
Com a crescente tensão política entre Brasil e Estados Unidos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, rumores sobre possíveis sanções voltaram a circular, e um deles causou alarde: a hipótese de o governo norte-americano bloquear o sinal de GPS no Brasil como forma de retaliação.
Apesar da intolerância do presidente americano, Donald Trump, que já impôs o tarifaço de 50% às exportações ao governo brasileiro, o impacto imediato da ideia, segundo os especialistas, é que ela não se sustenta nem técnica e nem estrategicamente.
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Criado originalmente para fins militares, o Sistema de Posicionamento Global (GPS) é hoje uma tecnologia de uso civil essencial para setores como transporte, telecomunicações, agricultura de precisão e serviços urbanos. Um possível desligamento do sistema apenas para o Brasil, além de inédito, seria extremamente difícil de implementar e prejudicial inclusive para os próprios Estados Unidos.
“Não faz sentido desligar o GPS. Teriam que programar os satélites para ignorar toda a América do Sul, o que impactaria diversos países e comprometeria a aviação e a navegação”, explica Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. Ele classifica a ideia como tecnicamente inviável e contraproducente.
Segundo Diogo Cortiz, professor da PUC-SP, mesmo que houvesse uma perturbação momentânea, os países rapidamente buscariam alternativas. “No médio e longo prazo, isso só fortaleceria sistemas como o europeu Galileo, o russo Glonass e o chinês BeiDou”, afirma.
Marcelo Zuffo, da Escola Politécnica da USP, também considera o cenário "esdrúxulo" e lembra que nem mesmo a Coreia do Norte, em conflito direto com os EUA, teve o sinal de GPS cortado.
Ainda de acordo com o especialista, o debate abre uma oportunidade para o Brasil retomar projetos de autonomia tecnológica, como a criação de um sistema nacional de geolocalização.
Além de prejudicar usuários comuns, de motoristas de aplicativo a agricultores, o desligamento seletivo afetaria diretamente centenas de empresas norte-americanas que operam no país e dependem da tecnologia.
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Mesmo diante da especulação, o governo dos EUA não fez qualquer pronunciamento oficial. Enquanto isso, especialistas recomendam cautela com informações alarmistas e reforçam: o GPS é um sistema global e gratuito, cuja lógica de funcionamento depende justamente de sua cobertura mundial.
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