No mapa que marca os acidentes com vítimas fatais registrados na Rodovia BR-16, no Estado do Pará, a concentração de pontos vermelhos no perímetro entre os municípios de Castanhal e Santa Maria do Pará deixam evidente a necessidade de atenção redobrada por parte dos condutores. Na rotina de quem precisa trafegar pela rodovia, a tensão diante da possibilidade de se envolver em algum acidente é companhia constante. Somente no ano passado, 302 pessoas ficaram feridas e 45 morreram na rodovia, de acordo com as estatísticas oficiais da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Marcada por um grande fluxo de veículos de passeio e caminhões, a Rodovia BR-316 é a principal via de ligação entre as regiões Norte e Nordeste do país, ligando as capitais Belém (PA) a Maceió (AL). Com 2.504 Km de extensão, a rodovia inicia no Pará e atravessa os Estados do Maranhão, Piauí, Pernambuco e Alagoas.
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No perímetro compreendido dentro do território do Estado do Pará, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, o trecho que demanda maior atenção dos condutores é o que fica entre os municípios de Castanhal e São Francisco do Pará, além dos trechos que passam pelo município de Santa Maria do Pará e pelo município de Capanema. “São trechos de pista simples, onde o condutor necessita ter atenção redobrada, principalmente ao realizar manobras de ultrapassagem”, informa a PRF.
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Foi no perímetro entre Castanhal e Santa Maria do Pará, inclusive, que um grave acidente foi registrado já em 2024, na última segunda-feira (08). A colisão entre um caminhão e um veículo de passeio resultou na morte do condutor do carro, que ficou preso entre as ferragens, depois de seu veículo ter sido atingido na lateral e arrastado por alguns metros. Testemunhas relataram que o carro menor teria invadido a pista contrária, quando acabou sendo atingido pelo caminhão.
O triste desfecho desse acidente é apenas um dentre os que chegaram ao conhecimento do caminhoneiro Dário Leal, 40 anos. Ao longo dos 17 anos dedicados à profissão, ele já perdeu as contas da quantidade de acidentes ocorridos ao longo da BR-316 que já tomou conhecimento, mas lembra que alguns deles envolveram pessoas conhecidas. “Dois colegas meus já se acidentaram nessa rodovia. Só agora nesse final de ano foram duas carretas que tombaram, né? É uma via um pouco perigosa”.
Iniciando a viagem em Teresina (PI), o caminhoneiro seguia rumo a Belém, onde descarregaria a carga transportada e recolheria uma nova para fazer o trajeto inverso. Já tendo cumprido o percurso por várias vezes, o motorista considera que, no Estado do Pará, o trecho mais complicado da BR-16 fica entre Benevides e Castanhal.
“Nesse trecho aí tem que redobrar a atenção mesmo porque é complicado. A gente tem que dirigir pela gente e pelo outro, então, tem que ter muito cuidado mesmo”, considera. “Antigamente era pior porque era uma buraqueira muito grande. Isso melhorou muito porque acabou essa buraqueira, mas a gente tem que ficar atento porque tem muita gente que não respeita a sinalização”.
Conduta do motorista pode evitar acidentes
Há 20 dias transitando pelas estradas do Brasil, o caminhoneiro Ederson dos Santos, 44 anos, e a esposa Lauren Teixeira, 36 anos, se aproximavam de Belém pela primeira vez e a impressão que tiveram também foi a de que a BR-316 demanda atenção dobrada de quem dirige. “A BR é boa, mas a gente viu muito animal morto no caminho. Teve um trecho que tinha três, quatro animais mortos todos na sequência e com a mesma batida. Tem que ter muito cuidado porque uma carreta carregada em uma via de velocidade, se passa um animal na pista, é complicado parar”, considerou Ederson. “Tem que ter muita atenção. Quando eu estou junto com ele, fico controlando pra ele não correr muito porque não dá pra arriscar”.
Com o objetivo de também entregar uma carga em Belém, a família deixou o Rio Grande do Sul e cruzou os estados do Espírito Santo e Bahia, antes de entrar no Pará. De Belém, seguiram para Fortaleza, no Ceará. Da primeira experiência transitando pela BR-316, eles levarão consigo uma lição. “Tem que ter cuidado por nós e pelos outros que tão na pista também, principalmente nos trechos que é só uma pista”.
Essa também é a máxima seguida por Willis Tavares, 35 anos, que transita pela BR-316 em um veículo muito menor, mas que exige até mais atenção, uma motocicleta. Ele, que costuma trafegar pela rodovia no perímetro entre Benevides e Santa Izabel, considera que o maior risco da via é a condução dos próprios motoristas. “Geralmente, tem muito motorista de carro na BR que não joga a seta, quase todos trocam de faixa sem nem jogar a seta e aí rola muito acidente, principalmente com quem anda de moto porque a gente tá passando na hora e eles nem veem no retrovisor”, considera o condutor, que trabalha como Moto Uber. “Quando eles metem o carro sem dar a seta, muitas vezes não dá tempo de frear e é assim que acontecem os acidentes”.
No caso de quem conduz motocicleta, os riscos envolvidos na ocorrência de acidentes são ainda maiores. “Eu dirijo tanto moto, quanto carro. A moto é mais perigosa porque não tem proteção, então, tem que andar na calma. Quando eu tô de moto na BR eu tento enxergar uns três carros na frente pra tentar adivinhar o que eles estão pensando em fazer pra não correr o risco de um mudar de faixa, em alta velocidade, e me pegar”.
De acordo com os dados registrados pela Polícia Rodoviária Federal no Pará, as principais causas de acidentes ocorridos na rodovia BR-316 em 2023 estão relacionadas à conduta do motorista. Em primeiro lugar está ‘ausência de reação do condutor’, seguida de ‘acessar a via sem observar a presença dos outros veículos’, ‘reação tardia ou ineficiente do condutor’ e ‘transitar na contramão’.
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