Nesta quinta-feira (13), a série “Diário Documento 395 anos” traz o postal de uma das principais avenidas de Belém: a Governador José Malcher, antes conhecida como São Jerônimo.
O primeiro nome dado a esta via de acordo com o livro ‘Ruas de Belém’, de Ernesto Cruz, foi ‘Estrada de Paul D’água’. Após, a avenida foi intitulada São Jerônimo, em homenagem ao conselheiro Jerônimo Francisco Coelho, presidente e comandante das armas no Pará em 1848. Foi ele mesmo que abriu, a partir do Arraial de Nazaré, várias das ruas e travessas que hoje constituem o atual bairro do Umarizal.
Já o nome atual surgiu em homenagem ao interventor federal Governador José Malcher, que chegou ao poder em 1937, por ocasião da mudança do sistema político no Brasil.
Registros de 1852 mostram que a avenida – quando nem isso era – constituía-se de uma área de poços, cuja fonte principal de água potável ajudava a abastecer Belém e ficava precisamente na esquina da Travessa da Piedade. Neste período, não havia fonte de água em Belém. Para beber, alguns moradores iam colhê-la em um sítio chamado de Paul de Água. No período da Belle Époque, o local passou por grande fase de desenvolvimento.
No lugar de sítios, eram construídos verdadeiros casarões em estilos europeus. Um exemplo é o prédio que hoje abriga o Museu da Universidade Federal do Pará (lado esquerdo da foto), que antes era o palacete de Augusto Montenegro, governador do Pará em 1901. Em frente, situava-se a antiga residência do Senador Vigílio Sampaio (lado direito da foto), que até hoje pode ser apreciado.
Em 1907, foi inaugurado o sistema de bondes elétricos na São Jerônimo. O local, assim como toda Belém, crescia e afrancesava-se. O notável engenheiro e arquiteto paraense Francisco Bolonha foi o responsável por diversas obras ímpares espalhadas pela via, como os palacetes Bolonha e Bibi Costa. Hoje, a avenida é uma das mais nobres da cidade e guarda – apesar da degradação do tempo e do descaso do poder público – os segredos de uma época áurea da história do Pará.
Doutor em História e professor da Universidade Federal do Pará, Aldrin Moura de Figueiredo esclareceu que a avenida sempre levou consigo aspectos de progresso e tradição. “Continua uma via de ligação muito importante com o bairro de São Brás, que em tempos atrás era o principal entreposto da linha de ferro que ligava Belém a Bragança, local de aquisição de muitos produtos. É um lugar que desde o século passado traz o bucólico junto com a modernidade. Antes, ao mesmo tempo em que era uma avenida cheia de natureza, tinha os trilhos do bonde e a iluminação pública. Hoje possui os seus antigos casarões e é dona de trânsito caótico, reflexo do centro da cidade” (Diário do Pará)
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