apesar das modificações na moradia, o aposentado destacou que a água ainda invade o imóvel em alguns dias. “Porque além do nível da água estar alto, moro em uma via onde o tráfego de carros é bem intenso, ou seja, quando passa um veículo pesado cria-se uma marola que não tem como segurar, aí entra mesmo. Moro aqui há 70 anos, sempre foi assim”, completou.
Quem também mora na região é o torneiro mecânico Arnaldo Sousa, 62, que nesse caso tem a vantagem de morar nos altos. “De fato, o alagamento é pouco sentido pela minha família por esse aspecto, mas para que isso acontecesse, tive que abrir mão do andar de baixo da minha casa, ou seja, perdi quatro compartimentos para poder não sofrer com esse aguaceiro”.
Para Agata Suely, tatuadora de 20 anos e moradora da rua dos Pariquis com a travessa Quintino Bocaiúva, na Cremação, os constantes alagamentos geram prejuízos financeiros para ela e sua família. “Como eu também trabalho com costura, muitos dos nossos clientes nem querem estacionar por aqui, ou quando passamos o endereço não vem”, relatou.
“Sou moradora daqui desde quando eu nasci e quando comecei a me entender sempre houve esse transtorno, que gera desde problemas na saúde até mesmo materiais, como carros que acabam prejudicados pela água. Inclusive, nós tínhamos um restaurante aqui e fechamos”, lamenta Agata.
A estudante Helen Machado, 26, disse que o medo é de ficar doente. “Para não sujar os sapatos, às vezes precisamos tirar e ficar descalços. O grande problema é que na maioria das vezes essa água é suja e contaminada, o que pode levar a contaminação por diversas doenças, como a própria leptospirose”.
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