Uma reunião extraordinária foi realizada ontem, 28, na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), para discutir e buscar soluções para a escassez do açaí no Estado, que eleva o preço do produto durante o período de entressafra.
A reunião, que foi solicitada pelo deputado Erick Monteiro (PSDB), foi conduzida pelo deputado Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Direitos Humanos, Defesa do Consumidor, dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da Mulher, da Juventude, da Pessoa Idosa e Minorias.
De acordo com Bordalo, após avaliar as proposições para atenuar a crise do açaí, principalmente a do congelamento do fruto in natura no período de três a quatro meses que antecedem a entressafra do alimento, até a próxima terça-feira (5) será estudado um projeto de lei acerca do armazenamento, para ser proposto na Alepa.
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O pesquisador do Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Jair Carvalho dos Santos, acredita que a expansão da demanda dentro do Pará também pode ser um dos motivos da crise. Segundo ele, essa situação se dá em um momento em que, a partir da popularização do fruto e seus benefícios, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, a classe com mais poder aquisitivo da sociedade também passou a consumir mais açaí.
“Anos atrás, não havia tanta necessidade de aumentar o preço, pois antes os mais pobres eram quem mais consumiam. Hoje, essa alta demanda permite isso. A exportação não compra açaí no período da entressafra, lá fora não estão dispostos a pagar o que se paga aqui”, disse.
O supervisor técnico do Dieese-PA, Everson Costa, ressaltou que o açaí faz parte da cultura dos paraenses, então, quando se fala em entressafra, o que assusta a cada ano é o volume e velocidade dos reajustes no preço do litro do fruto.
“Estamos falando de famílias, de quem consome e precisa para gerar renda, que constroem a economia do Estado. Não é justo tirar da população aquilo que é de sua cultura e tradição. A expectativa é pensar numa política que faça com que o açaí tenha uma condição de oferta maior para dar condição a preços mais equilibrados e a população sofrer menos”.
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Durante a reunião, também foi apresentada uma solução para a conservação do fruto in natura, pelo pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Nathiel Moraes. De acordo com ele, a tecnologia é feita com base em um produto da Amazônia, com tecnologia paraense, de baixo custo e que foi altamente efetivo na preservação do fruto vindos de diversos municípios como Marapanim e Igarapé-Miri.
“Nós fizemos a preservação do fruto in natura de vários lugares para sabermos se o comportamento seria igual. E, depois de batida, não perde o gosto, não interfere em nada. Alguns representantes da indústria já visitaram o nosso laboratório também para conferir e dizem que parece o fruto que acabou de ser colhido, sendo que estava preservado por uma safra inteira, por seis meses, foi o que apresentamos aqui. É uma nova tecnologia que já foi solicitada toda a propriedade intelectual para garantir que essa tecnologia se mantenha no nosso Estado, é tecnologia paraense”, ressalta.
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