Belém está às portas de uma reviravolta no seu trânsito metropolitano. Enquanto o calor úmido do inverno amazônico insiste em se impor sobre a BR-316, a cidade se prepara para uma mudança profunda na mobilidade urbana: a descontinuidade de 21 linhas de ônibus convencionais e a consolidação do BRT Metropolitano como eixo central da circulação entre Marituba, Ananindeua e a capital. A reorganização, que passa a valer na próxima segunda-feira (15), busca reduzir sobreposições históricas e aliviar corredores saturados, como a Almirante Barroso, a José Malcher e o Boulevard Castilhos França.
Com 31 linhas em operação - sendo 9 troncais e 22 alimentadoras - o BRT Metropolitano, sistema administrado pelo Governo do Pará, expandiu recentemente a frota com 75 veículos climatizados, completando a oferta prevista aos usuários. De acordo com o secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Adler Silveira, o início da operação paralela entre o BRT e o transporte convencional exigiu ajustes estruturais ao longo dos primeiros meses.
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"Realizamos um estudo e identificamos linhas sobrepostas que serão desativadas. A partir do dia 15, os deslocamentos que antes eram feitos diretamente dos bairros ao centro passarão a ocorrer via integração nos terminais de Marituba e Ananindeua", explicou o secretário. Ele reforça que o uso dos ônibus azuis do BRT será fundamental para o novo fluxo, que funcionará por meio de transbordo.
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ECONOMIA E CONFORTO
A mudança, segundo o governo, traz ganhos de economia e conforto: tarifa única de R$ 4,60, veículos climatizados, Wi-Fi, menor emissão de poluentes e maior velocidade média ao longo da BR-316. "As pessoas vão poder chegar mais rápido ao trabalho, à escola e aos serviços essenciais", acrescenta Silveira.
A lista das linhas que deixam de circular inclui rotas tradicionais, como Santa Bárbara–São Brás, Benevides–Castanheira, Águas Lindas–Ver-o-Peso, Júlia Seffer–Pátio Belém e diversas conexões de Marituba ao centro. Em contrapartida, a integração do BRT permite ligações inéditas entre áreas antes desconectadas, especialmente no sul e norte de Ananindeua e Marituba.
CONFIRA AS LINHAS QUE SERÃO DESCONTINUADAS:
- Santa Bárbara – São Brás
- Benevides – São Brás
- Benevides – Castanheira
- Murinin – Castanheira
- Maguari – Pátio Belém
- Maguari – Doca
- Aurá – Presidente Vargas
- Curuçambá – Pátio Belém
- Águas Lindas – Presidente Vargas
- Águas Lindas – Ver-o-Peso
- Águas Lindas – Pátio Belém
- Júlia Seffer – Pátio Belém
- Distrito Industrial – Pátio Belém
- Ananindeua – Presidente Vargas
- Marituba – Pátio Belém (Pirelli/Decouville)
- Marituba – Pátio Belém (Mário Couto)
- Júlia Seffer – Presidente Vargas
- Almir Gabriel – Pátio Belém (São Brás)
- Almir Gabriel – Ver-o-Peso
- Marituba – Direcional (Doca)
- Marituba – Pátio Belém (Cerâmica)
AGILIDADE E DIGNIDADE

Para quem já experimenta o sistema, a mudança tem sido positiva. A estudante de técnico em enfermagem Marcilene Carvalho, moradora de Marituba, destaca que a modernização trouxe mais agilidade e dignidade ao trajeto. "Agora tem mais linhas e a gente chega mais rápido. O ar-condicionado facilitou bastante a minha vida. Antes os ônibus eram velhos, eu chegava suja no curso. Agora não, são novos, limpinhos", afirma.
O engenheiro civil Marcos Freitas, morador do Aurá e usuário diário do BRT rumo à UFPA, reforça as vantagens da integração. "Antes eu tinha que pegar até mototáxi para acessar a BR e conseguir um ônibus para a universidade. Agora pego no meu bairro, integro no terminal e sigo direto. É mais rápido e econômico", relata.

Ele reconhece, porém, que a transição exigirá adaptação. "Para quem ainda não usa o BRT, pode complicar no começo. Mas eu recomendaria. No calor que faz, ônibus lotado é insuportável. O BRT é mais rápido, confortável e refrescante", conclui.
Com a mudança, Belém testa o futuro da mobilidade urbana na região metropolitana - um futuro que passa, inevitavelmente, pela reorganização, pela eficiência e pela promessa de um transporte público mais digno e moderno.
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