O descarte inadequado de qualquer medicamento pode prejudicar o meio ambiente e a saúde humana. Isso se deve a composição da droga que, ao ser desprezada irregularmente, provoca a contaminação do solo e das águas, impactando no desenvolvimento de espécies vegetais e animais que são a base da nossa alimentação. Por isso, esse tipo de material tem um descarte específico que começa na entrega dos medicamentos vencidos ou em desuso em farmácias e drogarias de todo o Brasil.
Principal ativo do medicamento, os fármacos são produtos químicos responsáveis pelo efeito terapêutico de cura de doenças ou alívio de diversos sintomas. São classificados como grupo de risco “B”, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), considerados como resíduos que podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente. Isso porque ao serem descartados de forma irregular carregam o risco de contaminação de ambientes terrestres e aquáticos. “Um dos principais riscos é a contaminação do meio ambiente. A degradação desse material é lenta e demora a ser absorvida pela natureza. Quando descartados diretamente no solo ou em pias pode acabar contaminando o lençol freático. Em contato com a água pode haver intoxicação através do medicamento descartado e contaminar parte das vegetações. Além disso, as pessoas podem apresentar irritações e alergias na pele ao terem contato com produtos químicos desse tipo”, alerta o farmacêutico Renato Cavalcante.
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Decreto
Em 2020, foi assinado o Decreto no 10.388, que regulamenta o descarte de medicamentos, industrializados e manipulados, vencidos ou em desuso no Brasil. A ordem obriga que fabricantes e importadoras do setor de fármacos recolham os medicamentos em pontos de coleta, presentes em farmácias e drogarias em todo território nacional. Dessa forma, os medicamentos devem ser armazenados temporariamente de forma correta para que depois sejam recolhidos para um fim adequado, sem prejudicar o meio ambiente.
“Nenhum remédio pode ser descartado em lixo domiciliar. As farmácias são obrigadas a receber o medicamento da população. Se você tem um medicamento vencido em casa, pode procurar qualquer farmácia para que seja feita a destinação correta do material. Lá eles têm um recipiente para acondicionar esses produtos de forma correta, que depois serão mandados a uma empresa que incinera esse material para não prejudicar o meio ambiente”, detalha o consultor empresarial do segmento fármaco.
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Sendo assim, a principal orientação é utilizar um medicamento apenas com indicação de um profissional de saúde, como médicos e farmacêuticos. Em caso de remédios em desuso, é preferencial que faça o descarte correto, evitando usar o remédio sem eficácia. “Se não está mais utilizando o medicamento, descarte. Não utilize um medicamento sem orientação do médico ou farmacêutico, que é um profissional de nível superior que está presente em todas as farmácias para orientar a população em todos os quesitos”, conclui o especialista da saúde.
Pode procurar o farmacêutico da unidade, os funcionários, para identificar a área de descarte desse medicamento, popularmente chamado de “descartômetro”.
PARA ENTENDER
Descarte
- Para descartar os remédios em farmácias e drogarias, é preciso apenas procurar o farmacêutico da unidade ou os funcionários para identificar a área de descarte, informalmente chamada de “descartômetro”.
ARMAZENAMENTO
- Para conservar medicamentos em casa são necessários alguns cuidados para manter o efeito do remédio. De acordo com orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), medicamentos que têm recomendação de serem mantidos em temperatura ambiente não devem ser guardados na geladeira, assim como o inverso também é válido. Além disso, é preciso se atentar às instruções da bula sobre exposição solar, temperatura e calor. Outra indicação é não guardar medicamentos no banheiro ou em locais molhados, além de não ser recomendado a divisão de comprimidos e a abertura daqueles revestidos por cápsulas.
Metade da população terá algum tipo de alergia até 2050
As mudanças climáticas, o crescimento da poluição e a ingestão de alimentos ultraprocessados são algumas das prováveis razões para o aumento das alergias. De acordo com os especialistas da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), até o ano de 2050, aproximadamente 50% da população enfrentará algum tipo de alergia.
O médico Bruno Acatauassu, que coordena o Departamento Científico de Alergia na Infância e Adolescência da Asbai, destaca que a alergia é uma condição bastante frequente, com um aumento significativo em sua prevalência global. Ele explica: “Para que alguém desenvolva uma alergia, é necessário que haja contato com o alérgeno responsável pela reação. A alergia representa uma reação exagerada do sistema imunológico a substâncias externas”. Ele acredita que o aumento recente na incidência de doenças alérgicas indica que mudanças no ambiente, na alimentação e no estilo de vida podem desempenhar um papel significativo nesse fenômeno.
As variações diárias impactam de maneira direta as alergias mais comuns entre as pessoas, como as alimentares, asma, rinite e dermatite atópica. De acordo com Bruno, as alterações climáticas, especialmente as conhecidas ondas de calor, têm um efeito significativo nas alergias respiratórias. “O aumento das temperaturas pode levar a uma maior concentração de poluentes no ar, agravando principalmente as doenças respiratórias”.
Ele ainda menciona a ocorrência de chuvas, enchentes e inundações, cujos efeitos frequentes favorecem o surgimento de mofo nas residências. Essa instabilidade climática também impacta as plantas, interferindo nas estações de polinização. “Não temos como prever até que ponto isso modificará a quantidade de pólen que será liberada no ar. Esse é um outro elemento que pode contribuir para o surgimento de rinites e crises de asma”, comentou.
Queimadas
Um outro ponto importante a ser levado em conta são as queimadas e a migração da população rural para áreas urbanas. De acordo com um especialista, os incêndios provocados por práticas agrícolas e pela queima de resíduos, tanto domésticos quanto industriais, emitem fumaça tóxica que pode ser prejudicial à saúde. “Essa fumaça contém pequenas partículas. Quando entra em contato com as pessoas, pode causar diversos sintomas, como irritação na garganta, nos olhos e no nariz, além de provocar reações alérgicas na pele e problemas respiratórios”, alerta.
O especialista recomenda que, em caso de fumaça nas proximidades, é essencial que as pessoas utilizem máscaras de proteção e mantenham a hidratação em dia. “Aumentar a ingestão de água é fundamental, além de evitar ambientes externos afetados pela fumaça, aplicar protetor solar e, principalmente, combater as queimadas, que causam diversos danos à saúde e ao meio ambiente”, enfatiza. Crianças, gestantes, idosos, indivíduos com comorbidades e aqueles que já enfrentam problemas respiratórios são os que mais correm riscos diante dessa exposição.
No que diz respeito à dermatite atópica, o alergista menciona que diversos fatores externos podem atuar como catalisadores para o agravamento desta condição e para o surgimento de crises, como os aeroalérgenos presentes no ambiente, poluição e até certos tipos de alimentos. Além disso, temperaturas elevadas podem intensificar os sintomas. “Essas condições podem agravar a situação”, afirma.
Alimentação
Sobre as alergias alimentares, Bruno destaca que os alimentos ultraprocessados não só contribuem para o aumento de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão, diabetes e câncer, mas também favorecem o surgimento de alergias e intolerâncias alimentares.
O médico enfatiza que qualquer alimento potencialmente pode provocar sintomas alérgicos. No entanto, existe um grupo que é considerado mais propenso a causar alergias, como o leite, o ovo, a soja, o trigo, o amendoim, as castanhas, os peixes e os frutos do mar. Bruno ainda menciona outros fatores que podem estar influenciando o crescimento observado nos últimos anos: o acréscimo nas cesarianas e a diminuição do período de amamentação.
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