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Artesã reinventa o PET e conquista mercado com joias sustentáveis

Ao longo da vida, Higina Souza sempre buscou atuar em diferentes segmentos para contribuir com a renda familiar.

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Imagem ilustrativa da notícia Artesã reinventa o PET e conquista mercado com joias sustentáveis camera A artesã Higina Souza. |

A garrafa plástica que a natureza levaria de 200 a 600 anos para decompor encontra um novo destino nas mãos de uma empreendedora que transforma o que antes era visto como descarte, em matéria-prima. Mais que ecojoias, a artesã cria peças que elevam o PET ao patamar do luxo e do afeto, e ainda garante renda familiar.

Ao longo da vida, Higina Souza sempre buscou atuar em diferentes segmentos para contribuir com a renda familiar. Ela já teceu fios como trancista e deu nova alma a calçados, recuperando e personalizando-os com uma outra ‘cara’. Mas a verdadeira epifania, aquela que mudaria seu futuro, veio em um momento delicado.

Vinte anos atrás, em um período de dificuldades e problemas de saúde, Higina assistia à televisão quando, na tela, um senhor começou a mostrar o seu trabalho com a criação de arranjos, como girassóis e folhas, a partir de garrafas PET. Ele não ensinou o processo, apenas exibiu sua obra, mas foi o que bastou para que a artesã mudasse sua história. “Quando eu vi aquele trabalho com garrafa PET, eu senti uma alegria tão grande que eu chorei e pensei: isso vai mudar a minha vida”.

O entusiasmo a levou a experimentações solitárias. Sem a facilidade da internet da época, ela comprou tintas e vernizes, fazendo testes até começar a produzir arranjos que chegaram a decorar, inclusive, a sede da Nipo Brasileira, em Belém. Contudo, o inesperado desenvolvimento de LER (Lesão por Esforço Repetitivo) nos dois braços a fizeram adiar os planos. A dor e o inchaço forçaram Higina a parar, um afastamento que durou longos 20 anos.

Durante essas duas décadas, apenas um objeto permaneceu como testemunha silenciosa da promessa de uma vida transformada: um vaso feito por ela naqueles primeiros dias. “Eu tenho um vaso da época que eu trabalhava com decoração que já tem 20 anos e ainda está perfeitinho”. Higina guardou o objeto com a certeza de que, um dia, ele ajudaria a contar parte de sua trajetória.

Retorno à Criação e a Reinvenção do PET

O retorno dela à criação veio através das biojoias, peças que já produzia com materiais orgânicos como pedras, madeira e sementes. No meio desse processo, ela lembrou do passado e se questionou: por que não trazer o PET para os colares e brincos? “Aí a minha mente foi abrindo e eu comecei a fazer”.

Artesã reinventa o PET e conquista mercado com joias sustentáveis
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Quando começou a colocar as primeiras peças à venda, Higina logo percebeu a surpresa das clientes ao saberem que os brincos e colares tinham sido feitos com garrafas PET. “Eu coloquei nas feiras que eu vendia, as pessoas olhavam, gostavam e perguntavam se era resina. E eu falava: não, é garrafa PET”, lembra. “As pessoas não acreditavam, teimavam comigo, dizendo que não podia ser. As pessoas olhem e não acreditem que a garrafa PET pode se tornar algo tão bonito. E isso abre a mente. Eu penso quem sabe, com isso, mais pessoas possam fazer isso de não jogar a garrafa fora, que pensem em levar as garrafas para algum lugar que outras pessoas possam trabalhar com essas garrafas”.

O trabalho da artesã tem como filosofia a busca pela perfeição, para que as pessoas olhem e não consigam identificar que as peças surgiram de plásticos que seriam descartados. Higina faz questão de colocar o PET em um lugar de luxo. Por isso, também gosta de mesclar o plástico descartado com itens nobres, utilizando diversos tipos de pedras, além de madeiras, sementes, cobre, alumínio e aço inoxidável. A sua favorita, inclusive, é a pedra cérebro. “A minha finalidade é fazer com que os meus clientes olhem para a garrafa PET de outra forma, que elas passem a valorizar o trabalho do artesão. A pessoa que trabalha com artesanato acaba deixando uma lição para as futuras gerações porque esse trabalho com garrafa PET dura anos e anos”.

Hoje, as vendas de seus colares, brincos e braceletes—realizadas em feiras, online e através da busca incansável por oportunidades—têm um impacto direto na sua qualidade de vida. O dinheiro arrecadado auxilia nos cuidados pessoais com a saúde e nas despesas de casa.

Amor, Dedicação e Resistência Criativa

O trabalho, para Higina Souza, é um ato de amor e dedicação, não apenas de comércio. Ela se apega a cada peça, imaginando a cliente que irá usá-la. A busca pela excelência, inclusive, é um ato de resistência criativa. “Há 20 anos, no início de tudo, eu fui em um lugar onde tinha um professor que ensinava artesanato com PET. Quando eu cheguei lá mostrando o vaso que eu fiz com várias flores, ele olhou com desprezo e falou ‘isso aqui é a garrafa PET? Isso aqui não parece, isso aqui parece algo industrializado, tem que ter cara de garrafa PET, tem que ter falhas’”, lembra, ao contar que a rejeição à ideia ultrapassada fez com que a empreendedora, hoje, alcançasse o sucesso de seu negócio. “Na hora eu discordei porque ninguém pode limitar o artista. O artista tem que ter liberdade para criar e aquelas pessoas que gostarem dele, vão seguir. Foi o que eu fiz”.

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