A nova pesquisa do Instituto Acertar sobre a disputa para o Governo do Pará em 2026 confirma que o pleito será fortemente condicionado pela popularidade do governador Helder Barbalho. Com 70,3% de aprovação, após quase três anos de segundo mandato, Helder mantém-se como uma das lideranças estaduais mais bem avaliadas do país e desponta como o cabo eleitoral mais influente do estado. Para 32,4% dos eleitores, o apoio dele garantiria voto certo; outros 42,8% poderiam segui-lo — índices superiores aos de Lula e Bolsonaro. Esse peso direto pode projetar sua vice-governadora, Hana Ghassan, como um dos nomes mais competitivos da sucessão.
Apesar de ainda não ser amplamente conhecida, Hana já alcança desempenho equivalente ao de adversários experientes nos cenários estimulados, liderando ou figurando em empate técnico. Além disso, aparece com o maior potencial de voto entre todos os nomes testados: 54,7% dos eleitores dizem que votariam nela ou poderiam votar, sinal de que sua curva de crescimento tende a ser mais acelerada conforme a campanha se torne mais visível. O estudo aponta também que cerca de 27% dos paraenses ainda não a conhecem — o mesmo grau de desconhecimento atribuído ao prefeito de Ananindeua, Daniel Santos.
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A pesquisa espontânea mostra que o eleitor ainda está distante da disputa: 62,1% não sabem em quem votar, e apenas 34,7% conseguiram citar qualquer nome. Por ter sido reeleito, Helder Barbalho não pode concorrer, mesmo assim aparece como o mais lembrado (15,5%), seguido por Dr. Daniel (7,9%), Hana (5.6%) e Éder Mauro (3,4%). Esse comportamento reforça o padrão histórico: no Pará, o debate sucessório costuma ganhar tração apenas próximo da campanha. Nos cenários estimulados, a disputa surge completamente aberta. No primeiro quadro, com Éder Mauro incluído, forma-se um empate técnico entre Hana (22,1%), Éder (22,0%) e Dr. Daniel (21,7%). Paulo Rocha aparece em torno de 10%, enquanto Araceli Lemos e Cleber Rabelo ficam abaixo de 2%.
No segundo cenário, com a saída de Éder e a entrada de Joaquim Passarinho, Dr. Daniel é quem mais cresce, chegando a 26,1%, seguido por Hana (24,3%) e Paulo Rocha (12,6%). No terceiro, substituindo Éder por Rogério Barra, o equilíbrio se repete: Daniel marca 25,3% e Hana 24,4%, com Paulo Rocha chegando a 13,6%.
Em todos os cenários, o contingente de indecisos permanece alto, variando entre 13% e 18%, o que reforça que a disputa ainda está em fase embrionária.
Continuidade e Apoio Nacional
O levantamento também destaca um ponto sensível: a rejeição aos apoios nacionais segue elevada, especialmente no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta rejeição de 52,5% como cabo eleitoral. Lula, embora mais bem posicionado, também registra resistência considerável (41,5%). Assim, a eleição paraense se distancia das polarizações nacionais e se ancora mais no desempenho da gestão estadual — um padrão histórico no estado, onde a continuidade administrativa costuma ser bem recebida.
Eixo central
No conjunto, os dados revelam que a corrida de 2026 está longe de ter um favorito, mas já tem um eixo central bem definido: a força política de Helder e a capacidade de transferência de votos que ele carrega. Com isso, Hana Ghassan larga com vantagem estrutural e ampla avenida de crescimento, enquanto Daniel e Éder Mauro (quando presente nos cenários) mostram competitividade, porém sem o “fiador” que hoje mais move o eleitor paraense. É esse equilíbrio — temperado pela tradição local de valorizar continuidade e resultados — que deve moldar a sucessão nos próximos meses.
Metodologia da Pesquisa
A pesquisa que embasa esses cenários foi realizada entre os dias 20 e 29 de novembro de 2025 e ouviu 4.265 eleitores paraenses em entrevistas presenciais, realizadas nos domicílios, com questionário estruturado aplicado por meio de tablets — o que permitiu gravação de áudio, geolocalização e acompanhamento simultâneo do trabalho de campo. O estudo, de natureza quantitativa, buscou representar o eleitorado do estado com base nos dados do Censo de 2022, nas estimativas populacionais do IBGE e no número de eleitores registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral em outubro de 2025. A margem de erro é de 1,5 ponto porcentual, para mais ou para menos, com 95% de confiança.

A coleta abrangeu 65 dos 144 municípios do Pará, distribuídos pelas mesorregiões do estado e selecionados conforme porte populacional — pequenos, médios e grandes — para garantir a dispersão geográfica. Dentro de cada município, a seleção dos entrevistados foi aleatória, seguindo cotas pré-definidas de sexo e faixa etária, e escolhida por setores censitários do IBGE. Do total de participantes, 50,9% são mulheres e 49,1% homens; 16,1% têm entre 16 e 24 anos, 22,1% têm de 25 a 34, 21,4% de 35 a 44, 23,4% de 45 a 59 e 17,0% têm 60 anos ou mais.
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O levantamento também revela o perfil educacional do eleitorado ouvido: 41% não estudaram ou não concluíram o ensino fundamental; 44,9% chegaram ao ensino médio; e apenas 14,1% têm ensino superior completo ou incompleto. Em relação à renda familiar, 39% dos entrevistados vivem com até um salário mínimo, 27,6% ganham entre um e dois, 20,6% têm renda de dois a cinco salários mínimos, 8,2% ultrapassam cinco salários e 4,6% não souberam ou preferiram não informar. A pesquisa também indica que a maioria dos eleitores se identifica com a religião católica (51,7%, somando praticantes e não praticantes), enquanto 38,9% se declara evangélica.
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