Apesar dos avanços científicos, o diagnóstico do câncer ainda é encarado com muita preocupação e medo pelos pacientes. A doença ainda é considerada um tabu na sociedade. Por isso, um diagnóstico oncológico sempre vem cheio de sentimentos receosos que podem até prejudicar a recuperação do paciente. O dia 8 de abril marca a data mundial de conscientização e combate à doença.
Conforme informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer desponta como segunda doença que mais mata no mundo, com 9,6 milhões de óbitos por ano. A expectativa é que nos próximos 25 anos a doença se torne a primeira do ranking. Segundo a média oncologista Paula Sampaio, o misto de sensações que acompanha o paciente oncológico é relacionado ao alto índice de mortalidade e a falta de conhecimento sobre o tema.
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“O diagnóstico do câncer traz um sentimento de angústia e medo porque os pacientes pensam em como vai ser o tratamento, que inclui passar por cirurgia grandes e tratamento complementar, radioterapia e quimioterapia, com efeitos colaterais associados, como redução da imunidade, queda de cabelo, náuseas. É uma doença associada a mortalidade elevada”, aponta a médica.
Medo, tristeza e a angústia são os principais sentimentos que podem levar a um quadro de ansiedade e depressão, o que prejudica o tratamento do câncer. Por isso, o paciente deve manter uma vida mais próxima da normalidade, conforme o tipo de tratamento, além de aderir a uma alimentação saudável, ter um bom período de descanso, praticar exercícios físicos e seguir com a agenda de consultas e exames que a doença necessita.
“Existem pacientes que vão ter um período de afastamento do trabalho para realizar procedimento cirúrgico e alguns pacientes tem indicação de tratamento complementares. Nesse caso, a imunidade fica bem reduzida e é preciso ter cuidado para não se infectar com doenças. Nos períodos mais críticos dos efeitos colaterais, os pacientes podem adaptar o horário, mas a indicação é que sigam uma vida normal. As atividades laborais e sociais fazem bem para a evolução do paciente”, afirma a oncologista Paula Sampaio.
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Dessa forma, o apoio e acompanhamento familiar é importante para dar suporte nas atividades diárias. “O paciente quando está em tratamento precisa de um acompanhante, principalmente uma pessoa da família que ajude o paciente em todas as etapas, venha nas consultas, acompanhe nos exames e providencie a alimentação. Durante as consultas são passadas diversas informações de diagnóstico e prognóstico e o paciente está tão emocionalmente abalado que é difícil de reter todas as explicações”, recomenda a médica.
DIAGNÓSTICO
O medo também esteve presente no momento do diagnóstico de Margarida Massayo, em junho de 2018. Com pouco mais de 60 anos, ela recebeu a notícia que estaria com câncer colorretal, após observar que as fezes continham rastros de sangue. O sofrimento foi grande por achar que a doença seria uma possível “sentença de morte”.
“Quando eu li a palavra carcinoma desapareceu o chão, desapareceu tudo. A primeira pergunta que eu fiz a mim mesma foi ‘e agora?’. É como se a gente estivesse recebendo uma sentença de morte. Não sei como cheguei em casa, parecia que eu não estava pisando no chão. Eu fiquei completamente devastada. Eu tinha pavor e quando falavam em câncer eu sempre pedia para Deus me afastar dessa doença”, relata a professora aposentada.
Após avaliação médica foi verificado que Margarida precisaria passar por procedimento cirúrgico para retirada do tumor. A indicação era iniciar as sessões de quimioterapia logo após a cirurgia. Porém, a aposentada se recusou a receber o medicamento devido ao medo dos efeitos colaterais. O resultado veio após três anos da decisão, quando o exame de imagem apontou uma metástase pulmonar. Eram mais de 15 nódulos que tomavam conta dos dois pulmões da paciente.
“Eu ainda assim não queria quimioterapia de jeito nenhum porque eu tinha um verdadeiro pavor dos efeitos colaterais. Depois de muito conversar, eu comecei a fazer as sessões em novembro de 2021. Foram seis meses de luta de quinze em quinze dias. Perdi todos os meus cabelos, fiquei muito magra e perdi muito meu ânimo”, conta a Margarida.
Terminado o tratamento, os nódulos desapareceram dos pulmões e de outros órgãos vitais, como rins e fígado. Foram nove meses de estabilidade até os caroços voltarem a aparecer em pequena quantidade, o que fez a paciente retornar às sessões. Atualmente, aos 70 anos, Margarida está na última fase de tratamento com quimioterapia e tem seguido a vida com positividade. “Recuperei minha autoestima, a minha parte espiritual ficou fortalecida, voltei a pegar peso. Hoje eu quero mais estar vivendo os pequenos detalhes da minha vida, mas com muito prazer”, finaliza Margarida.
Formas de prevenção: primárias e secundárias
De acordo com Paula Sampaio, médica oncologista, existem duas medidas de prevenção com o objetivo de reduzir a taxa de mortalidade pela doença: a primária, que são as formas de proteção; e secundária, que foca no diagnóstico precoce. As medidas podem diminuir em até 30% a chance de incidência do câncer ou de evoluir para quadros mais graves.
Entre as medidas primárias de prevenção estão:
- Evitar o tabagismo
- Evitar a exposição solar prolongada sem proteção
- Evitar o sedentarismo
- Praticar exercício físico de forma regular
- Ter uma alimentação saudável, variada, colorida e mais natural possível com frutas, verduras, legumes.
- Evitar alimentos ultraprocessados
- Evitar excesso de bebida alcoólica
- Vacinar contra doenças virais, como o HPV, causador do câncer de colo de útero e de pênis
- Vacinação contra o vírus de Hepatite B, fator de risco para desenvolvimento do câncer de fígado
Entre a prevenção secundária estão:
- Realizar anualmente exame de mamografia (mulheres acima dos 40 anos)
- Realizar anualmente o exame Papanicolau (preventivo do colo do útero), disponível no SUS.
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