
Proprietários de estabelecimentos que têm o café como acompanhante essencial para completar as delícias oferecidas no cardápio estão resistentes em repassar aos clientes os aumentos no preço do grão. O levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) aponta que 59% dos locais fizeram reajustes abaixo ou apenas acompanhando a inflação, e 32% não conseguiram fazer reajustes nos últimos 12 meses.
Enquanto isso, neste mesmo período, o valor do café moído subiu 50,35%, enquanto o cafezinho servido nos estabelecimentos de alimentação fora do lar aumentou 10,4 9%, de acordo com o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, avalia que a contenção nos preços dentro dos estabelecimentos ocorre porque há uma tentativa do setor de segurar a inflação de forma geral, e no caso do café não é diferente.
“Há uma dificuldade crescente diante das altas seguidas no preço do insumo. Essa variação faz com que, em termos relativos, tomar café em bares e restaurantes tenha ficado mais barato do que consumir em casa”, afirma.
Outro dado, este do (Dieese-PA), aponta que o café está entre os 12 itens da cesta básica que mais subiram de preço. Em janeiro, o quilo do insumo ficou 9,10% mais caro em relação ao mês de dezembro de 2024. O reajuste acumulado chegou a quase 56,00%, percentual quatorze vezes maior que inflação calculada em 4,17% (INPC/IBGE) para os últimos 12 meses.
Everaldo Oliveira, proprietário de uma cafeteria localizada na avenida João Paulo II, no bairro do Curió-Utinga, em Belém, comenta que o café que costuma servir no estabelecimento teve aumento de 50%, mas só consegue repassar 10% do reajuste aos clientes. Para balancear os custos, o reajuste é distribuído em outros produtos de confeitaria.
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“Não tem como repassar o custo total ao cliente. Por exemplo, vendemos o café por R$ 9,90, teríamos que passar a vender por R$ 15,00 e aí não tem como, não é? E os clientes não reclamam do preço, o reajuste vem a passos lentos. Mas a gente, que trabalha com os fornecedores, sentimos que ficou pesado”, pondera.
No bairro da Pedreira, José Cardoso, é proprietário de uma tapiocaria bastante frequentada pelos moradores. Ele conta que o último reajuste no cardápio foi feito no fim do ano passado, e vai segurar até onde conseguir para não perder a clientela. “Não posso aumentar, senão os clientes migram para outro lugar. Posso não estar tendo um bom retorno no café, mas tenho em outros produtos, para mim é importante manter esse cliente aqui, todos os dias”, diz
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