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TURISMO DE AVENTURA

"Negligência foi fatal para Juliana Marins", avalia paraense especialista em turismo

DIÁRIO conversou com a empreendedora paraense Izabelle Araújo, que divulgou vídeo chamando à empatia para com viajantes solo e criticou a assistência insuficiente para turistas.

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Imagem ilustrativa da notícia "Negligência foi fatal para Juliana Marins", avalia paraense especialista em turismo camera Juliana Marins foi encontrada morta ontem. Sua história comoveu o país e levantou discussões sobre as circunstâncias em que perdeu a vida. | Reprodução

A série de - discutíveis - ocorrências que terminou com a confirmação de que a viajante e publicitária brasileira de Niterói (RJ), Juliana Marins, de 26 anos, foi deixada para morrer após cair em um penhasco na trilha do Monte Rijani, na Indonésia, no sudeste asiático, no último dia 20, comoveu pessoas do mundo inteiro. Em especial, os entusiastas por roteiros de aventura, que agora enfrentam a realidade de que mesmo os destinos mais conhecidos pelas possibilidades turísticas estão deixando de lado a parte que realmente garante o sucesso do passeio: a segurança.

Jornalista de formação, a empreendedora Izabelle Araújo abriu em Belém, no ano de 2021, uma agência especializada em turismo seguro para mulheres e roteiros personalizados. Ontem, 24, dada a confirmação de que Juliana não havia resistido às dificílimas condições climáticas no local por onde esperou sozinha, passando frio, fome e sede, por quatro dias para ser resgatada, publicou um vídeo em tom de desabafo, mas também de críticas aos ataques direcionados à jovem turista, de quem a expõe como se ela tivesse escolhido aquele destino fatal.

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“Hoje é um dia muito difícil para ser uma mulher e uma mulher viajante. Estamos com o coração entristecido de saber que nossa viajante brasileira e irmã, Juliana, foi encontrada sem vida, após um longo processo marcado por muito descaso. Foi um show de horrores, uma pessoa que foi deixada para morrer. Mentiras do governo indonésio, falta de estrutura, descaso de um país tão turístico, tudo isso levou à passagem da Juliana e fazendo o que ela mais amava: viajar”, diz Izabelle no vídeo publicado no perfil da agência.

Em entrevista ao DIÁRIO, ela confirma que este caso não deixa dúvida sobre uma coisa que já era recorrente, visto que, de acordo com publicações na imprensa, foram 180 acidentes e oito mortes nos últimos cinco anos na área onde Juliana fazia o passeio, mas quase nada era divulgado. A diferença é que agora foi com uma brasileira, e se tem uma coisa que brasileiro tem é engajamento em rede social - e isso garantiu a projeção nacional do que aconteceu.

“E são países muito procurados para o turismo, mas quando você chega e se depara com as condições, tudo é muito precário. Vi o relato de uma brasileira que morou na Indonésia e foi fazer nado com tubarões. E era um barco pequeno e um barqueiro gritando para ela pular, sem nada de proteção. Então se acontecesse algo com ela, o que ela poderia fazer? Não se sabe. Quando a gente viaja e verifica o padrão de alguns países, a gente vê que temos sorte de ter no Brasil uma atenção à segurança que não se vê em outros locais”, atesta.

Ainda no vídeo, Izabelle apela por empatia e respeito, e lembra que o que Juliana fazia, um “mochilão” pelos países asiáticos, é o sonho de muitas mulheres. “De maneira nenhuma, em todo esse processo, ela deve ser culpada ou questionada por realizar um sonho. A meu ver, ela foi muito corajosa só de sair de casa, de decidir investir em seu autoconhecimento. Infelizmente, se deparou com, além dos desafios do próprio passeio, a negligência, o descaso e a falta de humanidade de um país”, pontua.

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CONSCIENTIZAÇÃO

Ao mesmo tempo, a empreendedora avalia que o legado de Juliana Marins também passa pela conscientização de que é importante ser solidário a viajantes solo, em qualquer lugar do mundo, ainda mais se forem mulheres.

“Que a gente possa tirar desse episódio uma lição: ajudem outras mulheres que estejam viajando sozinhas, não deixem ficar na insegurança. Se você estiver viajando, seja só, seja com família, e vir uma mulher sozinha, fale com ela, faça amizade, às vezes é só o que a gente precisa para se sentir segura em uma viagem solo, que por si só já é muito desafiadora”, recomenda.

“Da próxima vez que você encontrar uma viajante sozinha, parabenize-a pela coragem, porque não é fácil. Não a julgue, porque ela já foi muito julgada. Se disponibilize a ajudar, seja a mão que acompanha esse sonho, dê um sorriso, um alento, um contato, empreste o celular, enfim. A gente precisa se ajudar nesse mundo, somos nós por nós. Força para todas, e não vamos deixar de viajar, de tomar esse mundo, que também é nosso”, reforça Izabelle na mensagem.

“Não faça em outro lugar o que você não faria no Brasil”

Izabelle Araújo analisa que, à medida que mais publicações sobre experiências turísticas, especialmente em redes sociais, como Tik Tok, são compartilhadas, mais viável ficou planejar um roteiro de viagem com bases em expectativas controladas e reais - seja em questões de segurança, atrações, gastos. E também tem aumentado o número de empresas como a dela, que se dedicam a ajudar esse público.

“É nítida a tranquilidade que vejo na cliente de ter com quem contar, mesmo a distância. Saber que tem como pegar o telefone e pedir ajuda, é nossa missão prover isso. Diante de tanta informação, a mulher está mais atenta e procurando se precaver mais. Eu recomendo sempre: não faça em outro lugar o que você não faria no seu país. Ok, o Brasil é perigoso, mas não é porque você está em outro lugar que entrou no ‘Mundo de Alice’. É preciso os mesmos cuidados ou mais, ainda mais se for uma cultura muito diferente - países islâmicos por exemplo, onde há comportamentos diferenciados em relação à vestimentas, andar desacompanhada”, detalha.

Apesar do que houve com Juliana Marins, a empreendedora entende que a tendência é de mais mulheres investindo em realizar roteiros turísticos em diferentes destinos, já que hoje o perfil, especialmente das jovens 20+, prioriza a realização pessoal.

“Mulheres estão se preparando mais, porque estão em melhor situação financeira hoje em dia. Mulheres a partir dos 25 optam mais pela carreira e ganhos pessoais do que por constituir família, então têm dinheiro para viajar, tudo isso influencia e assim se viaja mais”, relaciona.

SEGURANÇA

Ela inclusive compartilha que está guiando um grupo que está no vizinho Peru, que decidiu por comprar um passeio na Laguna Humantay, próximo à cidade de Cusco, onde a trilha é bem íngreme e o percurso pode ser feito à pé ou de cavalo. Mesmo após a compra feita pela agência, a operadora responsável pela experiência entrou em contato avisando que a programação não era mais recomendada por conta das fortes chuvas que estão caindo naquela região.

“Falaram que a prioridade é segurança e sugeriram outros passeios. Colocaram a segurança em cima do lucro. E isso foi o que a Juliana não teve, além do completo despreparo. Todo guia sabe que ninguém fica para trás, é mandamento número um que faça esse trabalho, seja de trilha, de passeio, e isso foi desobedecido”, reforça.

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