Nilde Azevedo de 51 anos é mãe de José Pedro, que tem 15 anos. Desde o nascimento do filho, ela começou a perceber que ele era diferente das outras crianças.
Tudo começou quando o jovem completou 1 ano e Nilde reparou que o comportamento dele em relação a outras crianças não era o mesmo. Isso acendeu um sinal de alerta na mãe.
“Ele tem um primo, que praticamente nasceram juntos, no mesmo mês e bem próximo da data. E aí a gente ficava comparando o comportamento desse primo com ele. E via que ele era diferenciado. Só que a gente não sabia que ele era autista. Quando eu fui ouvir pela primeira vez a palavra autismo, foi quando ele começou a estudar, que vem a queixa da escola, dos pedagogos, dizendo que era pra gente procurar um atendimento, alguma coisa, porque o José não se socializava, às vezes ele tinha reações dentro da sala, ele gritava e não gostava que quebrasse a rotina dele” contou Nilde.
Nilde relata que demorou muito até conseguirem um diagnóstico fechado sobre a saúde do filho e a família precisou sair de Marabá onde moravam, voltar para Belém e correr atrás de médicos para José que tinha apenas 5 anos de idade.
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“Nós não morávamos em Belém, nós morávamos em Marabá. Eu marquei uma consulta com uma neurologista, porque naquele tempo eu não ouvi esse termo neuropediatra. Ela que nos induziu a sair de lá de Marabá. Então nós viemos embora para Belém, e de lá pra cá, o José foi diagnosticado com 13 anos de idade com autismo, sendo que quando a gente saiu de Marabá, o José tinha 5 anos. Então o que que acontece? A gente lutou muito para que ele tivesse esse diagnóstico, só que a gente não conseguiu. Mas durante esse tempo, que, lógico, foi muito difícil pra gente, eu não me desesperei nem o pai em nenhum momento. A gente corria atrás de tudo que diziam que a gente tinha que fazer pra gente ter uma certeza do diagnóstico dele” Contou a mãe de José Pedro.
Após a ida a muitos médicos e exames realizados, a família só conseguiu o diagnóstico de autismo do filho, quando ele completou 13 anos, mas Nilde conta que já sabia que José Pedro receberia este diagnóstico.
Trajetória
“Quando o José Pedro foi diagnosticado, com 13 anos de idade, eu já tinha certeza que ele era uma criança autista. Porque dali, desse tempo a gente já conseguia ouvir as pessoas falarem o termo, o que era, as reações dele, de como é que ele se comportava e mesmo assim isso nunca foi um impedimento pra gente, a gente nunca deixou de sair de dentro de casa, nunca teve vergonha de demonstrar o José, ele sempre foi muito amado pela gente, pela minha família, pela família do meu marido, então receber o diagnóstico dele com 13 anos não foi impactante pra gente, porque a gente já tinha a certeza do que ele tinha, a gente só queria mesmo o papel pra poder correr atrás dos direitos dele, entendendo quais seriam os benefícios, as terapias”, relatou Nilde.
A mãe de José Pedro contou que a família começou a perceber que ele gostava de música no período da pandemia, quando precisavam levar ele para passear de carro na cidade para ele desestressar, e foi aí que perceberam que a música acalmava ele.
“O José foi diagnosticado só com 13 anos, em 2021, só que em 2020 foi o momento mais difícil para a gente, porque houve a pandemia. E como a gente não tinha laudo, mas a gente já tinha certeza que ele era uma criança autista, foi o momento mais difícil para a gente. E qual foi a alternativa que a gente buscou? A gente pegava o nosso carro e ia passear com o José pela cidade. A gente botava música e começamos a perceber que aquilo era um relaxamento para ele. Ele gostava muito de música e pesquisava sobre música”.
Começou a carreira de DJ
A partir desse momento a família começou a investir na música na vida do filho, para ajudar ele no tratamento do autismo, e então compraram uma mesa de DJ para José e foi aí que ele começou a aprender a mexer e se encantou com o instrumento, desde então a música se tornou uma parte muito importante na vida do jovem que segue com o sonho de ser DJ, e já faz diversas apresentações no estado.
“Quando a gente deu a mesa, parecia que ele já conhecia o equipamento. E aí, todas as festinhas que a gente fazia de casa, de amigos, tava ali o José tocando. E aí ele foi tocando em vários lugares, se apresentou na Feira Artistic, ele se apresentou no Quinto Congresso Internacional de Autismo no Brasil, ele se apresentou também no ano passado na Feira do Livro e também foi chamado para tocar no Pará Negócios e assim ele foi sendo chamado, as pessoas foram vendo o talento dele, entraram em contato conosco para chamar o José para se apresentar nesses lugares, e aí ele tá indo”, disse Nilde.
José tinha o sonho de conhecer o famoso Dj Alok, e conseguiu realizar esse sonho através de ajuda de amigos que engajaram nas redes sociais, gravaram um vídeo do amigo e marcaram muito o DJ no instagram e assim conseguiram que Pedro conhecesse Alok, e foi um momento muito especial para ele que tem o DJ como referência.
José Pedro, também conhecido como DJ Martin Blue, é um exemplo vivo de como pessoas com autismo podem levar vidas plenas e superar barreiras frequentemente impostas pela sociedade. Como a mãe, Nilde, observa, quando ele está tocando, sua condição parece desaparecer completamente. A música desempenha um papel fundamental na vida de José Pedro, que agora é chamado para participar de vários eventos dentro do estado do Pará.
Repórter: "Thayná Coelho é formada em Jornalismo, mãe de uma princesa e gosta de trocar dicas de maternidade, escrever sobre saúde, entretenimento e política. Ama futebol, é torcedora do Clube do Remo e fã de Harry Potter".
Coordenação: "Ana Paula Azevedo é paraense, formada em Comunicação Social – Jornalismo e mãe do baby Maurício, de 10 meses. É apaixonada por pizza e churrasco”.
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