As biojoias são uma ótima opção para presentear amigos e parentes durante o Natal. Feitas a partir de recursos naturais provenientes do território amazônico, as peças passam por um processo de confecção e comercialização artesanal, que envolve produtores de diversas regiões do estado do Pará. Para as artesãs, o final de ano é um dos períodos que mais aumentam a procura pelo artesanato. Porém, a expectativa é ainda maior para daqui a menos de um ano, com a realização da COP-30, em Belém.
A produção da biojoia está diretamente ligada aos povos da floresta e representa a diversificação da produção familiar dessas pessoas, que já produzem artigos em argila, chocolate, pimentas, entre outros produtos. Em Barcarena, por exemplo, uma área cercada por ilhas e floresta, a maioria das sementes utilizadas no artesanato é do meio ambiente. Fortemente atrelada à questão da sustentabilidade, economia solidária, a produção das biojoias é uma atividade que proporciona não só o sustento de dezenas de famílias, mas o reconhecimento da potencialidade do território amazônico.
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No Pará, a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) é uma instituição pública que atua nos 144 municípios do estado, através da assistência, capacitação e visualização do trabalho dos produtores rurais. “Só em Barcarena temos por volta de 40 famílias assistidas pela Emater. Cada vez mais, mulheres estão buscando a independência, buscando ser fonte de renda própria, já que, muitas vezes, são arrimo de família. E a Emater dá essa assistência, preparo e visualização, além de promover feiras para mostrar às pessoas o trabalho dos produtores. É uma forma de criar oportunidade para eles conhecerem outras formas de venda e negócio”, afirma Cristiane Brito, chefe-local da Emater-Barcarena.
A marca “Ybyrá Biojoias” está no mercado paraense há 6 anos com peças confeccionadas pelas mãos da artesã Maria Dias. As sementes regionais amazônicas são o principal insumo utilizado nos artesanatos, como o açaí, jupati, paxiúba, buriti, tucumã e o olho de boto, além da semente de jarina, natural do estado do Acre. Com tingimento artesanal ou industrial, os colares, pulseiras e brincos ganham um toque próprio, aliando a utilização do material nativo com a arte produzida na Amazônia, mais especificamente, no município de Marituba.
Para o Natal, a artesã já tem recebido encomendas pelas redes sociais, mas ainda espera que os pedidos aumentem ainda mais até a data. “Eu não tenho espaço físico, então todo o meu material é comercializado em feiras e eventos ou pelo Instagram. A gente tem colar, pulseiras, brincos e conjuntos de todos os tipos e materiais, todos estão disponíveis para o Natal. Eu espero vender bastante neste Natal, ainda estarei em uma feira no Ophir Loyola, que é o momento que a gente mais comercializa, mas já tenho recebido algumas encomendas pelas redes sociais”, conta Maria Dias.
Argila e sementes de plantas regionais, como paxiúba, murumuru, inajá, açaí, patauá e a casca da pupunheira, são as matérias-primas do artesanato confeccionado por 46 mulheres artesãs da Associação Natur’Arte, da comunidade do Cafezal, em Barcarena. O trabalho iniciou em 2018, após 13 anos de atividades voltadas à agricultura familiar, no intuito de atender aos anseios de uma parcela de associados que queria explorar as possibilidades de reutilização desses recursos naturais.
Para produzir as peças naturais, a maioria utiliza insumos provenientes das plantações da própria comunidade, o que confere ao artesanato o conceito de sustentabilidade. São as biojoias que garantem o sustento financeiro de dezenas de famílias da região rural do município, além de garantir a autonomia dessas mulheres que, muitas vezes, são chefes de família. Por isso, para o Natal, as artesãs esperam, sim, uma boa venda das peças regionais, uma forma de garantir uma renda extra no final do ano.
“No mês de dezembro, a gente vai estar nos eventos por aí tanto em Belém quanto no interior. Nossas peças são exclusivas e hoje criamos um catálogo com as nossas opções de biojoias, que também contam com madeira reaproveitada e o reaproveitamento de casca de coco. São peças pensadas mesmo na nossa regionalidade. Como moramos em um lugar histórico, procuramos agregar o valor cultural e histórico ao nosso trabalho”, afirmou a coordenadora de empreendedorismo da associação, Esmeralda Cardoso.
COP-30
- A COP-30 será a oportunidade de lucrar ainda mais com a venda das biojoias amazônicas. Isso porque é através das sementes, escamas de peixe e plantas regionais que as artesãs esperam mostrar um pouco sobre a cultura paraense para os visitantes e as autoridades que estarão presentes no evento internacional. Por isso, as artistas já vêm se preparando para atender à projeção de uma alta demanda dos produtos artesanais.
- Para Maria Dias, da Ybyrá Biojoias, o momento é de preparação estrutural da microempresa para o recebimento das demandas, além do investimento em um curso de inglês para se comunicar melhor com os visitantes. “A minha expectativa para a COP é muito alta em todos os sentidos, inclusive com as biojoias. A gente tem participado de palestras do Sebrae e sabemos que as biojoias estão entre as principais apostas dos produtos que vão ser bem vendidos. Então, a gente já tem se preparado e nos organizando para a demanda. Em janeiro, eu, particularmente, já vou começar um curso de inglês porque a visão do mundo vai estar voltada para cá”, disse a artesã.
- Por outro lado, o trabalho desenvolvido pelas mulheres da Associação Natur’Arte já tem marcado presença nos eventos internacionais que antecedem a COP-30. Somente na última participação foram comercializadas 20 peças de biojoias para participantes chineses, que a levaram como lembrança do Brasil. Segundo a coordenadora da associação, os projetos de fomento à bioeconomia e à economia criativa devem ser os principais aliados para envolver mais mulheres na produção dos artesanatos a serem vendidos durante a Conferência das Partes, em 2025.
- “A gente vai fazer uma produção somente para a COP-30, para que a gente tenha peças para vender, inclusive para lojistas. Estamos muito esperançosos porque é um olhar para a nossa natureza, o que temos de mais valioso, a qual é a natureza. Não estamos vendendo só um artesanato, são as nossas sementes, valores, culturas, histórias, horas de dedicação, vivência, trocas, e a alegria de poder ajudar outras mulheres, outras famílias e uma comunidade inteira”, finalizou a artesã Esmeralda.
Serviço
- Ybyrá Biojoias - Marituba
- Instagram: ybybrabiojoias
- WhatsApp: (91) 98588-0260
- Associação Natur’Arte do Cafezal - Barcarena
- Instagram: @natur_art_ pae_e_habitaçao
- Endereço: Rodovia Moura Caralho, bairro do Cafezal - Barcarena
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