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Verticalização é o caminho da bioeconomia

Empreendedores paraenses investem em negócios sustentáveis a partir de ingredientes da floresta em pé, mostrando que o desenvolvimento econômico pode ser aliado da conservação ambiental.

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Imagem ilustrativa da notícia Verticalização é o caminho da bioeconomia camera Raul Carvalho e parte da equipe do Labtecs no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá. | Celso Rodrigues

A Bioeconomia cresce no Pará graças ao impulso dado com o anúncio da realização da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30) - maior e mais importante evento climático do planeta - em Belém em novembro do ano que vem.

Um passo importante para a organização da bioeconomia no Pará veio com a fundação da Associação de Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio), entidade sem fins lucrativos que nasceu para fortalecer e fomentar negócios de pequenas e médias empresas em prol da Amazônia, contando com o apoio de organismos nacionais e internacionais que promovem o desenvolvimento sustentável. O diretor presidente é o empresário Paulo Reis, empreendedor de impacto e sócio da “Manioca” e “Amazonique”.

A Assobio conta hoje com 76 associados com negócios de diversos setores como alimentos, bebidas, cosméticos, moda e serviços, a maioria localizados na Região Norte, principalmente no Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins, além dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro. “A ideia é que a entidade associe empresas de todo o Brasil, desde que a cadeia produtiva esteja na Amazônia”, diz Juliana Carepa, CEO da JuCarepa, uma das associadas.

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A associação tem projetos e parcerias públicas e privadas pra beneficiar as cadeias e os negócios da sociobieconomia, desde participação em feiras e eventos, apoio logístico com parceria de empresas privadas e públicas. “São iniciativas voltadas ao desenvolvimento de empreendimentos que movimentem a cadeia produtiva e de inovação dentro da Amazônia”, detalha.

Em 2021 Juliana morava no Rio de Janeiro atuando como advogada. Durante a pandemia decidiu empreender e abriu uma confeitaria de doces amazônicos na capital carioca, utilizando como matéria-prima o cupuaçu e o cumaru, que fizeram muito sucesso com a clientela. Após retornar a Belém, incubou um projeto na Universitec (incubadora de empresas da Universidade Federal do Pará) e começou a desenvolver produtos de prateleira como biscoitos e geleias tendo como base sementes e frutas amazônicas, tendo o cumaru como carro-chefe.

“Passei a desenvolver pó e extratos que revendo para indústrias, como a de sorvetes. O cumaru é uma a planta muito rica com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e muito utilizada no ramo dos cosméticos também”, explica.

Mas a meta era fugir do lugar comum do uso das sementes na área de cosméticos e Juliana passou a investir fortemente em inovações do cumaru na área gastronômica, o que vem se revelando um sucesso. “O Pará é hoje o maior produtor de cumaru do Brasil, na ordem de 90%, O Estado já chegou a exportar em 2022, 200 toneladas da semente”, comenta.

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Depois de aprender o valor da semente, Juliana decidiu beneficiar e agregar tecnologia à ela através de sistemas de inovação. “Não podemos apenas mandar a semente in natura para fora do Pará e do Brasil. Precisamos beneficiá-la aqui e agregar valor a ela. É isso que estamos fazendo. No meu caso transformei o cumaru num ativo para a indústria alimentícia”.

TREMIDÃO

Tatiana Sinimbu, CEO da empresa Jambu Sinimbu, arquiteta de formação começou a produzir em 2015 produtos derivados do jambu. Em seguida incubou o produto e criou um laboratório de Pesquisa em Jambu na Universitec/UFPA. O primeiro produto que Tatiana desenvolveu foi uma conserva da flor de jambu, mas as pessoas também cobravam que pesquisadora elaborasse uma cachaça, o que ele começou a produzir logo em seguida, aromatizada com cumaru. Mas o “pulo do gato” ocorreu em 2017 com o lançamento do “Tremidão”, seu maior sucesso comercial, que tem como base o extrato da planta e que, segundo ela, funciona como um “vibrador natural”. “Costumo dizer que o produto é uma gota da Amazônia para uma experiência única!”, comenta.

Ao desenvolver o “Tremidão”, a microempresária quis utilizar o extrato da planta para além do que já era utilizado, principalmente na culinária e em bebidas como a cachaça de jambu. “Comecei a perceber que extrato tinha outros potenciais, como no segmento erótico, podendo ser utilizado como estimulante sexual tanto para homens como para mulheres”.

Hoje essa forma de utilização ganhou o mundo e já pode ser encontrada à venda com esse uso em vários sites de compra nacionais e internacionais. No homem o “Tremidão” retarda levemente a ejaculação, pois o jambu é vasodilatador, mas não funciona como remédio para potência sexual. Na mulher estimula a lubrificação íntima e a salivação, funcionando como um vibrador líquido. “É um produto multifacetado e muito divertido. Pode ser usado no drink, para beijar na boca e para uma experiência única na relação sexual!”, brinca.

VERTICALIZAÇÃO

O pesquisador Raul Carvalho coordena o Laboratório de Tecnologia Supercrítica (Labtecs) do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) do Guamá. Financiado com recursos da Secretaria de Estado de Tecnologia (Sectet), iniciou seus trabalhos em 2019 e usa tecnologia para fazer a verticalização dos bioativos da Amazônia, através da análise de extratos e de óleos vegetais. “Começamos a produzir, de fato, a partir de 2021, quando o laboratório realmente ficou pronto. Com o jambu conseguimos desenvolver um extrato com o máximo teor do espilantol, principal bioativo da planta”.

A tecnologia verde utilizada no laboratório aproveita 100% da matéria-prima da planta, não produzindo resíduos. “Desenvolvemos também um azeite de açaí bastante semelhante ao óleo de oliva mas com propriedades nutricionais bem superiores”, revela. O nível da pesquisa avançou de tal forma que o laboratório avaliou não ser produtivo ficar apenas na pesquisa, mas partir para o empreendedorismo, patenteando e colocando a produção no mercado. “A intenção é desenvolver esses bioativos com valor agregado para destacar e valorizar quem produz, principalmente os povos da floresta, como índios e quilombolas, que têm um papel fundamental no preparo e beneficiamento desses produtos antes de chegar ao laboratório”.

O Labtecs recebe alunos de graduação, mestrado e doutorado de várias áreas e de outras universidades, indo desde a odontologia, passando pela Engenharia Química e de Alimentos, entre outros. Raul vem coordenando uma pesquisa no laboratório para extrair canabidiol (princípio ativo da maconha) de uma árvore da Amazônia. “Conseguimos essa informação diretamente desses povos originais. Temos uma variedade e uma diversidade enorme de produtos vegetais na nossa região que sequer conhecemos ou foram explorados ainda...”

Ele revela que o laboratório já gerou uma start up, a Green Process Solution, capaz de verticalizar e aumentar a escala de tudo o que é produzido no laboratório. “A start up já possui CNPJ e aguardamos apenas a chegada de investidores e financiamentos para que possamos aumentar essa escala de produção”, antecipa.

Verticalização é o caminho da bioeconomia
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