Prefeito Igor Normando faz avaliação de 100 dias de gestão

Há exatos cem dias, Igor Normando, eleito prefeito de Belém, assumiu a administração municipal, em 1º de janeiro, marcando o fim de um jejum de mais de 20 anos do MDB longe da gestão da capital paraense. De lá para cá, o ex-vereador, ex-deputado estadual e ex-secretário de estado, que pela primeira vez vivencia um mandato eletivo para o Poder Executivo, tem tomado uma série de medidas de austeridade para conseguir, ao mesmo tempo, dar conta das despesas do município, saneando problemas urgentes em setores como saúde, educação e segurança, e aumentar a capacidade de investimento às vésperas da COP30, a Conferência do Clima que será sediada em Belém no mês de novembro.

Em entrevista ao DIÁRIO, Normando admite entraves relacionados à falta de transparência na elaboração do orçamento do município para 2025, feito ainda pela gestão anterior, e pontua os desafios de administrar a cidade que vai receber o maior evento de discussão climática do planeta. “Priorizamos reformas administrativas para otimizar os recursos municipais e garantir a eficiência dos serviços públicos. Temos relação estreita e colaborativa com o parlamento municipal, as parcerias com o governador Helder Barbalho (MDB) e o ministro Jader Filho têm sido essenciais para o desenvolvimento de Belém, especialmente em áreas como infraestrutura, mobilidade urbana e habitação. Estamos trabalhando para reavaliar as prioridades, implementar medidas de contingenciamento e buscar alternativas de financiamento”, explica Normando, em breve resumo dessa primeira centena de dias de trabalho à frente da prefeitura. Confira a conversa na íntegra:

Pergunta: Uma de suas metas nos 100 primeiros dias de governo era reorganizar o trânsito da cidade. Acha que conseguiu dar andamento a essa prioridade em meio às obras da COP30, que limitam alguns pontos de muita movimentação, como Tamandaré e Doca?

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Resposta: Desde o início da nossa gestão, priorizamos a reorganização do trânsito de Belém, especialmente considerando os desafios impostos pelas obras da COP30 em áreas de grande movimentação, como as avenidas Tamandaré e Doca. Implementamos parcerias estratégicas, como a colaboração com a Polícia Militar na fiscalização do trânsito, visando aprimorar a mobilidade urbana durante este período de obras intensivas.

Pergunta: Em relação à segurança, uma de suas medidas de maior destaque foi a criação da Segbel, que utiliza as estruturas funcionais da extinta Semob e da Guarda Municipal de Belém (GMB). Tem se mostrado uma decisão correta até agora? Por que? Quais os próximos atos que serão executados pela pasta que o senhor pode antecipar?

Resposta: A criação da Secretaria Municipal de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade de Belém (Segbel) foi uma decisão estratégica para integrar as funções da Guarda Municipal de Belém (GMB) da extinta Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob). Essa integração tem se mostrado eficaz, permitindo uma abordagem mais coordenada na segurança pública e na gestão do trânsito. Entre os próximos passos, destacam-se a implementação do Sistema Municipal de Segurança (Simus) e a intensificação do Programa Olho Vivo, com a instalação de câmeras de videomonitoramento em pontos estratégicos da cidade.

Pergunta: Como está sendo administrar Belém na iminência de uma COP30? Que ações o senhor já conseguiu colocar em prática nesses primeiros 100 dias?

Resposta: Administrar Belém na iminência da COP30 exige um equilíbrio entre as necessidades cotidianas da população e os preparativos para o evento internacional. Nos primeiros 100 dias, priorizamos reformas administrativas para otimizar os recursos municipais e garantir a eficiência dos serviços públicos. Além disso, lançamos o programa “Belém Limpa”, focado na limpeza urbana e na desobstrução de sistemas de drenagem, visando a melhoria da infraestrutura da cidade para receber os participantes da COP30. Criamos ainda o programa “Belém em Ordem”, com ações que visam o cumprimento do Código de Posturas do Município e reforçam a ordem pública, a exemplo das remoções dos cabos irregulares e dos fios inutilizados dos postes da cidade e das retiradas das ruas de veículos estacionados irregularmente em espaços públicos, especialmente em calçadas, ciclovias e ciclofaixas.

Pergunta: Como tem sido sua relação com o parlamento municipal? O que conseguiram efetivar nesses primeiros três meses, além da reestruturação da administração direta?

Resposta: Nossa gestão mantém uma relação estreita e colaborativa com o parlamento municipal. Além da reestruturação da administração direta, conseguimos avançar em projetos de lei que visam à modernização do transporte público e à melhoria da infraestrutura urbana. Essa parceria tem sido fundamental para implementar as reformas necessárias e atender às demandas da população de forma eficaz.

Pergunta: Em relação à saúde, o que o senhor pode falar da experiência do Viradão da Saúde? Pretende, de repente, transformar em política pública para que não deixe de ser realizado até pelas próximas gestões que vierem?

Resposta: O Viradão da Saúde foi uma iniciativa bem-sucedida que ampliou o acesso da população aos serviços de saúde, oferecendo atendimentos médicos, exames e orientações durante um período estendido. A iniciativa da nossa gestão é considerada um marco na saúde da nossa cidade. Já ultrapassamos mil atendimentos em apenas três edições e reduzimos as filas de espera por atendimentos especializados em mais de 50%. Diante dos resultados positivos, estamos avaliando a possibilidade de institucionalizar o programa como uma política pública permanente, garantindo sua continuidade e expansão nas próximas gestões.

Pergunta: O senhor tem divulgado com frequência ações e parcerias realizadas principalmente com o governador Helder Barbalho (MDB) e, em nível federal, com o ministro das Cidades, Jader Filho (MDB). Acredita que esse é um apoio que Belém carece e que deve se manter para além desses primeiros 100 dias? Por que?

Resposta: As parcerias com o governador Helder Barbalho e o ministro Jader Filho têm sido essenciais para o desenvolvimento de Belém, especialmente em áreas como infraestrutura, mobilidade urbana e habitação. A continuidade desses apoios é fundamental para garantir recursos e o suporte técnico necessários ao enfrentamento dos desafios urbanos e ao desenvolvimento sustentável da cidade.

Pergunta: O senhor assumiu uma gestão com um orçamento sobre o qual teve pouquíssimo acesso durante a elaboração. Quais têm sido os maiores desafios de administrar a cidade a partir desse planejamento? Pretende fazer mais algum tipo de contingenciamento de recursos?

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Resposta: A falta de transparência no processo orçamentário anterior apresentou desafios significativos na alocação eficiente de recursos. Estamos trabalhando para reavaliar as prioridades, implementar medidas de contingenciamento e buscar alternativas de financiamento, garantindo que os investimentos sejam direcionados às áreas mais críticas e alinhados às necessidades da população.

Pergunta: Na educação, há uma série de ações implementadas até agora, passando por investimentos de milhões em reformas, modernização de escolas em funcionamento, capacitação de servidores do setor e outros. Em três meses de gestão, qual o raio-x que o senhor pode fazer da educação pública municipal?

Resposta: Em três meses de gestão, conseguimos implementar investimentos significativos na educação pública municipal, incluindo reformas estruturais, modernização de escolas e capacitação contínua de servidores. Essas ações visam melhorar a qualidade do ensino, promover a inclusão digital e assegurar um ambiente escolar mais acolhedor e eficiente para os alunos e educadores.

Pergunta: Neste momento, qual sua expectativa em relação à arrecadação que Belém terá como efeito da COP30, seja no turismo, nos serviços? Acredita que fará a diferença no orçamento do próximo ano?

Resposta: A expectativa é de que a COP30 atraia um número significativo de turistas e investidores, impulsionando setores como turismo, hotelaria, comércio e serviços. Esse incremento na atividade econômica deverá refletir positivamente na arrecadação municipal, contribuindo para o orçamento do próximo ano e possibilitando investimentos adicionais em áreas prioritárias.

Pergunta: Estamos ainda enfrentando um período de chuvas e não tivemos grandes alagamentos como costumamos ver no início de cada ano. Ao que o senhor credita esse feito?

Resposta: A ausência de grandes alagamentos durante o período chuvoso pode ser atribuída às ações preventivas implementadas, como a limpeza e desobstrução de canais e bueiros, além do planejamento urbano focado na drenagem eficiente. Essas medidas têm contribuído para a redução dos impactos das chuvas, garantindo maior segurança e qualidade de vida para os cidadãos.