Chegadas e partidas: as emocionantes histórias no Terminal Rodoviário de Belém

Inaugurado no início dos anos 70, o Terminal Rodoviário de Belém, no bairro de São Brás, surgiu após a desativação da antiga estação ferroviária que abrigava os trens que ligavam a capital à cidade de Bragança, nordeste paraense. O fechamento definitivo ocorreu na década de 60, quando o regime militar considerou as instalações obsoletas, abrindo espaço para a construção de um terminal voltado para ônibus.

Além dos guichês de vendas de passagens, o local abriga histórias de passageiros, funcionários e pessoas em geral que acompanham as idas, vindas e a evolução no setor rodoviário.

Segundo a Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico em Belém (Sinart), responsável pela operação do Terminal, em média 3.240 pessoas transitam no espaço por dia e 153 pessoas trabalham no local. Uma delas é a jovem Thayane Leão, de 23 anos, atendente em um quiosque próximo da área principal de entrada e saída.

“O horário maior é de manhã. Dá uma acalmada e depois das 17h aumenta de novo, é sempre assim”. Entre uma chegada e outra, o local é o ponto de encontro dos passageiros que aproveitam para tomar uma cervejinha e relaxar após a viagem.

Os embarques passam de 2 mil e o número de desembarques chega a 1.030 diariamente, de acordo com a Sinart. Fátima Melo, por exemplo, usa o Terminal mensalmente, vinda de Cametá, cidade do nordeste paraense. Ao desembarcar, ela era esperada pela sobrinha, encarregada de buscar a tia nas idas e vindas.

“Ela vem me ajudar a buscar o mapará, o açaí e a farinha”, brinca. “A mala vem sempre cheia com as comidas aqui da região, que não podem faltar”, afirma. Cametá é um dos destinos mais procurados no Terminal, sobretudo durante as férias escolares e feriados prolongados.

Mesmo com a concorrência de outros meios de transporte que se popularizaram nas últimas décadas, como as vans e carros particulares, a procura pelos ônibus permanece. “Em julho, dezembro e janeiro, aumenta a demanda de clientes para longos destinos: passageiros que moram no sul vem visitar a família no Pará e quem está aqui vai visitar a família no sul”, explica o supervisor da empresa de transportes Satélite, Ubirajara Mendes. Já em setembro e outubro, a movimentação entre as cidades paraenses fica intensa por conta do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

E não basta oferecer a rota. O desafio para manter a busca por passagens passa pela modernização e facilidade na hora da compra. “Hoje as empresas rodoviárias estão adotando um sistema parecido com as áreas, onde o consumidor pode garantir o melhor preço de passagens se comprar com alguns meses de antecedência”, pontua Mendes.

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Conforto

A encarregada da Satélite no Terminal, Regiane Cardoso, esclarece que o conforto é o que garante a escolha do ônibus como opção para viagem. “Não se viaja somente sentado, como antigamente. Hoje é possível comprar um leito cama, onde o passageiro vai deitado, como se fosse uma cama mesmo, com cortina de privacidade e wi-fi”.

Um relatório do governo estadual datado de 1971, logo após a inauguração do Terminal, aponta que no pavimento térreo havia “28 lojas comerciais, lanchonete, restaurante, guarda-volumes e sanitários públicos”. Além desses estabelecimentos, ao lado do Terminal, autônomos aproveitam as idas e vindas para garantir a renda familiar. Dorival Silva, 72, tem um box de venda de mochilas, bolsas e acessórios para celular. “Estou aqui somente há 45 anos”, brinca. “Passa muita gente do interior do Pará, de Araguaína, esses lugares todos por aí”. A presença de Dorival no espaço se confunde com a história do Terminal e da cidade: “já vi prefeitos, governadores e muita gente. Sempre tirei meu sustento daqui”, afirma.

Os registros históricos da década de 1970 definem o espaço como “núcleo de concentração turística, em perfeita consonância com o crescimento vertiginoso da metrópole da Amazônia”. O documento afirma ainda que a rodoviária une a capital a importantes centros urbanos e produtores, “como os que se estendem ao longo da Zona Bragantina” e é um “ponto de partida dos ônibus para Brasília”.

De lá pra cá, a vocação de fazer uma conexão com o estado permanece. De São Brás, é possível partir e chegar de rotas para cidades em diversas regiões do Pará e do Brasil, operadas por diferentes empresas e com variações no tipo de acomodação e horários.

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A rodoviária conta com lojas que oferecem souvenirs, acessórios para viagem, além de serviços de lanchonete, restaurante, barbearia, farmácia e doceria. O Balcão de Informações está localizado em frente aos banheiros. O serviço funciona 24 horas, oferecendo atendimento ao público; venda de tarifas de embarque (taxa de acompanhante) e recebimento dos serviços de estacionamento, achados e perdidos e sanitários.