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No sul do Pará, ciclismo contribui para mobilidade e saúde

Impulsionado pela melhoria da infraestrutura, o uso da bicicleta tem crescido em Canaã dos Carajás. Grupos de ciclistas chegam a somar 300 membros e município tem mais km de ciclovias, proporcionalmente, que todas as capitais do país.

Imagem ilustrativa da notícia No sul do Pará, ciclismo contribui para mobilidade e saúde camera O município de Canaã dos Carajás tem cerca de 30 km de ciclovias. | Diego Barbosa e Carol de Andrade/Divulgação

A servidora pública Ione Ferreira nasceu em Canaã dos Carajás, município do sul do Pará, a mais de 700 km da capital, quando o local ainda era um vilarejo rural. Na adolescência, se mudou para a vizinha Parauapebas em busca de oportunidades profissionais. Quando retornou, em 2015, quase não reconhecia a própria cidade natal, transformada drasticamente pela dinâmica mineral e pela migração em massa de pessoas de todos os cantos do país.

A servidora pública Ione Ferreira pedala de 40 a 90 km por semana.
📷 A servidora pública Ione Ferreira pedala de 40 a 90 km por semana. |Diego Barbosa e Carol de Andrade/Divulgação

Nesse cenário, foi convidada a participar de um grupo de pedal, conheceu novas pessoas, reencontrou amigos, e passou a se sentir novamente em casa. “O ciclismo me reintroduziu e me reconectou com minha própria cidade”, diz. Hoje, ela pedala de 40 a 90 km por semana, vê melhorias na saúde, mas principalmente, viveu experiências inesquecíveis.

“Por meio do pedal já viajei para conhecer pelo menos seis cidades onde nunca imaginava ir, fiz muitas amizades, conheci novas pessoas, tem sido fantástico”, relata.

Grupo organizado

A depender da quantidade de pessoas pedalando em Canaã, são centenas de histórias de vida transformadas. Fábio Batista preside o Clube de Ciclistas de Canaã dos Carajás, o C4, criado em 2020 e que reúne vários grupos de entusiastas do esporte. Ele estima que, atualmente, cerca de 300 pessoas praticam o esporte com regularidade no município.

Fábio Batista preside o Clube de Ciclistas de Canaã dos Carajás, o C4, criado em 2020.
📷 Fábio Batista preside o Clube de Ciclistas de Canaã dos Carajás, o C4, criado em 2020. |Diego Barbosa e Carol de Andrade/Divulgação

Todas as segundas-feiras, o Clube “puxa um pedal” noturno, saindo às 19h30, de uma das praças do município. “Porém, no decorrer da semana, a turma vai pedalando, tem o pessoal que compete, que geralmente treina mais, e a que não compete, mas está sempre pedalando”, relata.

A empresária Ana Paula Nascimento é uma dessas centenas de ciclistas do município. Ela começou a pedalar há uns nove anos, pois “estava a procura de um esporte que me proporcionasse prazer, liberdade e saúde”. Mas, agora, tem um diferencial em relação aos colegas que pedalam. Hoje ela também é proprietária de uma das lojas de produtos relacionados a ciclismo em Canaã, que comercializa bikes, peças, acessórios e faz manutenção.

“A ideia de empreender começou há uns cinco anos, quando decidimos unir o esporte que amamos ao meio de ganhar a vida e ter uma renda”, destaca.

O ciclismo mudou a minha história

O motorista Wdson Oliveira começou a pedalar no mês de maio de 2021, após um problema de saúde que gerava deficiência circulatória. “Fui presenteado com uma Bike Aro 26. Um amigo viu a minha necessidade e assim comecei”, conta. “Daí pra cá a melhoria foi constante com respeito à circulação e saúde. Pesava 132 quilos e hoje estou com 108”, celebra.

A mudança na vida de Wdson inspirou ainda outras pessoas. “Um colega que estava com depressão, viu meus stories e decidiu comprar uma bicicleta também, é mais um depoimento maravilhoso”, diz. “O ciclismo mudou minha história”, atesta.

Atualmente ele já pedala pelo menos três vezes por semana, em uma média de 40 a 60 km por dia, mas já chegou a pedalar mais de 100 km. A saúde agradece. “Você coloca o corpo todo para trabalhar, fica melhor a sua respiração, seu vigor físico, é indescritível a melhoria”. Além do sobrepeso, Wdson já tinha hipertensão arterial e, com a atividade física, já conseguiu inclusive baixar a dosagem da medicação.

Além de saúde, Wdson ganhou outro presente: “A galera do ciclismo, o pessoal não é uma galera, é uma família. Todos te abraçam, te dão o maior apoio, você faz novas amizades e é um pessoal que é extraordinário”, diz.

Bike no dia a dia

O estudante Vitor começou a pedalar em 2021 por uma necessidade de deslocamento. “Minha faculdade mudou de local e ficou um pouco distante. Nos primeiros meses eu só pedalava para ir à faculdade mesmo, mas depois de um tempo eu pedalava pra qualquer lugar que precisasse”, diz.

Então, a bike passou a ser parte do dia a dia do jovem, que passou a pedalar uma média de 6 km praticamente todos os dias. “No começo eu sentia muita exaustão, até receber uma dica de como ajustar a bike para sua altura, o que fez uma melhoria muito significativa no pedal, passei a conseguir enfrentar subidas com bem mais facilidade. Além do condicionamento físico que melhorou bastante”.

Para quem quer começar a utilizar a bicicleta no dia a dia, Vitor já tem uma lista de orientações. “Comece devagar, ajuste sua bicicleta, escolha bem o seu trajeto, procure evitar o máximo de subidas no começo, se acostume a temperatura que seu corpo vai chegar em cima da bike, se acostume ao jeito que você vai respirar”, enumera.

A partir disso, o processo vai ser natural. “Se quiser se desafiar, ao redor de Canaã é cheio de trilhas e os ciclistas são todos amigáveis, você vai conseguir se misturar sem problemas”.

Infraestrutura

O município de Canaã dos Carajás conta com pouco mais de 77 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE e com cerca 30 km de ciclovias, segundo dados da prefeitura do município, distribuídos em, pelo menos, seis grandes avenidas, incluindo a principal, Weyne Cavalcante, que é servida por ciclovia do início ao fim.

No sul do Pará, ciclismo contribui para mobilidade e saúde
📷 |Diego Barbosa e Carol de Andrade/Divulgação

Esse número coloca o município paraense com mais malha cicloviária, proporcionalmente, que qualquer capital do país. Segundo dados da organização Aliança Bike, as capitais com mais ciclovias e ciclofaixas no país são São Paulo (699,2km); Brasília (527,23km) e Rio de Janeiro (450 km).

Já quando se leva em conta a distribuição de ciclovias por população, quem lidera o ranking é Rio Branco (26,22 km/100 mil habitantes); seguida por Florianópolis (23,53 km/100 mil habitantes) e Vitória (18,94 km/100 mil habitantes).

Vale destacar que, segundo pesquisadores da Aliança Bike e do Laboratório de Mobilidade Sustentável da UFRJ, por cada um dos mais de 8 mil brasileiros que optam pela bicicleta como meio de transporte em vez do carro, deixam de emitir 4,4 kg de dióxido de carbono (CO2).

No sul do Pará, ciclismo contribui para mobilidade e saúde
📷 |Diego Barbosa e Carol de Andrade/Divulgação

O farto número de ciclovias permite hoje que os ciclistas pratiquem seu esporte sem sair da cidade. “Temos rotas mesmo para quem quer fazer um percurso de 20 km, 30 km dentro da cidade, sem precisar sair para a zona rural”, comenta o ciclista Wdson.

Com a construção de ciclovias e o asfaltamento de vicinais na zona rural, Ione até brinca que, o ciclista que gosta de um passeio mais “raiz”, por estrada de chão, está ficando sem opções.

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