Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, realizada entre 2019 e 2021, mostrou que mais da metade das crianças e adolescentes brasileiros usam a internet sem o controle dos pais e por tempo indeterminado.
O que muitos pais ou responsáveis questionam é se existe um tempo ou idade ideal para que os filhos tenham acesso a telas, a neuropsicóloga Juliana Pastana revela que existe sim, uma idade considerada “ideal”, para que as crianças tenham esse contato: “Até os dois anos de idade a recomendação é de que não se expõe a criança a telas. Então a partir de dois anos até os cinco anos a gente tem que dar no máximo um tempo de tela de uma hora por dia sempre com supervisão dos pais dos cuidadores, e a partir de seis anos até os dez anos o tempo varia entre uma duas horas e na adolescência você já pode aumentar esse tempo para duas a três horas mas nunca deixar esse adolescente virando a noite jogando, como é costume para eles. Se eu permito o uso de telas numa idade em que isso já é bem orientado em relação ao tempo e eu dou até num tempo menor, isso possivelmente não vai trazer nenhum prejuízo. Eu preciso lembrar sempre de supervisionar o conteúdo que esse adolescente ou essa criança está tendo acesso”.
Mas o assunto ainda é polêmico entre os pais ou responsáveis, pois muitos alegam que por falta de uma rede de apoio, não conseguem deixar de expor o filho a telas, já outros dizem conseguir com louvor deixar as crianças fora do mundo digital e optam por brincadeiras educativas em casa.
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Bruna Loureiro, tem um filho de 9 meses e revela que não dá telas a Miguel e conta como consegue entreter ele: “Eu acredito fortemente que o nosso maior aliado contra as telas é justamente a atenção e tempo que dedicamos a ele. Aqui em casa nós somos bem rigorosos com a exposição a telas, seja de forma direta ou até mesmo indireta, então, de forma geral, não deixamos televisão ligada em ambiente em que o Miguel esteja e controlamos o nosso uso do celular quando ele tá perto. Dedicamos o máximo da nossa atenção a ele quando está acordado e para isso os nossos melhores amigos são os brinquedos e as brincadeiras, sentamos com ele pra brincar, nem que seja só pra ficar observando ele brincar, deixamos ele explorar a casa, tanto a área interna quanto a externa para ter contato com a natureza, brinquedos adequados para cada fase do seu desenvolvimento, às vezes um banho de mangueira, um piquenique na grama, passeio de motoca, colocamos música pra dançar e cantar nos aplicativos de música. Da mesma forma, quando saímos, selecionamos os brinquedos que ele mais gosta pra levar e nos revezamos na distração dele.
E conta como é importante ter uma rede de apoio para ajudar nesse processo: “Ter essa rede de apoio é o que me ajuda a dar essa atenção exclusiva a ele. Além de que toda a nossa família comunga e /ou respeita a nossa decisão, então, todo mundo ajuda como pode para evitar qualquer exposição. Agora em fevereiro eu voltei oficialmente para o trabalho e o Miguel está ficando aos cuidados da minha avó, que tem a mesma opinião que a gente sobre as telas e sempre respeitou toda e qualquer decisão nossa sobre a criação dele, junto com a babá que tem proibição expressa para não usar telas em nenhuma circunstância”
Bruna Loureiro revelou que ainda durante a gravidez estudou sobre os malefícios do uso de telas na infância, e o porquê é tão rígida em relação a isso: “ Desde a gravidez eu sempre estudei muito sobre todos os assuntos relacionados a gravidez, parto, sono e desenvolvimento infantil e já existem milhares de estudos científicos que demonstram os malefícios ao desenvolvimento do uso de telas na infância, como dificuldade de interação social, mudança de humor, dificuldades com o sono, ansiedade. Além de vivenciar, na prática, com alguns familiares o quanto a dependência das telas prejudica no desenvolvimento tanto na infância quanto adolescência e até na vida adulta”.
Outras mães que optam por dar telas aos filhos e contam como utilizam a tecnologia a favor e controlam os conteúdos, e que assim a maternidade não fica tão pesada.
Danna Ketlen diz como consegue dosar o tempo de tela para a filha e usar isso a seu favor: “Muitas vezes deixo horas ligadas, mas ela raramente senta e assiste, normalmente brinca e quando alguma música que ela gosta toca, ela para pra assistir. Eu procuro sempre por desenhos que ensinam algo, como a contar, escovar os dentes, coisas do tipo, ela assiste na minha conta do YouTube, onde eu sempre pulo quando não gosto de algo, ou acho ruim o conteúdo”.
E revelou que a filha aprendeu diversas coisas com desenhos que assiste: “Sempre procuro desenhos educativos, que ensinam a criança a falar certo. Minha filha aprendeu coisas do tipo subir, descer, abrir, fechar, com desenho, coisas simples que no dia a dia são muito úteis. Lógico tem seus contras, mas eu prefiro usar a tecnologia como meu aliado do que deixar minha maternidade muito mais pesada”.
As duas mães divergem sobre o uso de telas na infância, e conseguem mostrar que é possível criar uma criança longe do uso de telas. E outra diz como usar a tecnologia para benefício dela e da criança, que conseguiu aprender com desenhos educativos.
Thayná Coelho é formada em jornalismo, mãe de uma princesa, gosta de trocar dicas de maternidade, escrever sobre saúde, entretenimento e política. Ama futebol, sou torcedora do Clube do Remo e fã de Harry Potter.
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