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ARQUEOLOGIA

Obras na Doca continuam após descoberta de proa

Parte dianteira de uma provável embarcação metálica antiga foi descoberta durante as obras do Parque Linear da Doca, em Belém

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Imagem ilustrativa da notícia Obras na Doca continuam após descoberta de proa camera O Iphan acompanha o trabalho de escavação, realizando os registros e orientando os trabalhadores sobre o isolamento do local para garantir a conservação do bem arqueológico | Wagner Almeida

Na segunda-feira (12), uma proa, a parte dianteira de uma provável embarcação metálica antiga, foi descoberta por uma equipe de arqueologia da empresa contratada pela Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), que realiza o acompanhamento arqueológico das obras do Parque Linear da Doca, em Belém.

De acordo com Cristina Vasconcelos, superintendente estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o órgão foi imediatamente comunicado após a descoberta da estrutura. Além disso, ela comenta que o achado arqueológico tem caráter único, uma vez que ainda não havia sido encontrado em Belém um objeto dessa proporção.

A superintendente comentou que já se esperava achados desse tipo e afirma que as obras não foram paralisadas. “O Iphan entende que a obra é extremamente importante para a cidade. As obras seguem o seu curso normal, está apenas paralisado naquele trecho onde foi encontrado o objeto”, diz.

Uma equipe de arqueólogos do Iphan fiscaliza e acompanha de perto o andamento do trabalho de escavação, realizando os registros e orientando os trabalhadores sobre o isolamento do local para garantir a conservação do bem arqueológico. Ainda não é possível precisar o tamanho da estrutura, bem como datar o período do objeto.

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Segundo Cristina Vasconcelos, os desafios são grandes, principalmente por ainda não se ter como identificar o período do achado arqueológico e, com isso, será preciso uma equipe consistente de estudos para realizar a medição, inclusive de altas e baixas das marés para entender como a estrutura será retirada e analisar se o achado está íntegro ou em pedaços.

“A gente precisa realmente ainda perceber como é que a gente vai conseguir retirá-lo dali. Nós temos as intempéries de tempo, de água, de chuva, de vento, do ar, onde tudo isso pode trazer oxidação ao material encontrado e isso pode realmente danificar e nos causando um certo transtorno para retirada de lá”, destaca.

“Posteriormente, nós precisamos realmente conversar com as entidades públicas que fazem essa estrutura de musealização para que possamos fazer o trabalho de retirada desse objeto, trabalhá-lo e colocá-lo em exposição, porque isso aqui é importante, são objetos arqueológicos que vêm contar a nossa história”, completa.

ETAPAS

O arqueólogo do Iphan-PA, Augusto Miranda, comentou que a área em que o objeto foi encontrado, na avenida Doca de Souza Franco, foi um entreposto comercial onde aportavam muitas embarcações no século 19, e que o achado passa a fazer parte da memória de Belém. “Por isso é possível que tenham outros tipos de embarcações ou restos. Como essa é metálica, ela se conserva mais do que se fosse de madeira. Então, quando a Cristina fala do achado, é isso que ela diz. É um achado único até esse momento”, reforça.

Por isso, o trabalho da equipe de técnicos e arqueólogos é fazer uma análise para preparar um projeto de salvamento arqueológico a fim de garantir a conservação e a retirada segura do material, sem perda de nenhuma informação e deterioração da estrutura.

Ainda de acordo com o arqueólogo, após a retirada do achado arqueológico, o material será encaminhado a um laboratório para acondicionar, realizar pesquisas, evitar a degradação e, posteriormente, a musealização. Não há prazo para a finalização do trabalho.

“Estamos falando de uma possível embarcação que pode ser única até hoje, que só existia nos relatos, não tínhamos materialidade”, afirma. “Belém é uma cidade que tinha vários igarapés navegáveis e que hoje estão aterrados ou apenas canalizados. Então, é uma forma para a gente repensar essa cidade”, ressalta.

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