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ECONOMIA

Entenda como o tarifaço dos EUA pode impactar a economia paraense

Estudos conduzidos pela Fiepa apontam que a sobretaxa de até 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros deverá causar um impacto moderado nas exportações paraenses

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Imagem ilustrativa da notícia Entenda como o tarifaço dos EUA pode impactar a economia paraense camera O Pará representa, sozinho, 87% da exportação nacional de pargo. Abaixo, o presidente norte-americano Donald Trump | Eric Grafman/USCDCP

O novo pacote tarifário imposto pelos Estados Unidos, com alíquota adicional de 40% sobre produtos brasileiros (10% já vigoravam desde abril), começou a valer no último dia 6 de agosto de 2025, e já projeta um impacto sobre a economia do Pará, um dos principais exportadores da Amazônia. A medida, que impõe um grande desafio à economia paraense, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, atinge em cheio os setores de agroindústria, exportação de madeira, pesca e mineração.

Apesar da apreensão, estudos conduzidos pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), através do seu Centro Internacional de Negócios (CIN) e do Observatório da Indústria, apontam que a sobretaxa de até 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros deverá causar um impacto moderado nas exportações paraenses.

O alívio vem das quase 700 isenções concedidas, que excluem da taxação produtos vitais da pauta local, como alumina calcinada, ferro fundido bruto e alumínio não ligado — responsáveis, juntos, por quase 53% das vendas do Pará ao mercado americano.

Mesmo com essas exceções, os produtos afetados ainda podem sofrer uma queda de 20,1% no volume exportado ao mercado dos EUA, o que se traduz em uma retração de aproximadamente 1,1% nas exportações totais do estado. Em termos econômicos, o impacto estimado no PIB paraense é de R$ 403 milhões.

A medida, que impõe um grande desafio à economia paraense, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump
📷 A medida, que impõe um grande desafio à economia paraense, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump |Reprodução

Em um cenário mais extremo — caso não existissem isenções — a Fiepa calcula que as perdas poderiam alcançar os 2,81% das exportações, com queda de R$ 973 milhões no PIB estadual e contração da expectativa de crescimento econômico para 3,22%.

Alex Carvalho, presidente da Fiepa, destaca que, embora essas isenções aliviem o impacto imediato, o alerta permanece aceso. Muitas indústrias paraenses dependem quase exclusivamente dos produtos ainda tributados, o que pode afetar empregos e empresas inteiras.

“Precisamos compreender melhor, mesmo dentro desses 20% de itens que não foram isentos, como isso vai se refletir na geração de empregos e no número de empresas afetadas. Algumas dessas empresas têm quase 100% de suas exportações concentradas justamente nos produtos que continuam sendo tarifados”, destacou o presidente.

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PESCADO

O Pará é hoje o estado líder nas exportações de pescado, com participação de 21,3% no total nacional, seguido por Ceará (14,8%) e Paraná (11,5%). De janeiro a junho de 2025, o Pará exportou aproximadamente 3.671 toneladas de pescado, somando US$ 32,5 milhões em vendas. Desse total, US$ 12 milhões foram destinados aos EUA — ou seja, 36,9% do volume exportado — posicionando o país como o segundo maior destino das exportações locais, logo atrás de Hong Kong.

Mesmo com crescimento de 8,2% nas vendas destinadas aos Estados Unidos em relação ao mesmo período do ano anterior, a imposição de sobretaxas ameaça reverter esse avanço e prejudicar uma fatia relevante da receita do setor.

Apoliano do Nascimento, presidente do Sinpesca, acrescenta que esse “tarifaço” impõe um novo obstáculo à competitividade internacional do pescado do Pará. Com margens já apertadas, os produtores podem enfrentar encarecimento do produto, queda nas exportações e redução da capacidade de gerar emprego na região.

O Pará representa, sozinho, 87% da exportação nacional de pargo, que já totalizou 2.300 toneladas e US$ 15 milhões no primeiro semestre de 2025 — valores que poderiam crescer ainda mais com a chegada da temporada da espécie, iniciada em maio.

MADEIRA

Atualmente, o Pará ocupa a quinta posição entre os maiores exportadores de madeira do Brasil, ficando atrás de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

As exportações de madeira e derivados do Pará recuaram 11,57% entre janeiro e julho deste ano, somando US$ 120,27 milhões, segundo dados da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), com base em informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

A queda no faturamento contrasta com o aumento de 6,31% no volume exportado, que atingiu 159,95 milhões de quilos, indicando desvalorização nos preços médios dos produtos. Em julho, o desempenho foi ainda mais negativo: o valor exportado caiu 17,63% em relação a junho, e o volume embarcado teve retração de 25,96%, totalizando 21,3 mil toneladas.

Apesar da retração, os Estados Unidos permanecem como principal destino da madeira paraense, representando 34,68% do valor exportado no primeiro semestre, com US$ 34,54 milhões mas o tarifaço – mesmo com isenções para madeira serrada e aplainada – gerou forte apreensão no setor.

Entre os concorrentes que enfrentaram tarifas menores estão Vietnã, Camboja, Tailândia, Indonésia, Malásia, Camarões, República Democrática do Congo, Equador e Gana – todos exportadores de madeira tropical para os EUA.

A União Europeia aparece como segundo maior mercado para a madeira do Pará, responsável por 35,74% das exportações em 2024 (US$ 74,53 milhões). Segundo a Aimex, há possibilidade de redirecionar parte da produção para esse e outros mercados, mas a substituição do volume americano não seria imediata.

Minério

O complexo

mineral do Pará, principal motor das exportações estaduais, também figura entre os mais prejudicados. Produtos como minério de ferro, bauxita calcinada, cobre e ligas metálicas, que antes abasteciam diretamente indústrias nos EUA, agora enfrentam a dura realidade das novas tarifas.

  • Com o tarifaço, exportar para os Estados Unidos ficou inviável. Empresas tentam redirecionar cargas para a Europa e Ásia, mas isso exige tempo, logística e renegociação de contratos.
  • Emerson Rocha, diretor executivo do Sindicato das Indústrias Minerais do Estado do Pará (Simineral) informa que o setor acompanha atentamente o tema das tarifas adicionais impostas pelos EUA a produtos brasileiros.
  • “O setor mineral está compondo um grupo de estudos em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia -Sedeme e Fiepa para analisar tecnicamente os possíveis impactos à luz da realidade do setor produtivo paraense”, afirma.
  • Rocha diz ainda que o Simineral trabalha “com base na acuracidade de dados e evidências concretas, e se manifestará publicamente tão logo os estudos avancem e permitam uma posição fundamentada e alinhada aos interesses do setor e da economia regional”.
  • Enquanto isso, empresários e trabalhadores aguardam com apreensão os desdobramentos das próximas semanas. Com parte da produção represada e contratos suspensos, o desafio será encontrar novos destinos para a produção paraense – e evitar que a crise comercial se transforme em uma crise social.

Para saber mais, acesse a edição eletrônica do jornal Diário do Pará

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