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VAREJO SUSTENTÁVEL

Aterro de Marituba transforma toneladas de lixo em energia

Estrutura opera com sistemas avançados de impermeabilização, tratamento de chorume e geração de energia com biogás. Confira!

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Imagem ilustrativa da notícia Aterro de Marituba transforma toneladas de lixo em energia camera A série Varejo Sustentável está de volta e na próxima matéria desta edição iremos destacar o funcionamento dos aterros sanitários. A ideia da matéria é explicar, como funciona um aterro. | (Foto: Irene Almeida / Diário do Pará

Quando a média de 1.500 toneladas de lixo chega diariamente ao Aterro Sanitário de Marituba, tem início um processo criterioso de gestão para que esses resíduos sejam corretamente acondicionados. Para receber esse lixo doméstico coletado nos municípios de Belém, Ananindeua e Marituba, o local foi preparado, seguindo as especificações do projeto de engenharia, para proteger o solo, assim como para extrair o chorume e o biogás gerados pelos materiais descartados de forma segura, reutilizando os produtos dos tratamentos.

O diretor da Guamá Tratamento de Resíduos, Reginaldo Bezerra, explica que um aterro sanitário é, antes de tudo, uma obra de engenharia civil pensada para impermeabilizar a área que irá receber os resíduos vindos das residências. “É feita toda a preparação do terreno, a terraplenagem, como se faz em uma estrada, como se faz em qualquer empreendimento. Então, é uma obra de engenharia civil, realmente”.

Diretor da Guamá Tratamento de Resíduos, Reginaldo Bezerra.
📷 Diretor da Guamá Tratamento de Resíduos, Reginaldo Bezerra. |(Foto: Irene Almeida / Diário do Pará

Após a terraplenagem, para evitar a contaminação do chorume no lençol freático, coloca-se uma camada de 60 cm a 80 cm de argila compactada no terreno. Por cima dessa camada de argila compactada é adicionada uma manta de polietileno (um tipo de plástico de alta densidade) de 2 mm de espessura e que é completamente impermeável. Depois da manta de polietileno, se coloca um material chamado de geotêxtil, que tem como função proteger a manta e evitar que ela fure ou rasgue. Por fim, após a manta geotêxtil, é colocada mais uma camada de 60 cm de argila compactada por cima. Somente depois de toda essa proteção, é que o lixo pode ser depositado. “Então, é zero a possibilidade de infiltração do chorume no solo e, consequentemente, no lençol freático. Inclusive, a impermeabilidade dessas mantas é testada em laboratórios especializados nos Estados Unidos para que, de fato, se anule qualquer possibilidade de ter um furo”.

Além dessa impermeabilização, no local também foi montado um sistema de drenagem com tubos altamente resistentes e que são perfurados para receber e escoar o líquido e o gás gerados naturalmente pelo lixo. Existe a drenagem horizontal, que capta o chorume, e a vertical, que drena os gases.

Para que toda essa estrutura seja possível, Reginaldo explica que o aterro sanitário de Marituba demanda a atuação de uma equipe de engenheiros. “Envolve a engenharia civil na elaboração e na execução das obras; engenheiros mecânicos que são demandados pela grande quantidade de maquinários utilizados no aterro; engenheiros eletrônicos que atuam no processo de monitoramento eletrônico; engenheiros químicos que atuam no tratamento de chorume e, ainda, engenheiros ambientais e engenheiros florestais que são demandados porque todo aterro sanitário precisa ter uma cortina de proteção vegetal em seu entorno”, enumera. “É um complexo de engenharia”.

Disposição do lixo

Com essa estrutura preparada, é possível iniciar o processo de disposição do lixo no aterro sanitário. O diretor da Guamá Tratamento de Resíduos explica que todo o lixo que chega no aterro sanitário de Marituba é proveniente de clientes devidamente cadastrados e com contrato com a empresa. Dessa forma, há um registro da origem desse lixo, em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê a responsabilidade sobre o tipo de resíduo que entra no aterro.

Há um registro da origem desse lixo, em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê a responsabilidade sobre o tipo de resíduo que entra no aterro.
📷 Há um registro da origem desse lixo, em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê a responsabilidade sobre o tipo de resíduo que entra no aterro. |(Foto: Irene Almeida / Diário do Pará)

Isso porque os resíduos são classificados de acordo com classes normativas e, portanto, um aterro só pode receber resíduos classificados para a classe que ele está autorizado a operar.

“Esse aterro [de Marituba] é para resíduos que são denominados pelas normas como de Classe II-A, que são os resíduos não perigosos. A Classe II-A são resíduos sólidos domiciliares, resíduos orgânicos, os resíduos das residências. A Classe II-B, por exemplo, já são resíduos inertes, como os resíduos da construção civil. Mas aqui em Marituba nós só recebemos o Classe II-A, o lixo doméstico que o caminhão coleta nas residências”, explica Reginaldo Bezerra.

Dessa forma, quando o caminhão entra na portaria do aterro sanitário, primeiro se confirma que o veículo é cadastrado para que, somente após essa checagem, seja liberada a sua entrada. Ele é pesado ainda cheio e, em seguida, é encaminhado para o local de descarga. Lá, o motorista do caminhão é orientado a fazer a manobra e descarregar o lixo. Nesta etapa, um funcionário do aterro sanitário faz uma vistoria visual para confirmar que o tipo de resíduo que está sendo descarregado é compatível com o declarado na documentação. Depois que o caminhão descarrega, ele se direciona à saída e passa pela balança novamente, para que se verifique o seu peso agora vazio. A partir dessas informações, se consegue calcular a quantidade de lixo deixada no aterro por cada caminhão que chega.

Com o processo natural de decomposição do lixo, há a geração do chorume e de gases. Esses resíduos são monitorados e coletados dentro do aterro sanitário para que sejam tratados.
📷 Com o processo natural de decomposição do lixo, há a geração do chorume e de gases. Esses resíduos são monitorados e coletados dentro do aterro sanitário para que sejam tratados. |(Foto: Irene Almeida / Diário do Pará)

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O resíduo deixado pelo caminhão no local de descarga é devidamente aterrado, sendo recoberto por terra. Em seguida, uma nova camada de lixo pode ser recebida. Esse processo se repete até que se chegue à cota final. “Se coloca uma camada de lixo e quando chega uma determinada altura, em torno de 1 metro, cobre-se com terra. Depois, faz-se uma nova camada de lixo, depois de terra, recobrindo diariamente para a redução do odor, que é o que incomoda, é o principal impacto”, explica Reginaldo.

Com o processo natural de decomposição do lixo, há a geração do chorume e de gases. Esses resíduos são monitorados e coletados dentro do aterro sanitário para que sejam tratados. “Essa é outra grande diferença de aterro sanitário para lixão. No aterro sanitário, esse líquido e esse gás têm que ser captados. Se o líquido ficar represado ali, as camadas podem desmoronar com o peso. Já o gás represado pode incendiar”.

Chorume é tratado com alta tecnologia

Na Guamá Tratamento de Resíduos, o chorume é tratado em uma estrutura montada dentro do espaço do aterro sanitário de Marituba. Os drenos horizontais instalados no aterro direcionam o chorume para grandes reservatórios, formando uma lagoa de chorume. Da mesma forma que o aterro, esses reservatórios são impermeabilizados para não permitir que o chorume ali depositado infiltre no solo. Das lagoas, esse líquido é direcionado para ser tratado em dois sistemas diferentes, seja por osmose reversa, seja em uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). “Eu tenho cinco máquinas chamadas de osmose reversa, que são filtros que pegam todo o chorume e faz um processo riquíssimo de separação, onde ele separa a parte mais sólida, de um líquido que é chamado de água de reuso e que eu direciono para outras lagoas. Além do processo de filtragem, durante o processo de osmose também são usados componentes químicos para tratar esses líquidos e gerar essa água de reuso que não tem contaminantes”, explica. “Além desse sistema, há dois anos nós investimos R$40 milhões e implantamos uma Estação de Tratamento de Efluentes, onde é feito um processo físico, químico e biológico”.

Na ETE, o chorume passa por todo o sistema convencional de uma estação tratamento, com floculação, decantação e adição também de produtos químicos no tratamento. “Daqui, eu levo para umas lagoas com processo biológico de aeração. Cumprido esse ciclo, a água está tratada e pode ser usada para lavar veículos, lavar pisos, lavar banheiros, pode molhar plantas, pode umectar vias por causa da poeira”.

Já o gás que é captado pelos drenos verticais é direcionado para uma central de tratamento de gases. Nessa central, uma parte dos gases são direcionados para uma chaminé gigante chamada Flare, uma tecnologia importada da Itália, onde é queimada. Essa queima, pura e simples, transforma o gás metano – que é um Gás de Efeito Estufa – em gás carbônico. E o gás carbônico, por fim, pode ser emitido para a atmosfera.

A outra parte dos gases são usados para gerar energia elétrica, em uma usina termoelétrica montada também dentro do aterro sanitário e cuja energia abastece toda a atividade operacional do aterro, gerando ainda um excedente que é lançado na rede da concessionária de energia. Através da queima, além de contribuir com o meio ambiente transformando o metano em gás carbônico, o processo ainda possibilita que a empresa comercialize créditos de carbono. “O aterro sanitário é o método mais eficaz e econômico para tratamento de resíduos no mundo inteiro. A maior parte dos resíduos produzidos nos Estados Unidos da América vão para aterros sanitários. Na Europa muitos países também destinam para aterros sanitários como, por exemplo, França, Portugal, Espanha. Um aterro bem operado não contamina o meio ambiente”.

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