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GENEROSIDADE E EFICIÊNCIA

Abelardo Santos em menos de 1 mês acelera transplantes

Em apenas 20 dias, oito doações de órgãos foram realizadas na unidade, graças à decisão de famílias que transformaram a dor do luto em esperança para quem aguarda por um transplante.

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Imagem ilustrativa da notícia Abelardo Santos em menos de 1 mês acelera transplantes camera Oito captações em um mês reforçam Hospital Abelardo Santos referência em transplantes no Pará. | Diego Monteiro/Agência Pará

A morte é um tema difícil de encarar, ainda mais quando se trata da despedida repentina de um ente querido. Mas, em meio à dor do luto, algumas famílias encontraram uma forma de gerar vida - e esperança. Em apenas 20 dias, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em Icoaraci, distrito de Belém, protagonizou oito captações de órgãos, reforçando seu papel como centro de referência na doação de rins e fígado no estado do Pará.

O resultado expressivo é fruto de um trabalho conjunto entre equipes multiprofissionais, apoio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e, sobretudo, da generosidade das famílias que autorizaram as doações. "Oito pessoas tiveram uma nova oportunidade. É um processo minucioso, mas também muito nobre. Cada doação carrega consigo uma trajetória, uma família e uma escolha que transforma a realidade de quem aguarda por um transplante", destaca a enfermeira Dejenane Costa, presidente da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HRAS.

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Segundo a enfermeira, a doação representa mais que um ato de salvar vidas. "A doação de órgãos não é apenas sobre salvar vidas, é sobre transformar a dor em esperança", afirma. Dejenane ressalta ainda a importância do diálogo em família sobre o tema. "Essas famílias entenderam que, mesmo no momento mais difícil, é possível fazer a diferença. Por isso, conversar sobre seu desejo de doar os órgãos ainda em vida com a família é essencial, pois quem decide e autoriza a doação são os familiares de primeiro grau".

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PROTOCOLOS RIGOROSOS

O procedimento segue rigorosos protocolos do Ministério da Saúde, incluindo exames clínicos e a confirmação de morte encefálica. A Central Estadual de Transplantes (CET), vinculada à Sespa, coordena o processo para garantir eficiência e segurança em todas as etapas.

Os resultados do HRAS refletem um panorama mais amplo de avanços no estado. Entre 2022 e 2024, o Pará registrou crescimento de 130% nas ações relacionadas a transplantes. Foram 1.512 procedimentos no período, sendo a córnea o tecido mais demandado. O número de captações saltou de 272 em 2022 para 627 em 2024.

INVESTIMENTO COM RESPONSABILIDADE

Para o coordenador da CET, Dr. Alfredo Abud, esse avanço mostra que o estado está investindo com responsabilidade. "A integração entre a Central de Transplantes, comissões intra-hospitalares e equipes multiprofissionais garante agilidade, segurança e qualidade em todo o processo. Os números mostram que estamos no caminho certo, com investimentos em estrutura, capacitação e sensibilização da rede", declarou.

Mesmo com os avanços, os desafios persistem. Em 2024, dos 17 pacientes considerados potenciais doadores no HRAS, apenas dois resultaram em doações efetivas - uma taxa de recusa familiar de 88,23%. O índice é reflexo de barreiras culturais e da falta de informação.

RESISTÊNCIA DAS FAMÍLIAS AO TRANSPLANTE

O enfermeiro e vice-presidente da CIHDOTT, Daniel de Freitas, aponta diversos fatores que contribuem para essa resistência. "Em muitos casos, a família desconhece a vontade do falecido em ser doador, o que gera insegurança e resistência no momento da decisão. A falta de informação sobre o processo de doação e transplante, além de mitos e desconfianças sobre a integridade do corpo, também pesam", explica.

A questão religiosa também surge como entrave. "Embora a maioria das religiões não se oponha à doação de órgãos, muitas famílias interpretam a prática como um desrespeito ao corpo ou têm receio de interferir na despedida. Diante desses e outros fatores, o Hospital Abelardo Santos tem intensificado as campanhas de conscientização para que possamos mudar essa realidade", complementa Daniel.

CENÁRIO NACIONAL

O quadro local acompanha o cenário nacional. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), mais de 40% das doações em potencial são barradas pela negativa dos familiares. E isso impacta diretamente a vida de mais de 43 mil pessoas que aguardam um transplante no Brasil.

Por isso, a orientação dos especialistas é clara: é essencial conversar com a família. Mesmo que o desejo de doar esteja registrado em algum documento, a legislação brasileira exige a autorização de parentes de primeiro grau para efetivar o processo.

"Quanto mais pessoas conseguirmos sensibilizar sobre a importância da doação de órgãos, ampliamos a possibilidade daqueles pacientes que aguardam por um órgão de, enfim, vivenciar o momento do transplante. Então o nosso objetivo é fazer com que essa família entenda a importância do processo e saia daqui como replicadora desse ato de amor", afirma a enfermeira Lucinéia Veloso, da CIHDOTT.

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