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INTERNACIONAL

Obra rara de 1658 é devolvida ao Museu Goeldi após furto

Crime aconteceu em 2008 e o item, considerado raro pela curadoria do museu, foi localizado em Londres

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Imagem ilustrativa da notícia Obra rara de 1658 é devolvida ao Museu Goeldi após furto camera Se necessário, a obra passará por processos de restauração conduzidos por especialistas em conservação de documentos históricos. | Divulgação

Dezesseis anos após ser furtada, uma obra rara, do século 17, volta ao seu lugar de origem, no acervo do Museu Emílio Goeldi, em Belém. Ela é a terceira mais antiga da biblioteca do local.

Nesta sexta-feira (17), o museu organizou uma solenidade para o recebimento da obra "De India utriusque re naturali et medica", do médico e naturalista holandês Guilherme Piso, publicada em Amsterdã em 1658. Furtada do Museu Goeldi em 2008, a obra foi recuperada em 2024 na cidade de Londres, no Reino Unido.

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Escrita em latim, a publicação é uma segunda edição do livro "Historia Naturalis Brasiliae", que representa uma compilação de pesquisas científicas sobre história natural, geografia, meteorologia e etnologia do Brasil colonial.

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A obra oferece um dos registros mais importantes sobre a natureza brasileira realizados durante o período da colonização holandesa no Nordeste do país.

Raridade excepcional

A obra foi impressa pelo editor holandês Louis Elsevier, fato que confere ainda mais raridade ao exemplar. A família Elsevier foi uma das mais prestigiadas casas editoras da Europa no século 17, conhecida pela qualidade de suas publicações científicas e acadêmicas.

O exemplar é a terceira obra mais antiga do acervo do Museu Goeldi, ficando atrás de apenas dois títulos, um de 1554 e outro de 1628.

Guilherme Piso participou da expedição científica holandesa ao Brasil durante o governo de Maurício de Nassau em Pernambuco, entre 1637 e 1644.

Suas observações sobre a flora, fauna e doenças tropicais brasileiras tornaram-se referências fundamentais para a ciência europeia da época e continuam sendo documentos históricos valiosos para pesquisadores contemporâneos.

O furto de 2008 e a longa investigação

Em 2008, a Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna do Museu Emílio Goeldi sofreu um dos maiores golpes contra seu patrimônio histórico. Ao todo, foram furtadas 60 obras raras do acervo, sendo 40 livros e 20 in-fólios.

O crime representou não apenas a perda de bens materiais valiosos, mas também a subtração de parte significativa da memória científica brasileira.

Desde 2014, foram recuperadas cinco publicações, contando com a obra que será devolvida nesta sexta-feira (17).

Como a obra foi recuperada em Londres

Embora os detalhes específicos da operação que levou à recuperação não tenham sido totalmente divulgados, a localização da obra em Londres sugere que ela provavelmente entrou no mercado internacional de livros raros, onde colecionadores e comerciantes movimentam milhões em obras históricas.

O mercado de livros raros é altamente especializado e frequentemente os comerciantes legítimos consultam bases de dados internacionais de obras roubadas antes de realizar transações.

É possível que a obra tenha sido identificada durante uma tentativa de venda ou por meio de alertas emitidos pela Interpol e outras organizações internacionais de combate ao tráfico de bens culturais.

A Polícia Federal brasileira mantém cooperação com diversas agências internacionais justamente para rastrear e recuperar patrimônio cultural brasileiro desviado para o exterior.

Cerimônia de devolução reuniu autoridades

A solenidade de devolução reuniu integrantes da diretoria do Museu Goeldi, da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna e da Polícia Federal. Representando o Museu Emílio Goeldi, participaram da cerimônia o diretor da instituição, Nilson Gabas Júnior; a chefe substituta da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, Sônia Dias; e as bibliotecárias e curadoras de obras raras do Museu Goeldi, Berenice Bacelar e Geisa Dias.

Para realizar a entrega e falar sobre as investigações, estiveram presentes os delegados da Polícia Federal Cledson Silva, Fernando Casarin e Marco Smith. O evento também foi um momento de celebração e reflexão sobre a importância da proteção do patrimônio cultural brasileiro e da continuidade das investigações para recuperar as obras ainda desaparecidas.

Sala-cofre: segurança reforçada após o furto

As consequências do furto de 2008 levaram o Museu Goeldi a implementar medidas rigorosas de segurança para proteger seu valioso acervo. Atualmente, o acervo de obras raras está protegido em uma sala-cofre, inaugurada dez anos após os furtos.

O espaço conta com equipamentos que reforçaram significativamente a segurança do prédio, como portas-camuflagem que dificultam a identificação do local onde as obras estão guardadas, câmeras de vigilância com monitoramento 24 horas e acesso controlado por identificação digital, garantindo que apenas pessoas autorizadas possam entrar no espaço.

As medidas refletem padrões internacionais de segurança para acervos bibliográficos raros, semelhantes aos adotados por grandes bibliotecas e museus ao redor do mundo.

O que acontece agora com a obra recuperada?

Após a devolução oficial, a obra de Guilherme Piso passará por avaliação para verificar seu estado de conservação. Livros do século 17 são extremamente frágeis e qualquer exposição inadequada a luz, umidade ou manuseio pode causar danos irreversíveis.

Se necessário, a obra passará por processos de restauração conduzidos por especialistas em conservação de documentos históricos. Posteriormente, será devolvida à sala-cofre, onde ficará preservada e disponível para consulta de pesquisadores credenciados.

O retorno desse exemplar ao acervo do Museu Goeldi não apenas restaura um pedaço do patrimônio científico brasileiro, mas também renova a esperança de que outras obras possam ser recuperadas nos próximos anos.

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