Em dez anos, a capital paraense viu sua frota de veículos aumentar em 45%, segundo dados compilados pelo DIÁRIO junto à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), em 2023. Um recorte que chama a atenção foi o aumento de motociclistas na capital paraense: em março de 2013, a frota era de 80.162 motos e, em março deste ano o número registrado foi de 149.821, resultando em um aumento de 86% de motocicletas em Belém em um ano.
Com o crescimento da frota geral, que há dez anos era de 354.380 veículos e hoje está em 516.148, os engarrafamentos se tornaram cada vez mais constantes na capital paraense, tendo a motocicleta a preferência por quem busca mais praticidade em se locomover na cidade e economizar com combustível. O DIÁRIO conversou com motociclistas que utilizam a moto para trabalhar ou se locomover pela cidade para saber como é o dia a dia sob duas rodas. No geral, eles preferem a motocicleta por ser mais vantajosa no trânsito e oferecer melhor custo-benefício.
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O motociclista Augusto Santos, 65 anos, trabalha há três décadas com entrega e devolução de equipamentos e documentos. Conforme observado pela reportagem, a profissão dele exige bastante consciência diária ao se deslocar no trânsito. Para Augusto, apesar da praticidade, é preciso ter cautela para não ficar vulnerável nas ruas. “É meu trabalho e gosto bastante de dirigir a moto. Eu dirijo com muita atenção para evitar qualquer tipo de problema. Mas vejo que muita gente não respeita os motociclistas”.
Para o mototaxista Fabricio Silva, 22, que trabalha todos os dias utilizando motocicleta, dirigir por Belém exige calma e cuidado. De acordo com o mototaxista, no horário de pico de trânsito, vale tentar vias alternativas para evitar muito congestionamento. “Andar em uma rua pode ser perigoso porque, dependendo do trajeto, tem muitos caminhões e ônibus. E disputar o trânsito com veículos tão grandes assim é perigoso se não tivermos atenção”.
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Arlen Silva, 45, também trabalha levando passageiros com motocicleta pelas ruas de Belém. Para o mototaxista, os horários mais desafiadores são entre 7h e 8h e à tarde entre 17h e 18h, quando o trânsito fica com fluxo bem intenso. Ainda segundo Arlen, é por meio deste trabalho que ele mantém a renda mensal que ajuda a pagar as contas em casa. “Seria muito bom se tivéssemos uma faixa própria para os motociclistas, como tem em São Paulo. A gente ia se sentir mais seguro”, comenta Arlen sobre a faixa azul, que é utilizada preferencialmente por motociclistas em vias do Estado paulista.
“Eu nunca sofri nenhum acidente. Sou muito cauteloso quando dirijo, mas ainda vejo muito desrespeito dos motoristas com a gente que anda de moto pelas ruas”. O depoimento é do Márcio Augusto, 51, que há seis trabalha como mototaxista na área da Cabanagem. De acordo com o motociclista, é com este trabalho que ajuda nas despesas da família e que o trânsito, em Belém, poderia ser melhor se os motoristas em geral tivessem mais conscientização. “Acho que educação no trânsito é uma das formas mais importantes de evitar problemas”.
TEMPO
O operador de refinaria Sandro Daibes, 50, utiliza a moto para se locomover pelas ruas de Belém por achar mais econômico e mais rápido. Além de usar como transporte no dia a dia, Sandro também utiliza o veículo para aproveitar o tempo livre e passear nos pontos turísticos da cidade. “A desvantagem da moto é somente quando chove e a gente precisa buscar abrigo”, brinca Sandro. Dirigindo a moto desde o ano de 2005, ele afirma que “se eu tivesse que escolher entre moto e carro, eu continuaria com a moto mesmo”.
Ricardo Silva, 41 anos, trabalha como motorista de aplicativo há pelo menos seis anos, todos os dias, e gasta 50 reais por semana para abastecer o veículo, o que considera vantajoso pela economia. Uma das vias que ele mais utiliza em Belém é a Avenida Almirante Barroso. No geral, o motociclista considera o trânsito em Belém “bem pesado”, principalmente em horários como às 12h e 18h. É justamente nesses horários que o motociclista considera que há muitas imprudência no trânsito. “Tem muita negligência dos motoristas de carro. Por exemplo, quando vão fazer a curva e não dão a seta. Para o motociclista, é complicado adivinhar para onde o motorista quer ir sem dar a sinalização correta”.
O motoboy Alefy Pereira, 24 anos, faz a renda dele fazendo entregas por Belém. Ele afirma que com a moto gasta menos do que com um carro e que “é complicado” dirigir na capital paraense devido ao grande fluxo de carros circulando pela cidade. “Há horários que são bem difíceis de dirigir, como às 6h, 8h, 17h30 e 19h. Precisamos ter cuidado redobrado para evitar acidentes. Eu já sofri um acidente leve que me deixou escoriações e todo cuidado é fundamental”. Uma das vias de grande tráfego que o motociclista evita transitar é pela avenida Augusto Montenegro. “É uma área que tem caminhão, ônibus, carros. Eu fujo desse caminho lá”.
Desde o ano de 2018, Paulo Victor, 39, garante a renda de casa sendo motorista de aplicativo conduzindo passageiros pela capital paraense. Uma das vias que ele considera melhor para trafegar é a Avenida João Paulo II. O motociclista afirma, ainda, que gosta de pilotar o veículo por ter mais facilidade de trafegar pelas ruas e rapidez para chegar no destino. “Eu já morei em Curitiba e é visível a diferença na dinâmica do trânsito comparado com Belém. Aqui é mais ‘pesado’ e precisamos ficar mais alertas dirigindo a moto. Apesar de tudo, eu nunca sofri nenhum acidente. Acho que poderia ter corredores para os motociclistas”.
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