
O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) investiga um possível esquema de corrupção que teria movimentado ao menos R$ 7 milhões em propina na Prefeitura de Ananindeua. O centro das investigações é o prefeito Daniel Santos, suspeito de liderar uma organização criminosa voltada para fraudes em licitações, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
Segundo o MPPA, ele é investigado pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro nas esféras público e privada. A apuração faz parte de um extenso inquérito criminal que envolve ainda secretários municipais, servidores da área de licitação e empresários beneficiados com contratos milionários com o município.
Leia também:
- Daniel Santos e mais: entenda quem é quem no esquema da Prefeitura de Ananindeua
- Daniel Santos amplia patrimônio no Ceará com imóvel milionário e suspeita
- Vizinho de Daniel é peça-chave em esquema de corrupção em Ananindeua
R$ 5,6 milhões só para o prefeito
Segundo relatório do MPPA, Daniel Santos teria recebido R$ 5.680.735,00 em propinas, pagas por meio de empresas contratadas pela própria Prefeitura, entre os anos de 2022 e 2024. Os pagamentos ilegais teriam sido usados para quitar parcelas de um avião particular, comprar máquinas agrícolas, combustível para fazendas, além da aquisição de imóveis rurais em nome de terceiros.

Entre as empresas apontadas como financiadoras estão:
- R. Souza & Cia Ltda
- DSL Construtora
- Edifikka Construções
- Everest Empreendimentos
- Martins Engenharia
- JR P. Investimentos
- Altamed Distribuidora de Medicamentos
Todas essas empresas mantêm contratos com a Prefeitura ou integram o mesmo grupo societário de investigados.
Empresários e servidor também receberam
O empresário Danillo Linhares, sócio da Edifikka e da DSL Construtora, aparece na investigação como responsável por R$ 1.787.000,00 em propinas pagas. Ele teria utilizado as próprias empresas para beneficiar o prefeito e pagar vantagens indevidas a servidores municipais.
O servidor Manoel Palheta Fernandes, integrante da Comissão Permanente de Licitação da Prefeitura, aparece como beneficiário direto de ao menos R$ 13.000,00 em transferências bancárias suspeitas. Em mensagens interceptadas, Palheta admitia “viver de comissões”.
Outros investigados, como o empresário João Alfredo de Melo Martins Júnior, da Martins Engenharia, também constam nos relatórios do MP como responsáveis por pagamentos que totalizam R$ 284.000,00 em propinas.

Pagamentos fracionados e triangulados
Os valores foram repassados em forma de transferências bancárias, cessões de crédito, e compras indiretas, ocultando a origem ilícita e dificultando o rastreamento. Segundo o MPPA, a estratégia envolvia triangulação entre empresas e laranjas, com recursos transitando por contas de terceiros até chegarem aos bens de interesse do prefeito.
“Há um conjunto robusto de elementos que indica o pagamento de vantagens indevidas ao prefeito municipal, com finalidade de manter contratos ou obter novos favorecimentos junto à administração”, afirmou o órgão.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar