A ceratoplastia, que antes parecia um obstáculo quase impossível, tornou-se um caminho mais curto e cheio de esperança para quem sonha em voltar a enxergar.
O tempo de espera por um transplante de córnea no Estado do Pará registra uma redução vertiginosa, passando de mais de quatro anos (48,4 meses), em 2019, para apenas 5,8 meses em 2024, segundo informações do Sistema Nacional de Transplantes, órgão do Ministério de Saúde responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes no país.
O avanço resulta do trabalho conjunto desenvolvido pelo Banco de Tecido Ocular (BTO), do Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém, e demais equipes envolvidas na captação, e do apoio da Central Estadual de Transplantes da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
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Os novos números refletem o impacto positivo de parcerias técnicas, e também da conscientização sobre a importância da doação, permitindo que mais vidas sejam transformadas.
O aumento das doações e a otimização dos processos de captação renovam a esperança para muitos pacientes, que anteriormente aguardavam por longos períodos para serem submetidos ao procedimento. O compromisso dessas instituições garante que mais pacientes possam ter acesso ao tratamento e recuperar não apenas a visão, mas principalmente a qualidade de vida.
Segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), veículo oficial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a quantidade de córneas transplantadas entre janeiro e setembro de 2019, e no mesmo período em 2024, aumentou de 24,7 em cada 1 milhão de pessoas para 65,0.
A mudança de cenário reflete o aumento no número de captações de córneas - 350 no último ano -, que somam 700 córneas doadas, considerando a bilateralidade dos olhos. O Pará ocupa atualmente a 11ª posição entre os estados que realizam esse tipo de transplante, à frente do Mato Grosso, Maranhão, Espírito Santo, Piauí, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rondônia, Alagoas, Amazonas, Tocantins e Acre, e ainda do Distrito Federal.
Recomeçar
O gesto altruísta de uma família doadora resulta diretamente na possibilidade de recomeços, como ocorreu com Fernanda Silva, 27 anos, filha de Sandra Rodrigues, 47 anos. Fernanda nasceu com limitações na fala e na visão. Mas após ser submetida a um transplante de córnea no ano passado, recuperou a visão do olho direito.
“Fiquei extremamente emocionada quando soube que ela faria a cirurgia. Um dos momentos mais marcantes foi quando, durante a consulta, ela olhou para o oftalmologista e disse que ele era bonito. As doações realmente fazem a diferença. Elas salvam vidas e transformam histórias”, contou Sandra.
A Secretária de Estado de Saúde Pública, Ivete Vaz, afirmou que os resultados alcançados são fruto do esforço incansável de todos os envolvidos no processo.
Segundo a titular da Sespa, “o aumento nas captações de córneas é um reflexo do fortalecimento da parceria entre as equipes de saúde e da maior sensibilização das famílias, que têm se mostrado cada vez mais dispostas a contribuir com a doação”.
“Esse avanço representa um importante passo para a saúde pública do nosso Estado. Seguiremos investindo na capacitação de profissionais e em ações de conscientização, para garantir que mais vidas possam ser transformadas por meio da doação de órgãos e tecidos. Nosso compromisso é com a ampliação desse movimento, visando reduzir a fila de espera e proporcionar novas chances para quem precisa", destacou Ivete Vaz.
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Parcerias
Responsável técnico pelo Banco de Tecido Ocular, o médico Alan Costa ressaltou que o trabalho colaborativo e a abordagem estratégica aprimorada em função do BTO foram cruciais para otimizar as doações. O oftalmologista destacou parcerias importantes, como a firmada com o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) e a Polícia Científica do Pará.
“Essas colaborações permitem que tenhamos uma atuação mais ágil e eficiente na captação de tecidos oculares, garantindo que os procedimentos sejam realizados com a máxima segurança e cuidado. Continuamos a investir em treinamentos contínuos e em processos que busquem sempre a excelência, para que cada doação represente uma verdadeira transformação na vida de quem está aguardando por uma chance de recomeçar", disse Alan Costa.
Segundo o diretor-geral do HOL, Jair Graim, “os números são resultado de um trabalho comprometido e humanizado. A cada doação devolvemos não apenas a visão, mas também a esperança e a qualidade de vida para aqueles que aguardam na fila. Nosso objetivo é continuar ampliando essas ações, investindo em treinamento, infraestrutura e campanhas de conscientização, para que mais pessoas possam ser impactadas por esse gesto de solidariedade. Com o apoio do governo do Estado e a dedicação de todos, vamos seguir firmes na missão de salvar vidas e transformar realidades por meio da doação de tecidos oculares”.
Quem pode doar - A doação de córnea pode ser feita após a morte de pessoas entre 2 e 72 anos de idade. Há critérios específicos de exclusão, como pacientes portadores de HIV e dos vírus causadores de Covid-19 e hepatites B e C. Os tecidos oculares podem ser retirados até seis horas após o óbito.
Preservadas, as córneas têm até 14 dias para serem implantadas em um receptor. Para fazer a doação, a família pode entrar em contato com o Banco de Tecido Ocular pelos telefones (91) 3265-6759 e (91) 98886-8159 ou com a Central Estadual de Transplantes pelo telefone (91) 97400-6456.
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