PA-150 é bloqueada durante 4 horas

Liderada pelo setor madeireiro de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, boa parte da população do município realizou ontem, pela manhã, protesto que culminou com o fechamento da rodovia PA-150 durante quatro horas. Somente por volta das 14h os manifestantes liberaram o tráfego. Filas quilométricas se formaram nos dois sentidos da pista.

Os manifestantes queimaram pneus nas proximidades de uma ponte na entrada da cidade, sentido Marabá-Nova Ipixuna. A manifestação coincide com a chegada da Força Nacional a Nova Ipixuna, o que deverá acontecer nesta quarta-feira, para auxiliar no combate aos crimes no campo na região.

Faixas e cartazes expunham os sentimentos dessa categoria no que diz respeito ao duplo assassinato do casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, que foram mortos a tiros no dia 24 de maio deste ano, na vicinal Maçaranduba, assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna (PAEX).

Houve casos como o de uma só empresa que foi multada 18 vezes, entre 2007 e 2010, por crime ambiental. O vereador João Santana de Carvalho Filho (PMDB) comentou que em momento algum a população de Nova Ipixuna é contrária à investigação que está sendo feita para apurar a morte do casal de ambientalistas, porém toda a sociedade não poderia ser penalizada com o fechamento das madeireiras, cuja atividade é bastante significativa.

Vera Lúcia Arantes, representante do setor madeireiro, informou que o protesto tinha como objetivo mostrar ao mundo que em Nova Ipixuna há pessoas trabalhadoras e que precisam sobreviver.

“Não podemos ser penalizados, a sociedade não pode pagar um preço tão alto pelo erro de uma pessoa”, comentou o presidente da Associação Comercial de Nova Ipixuna, Egilberto dos Santos Sales.

O comerciante Emerson Fernandes foi taxativo e disse que o município vai se transformar num caos social. “A principal renda do município é o setor madeireiro, que está sendo penalizado e, se continuar desse jeito, vai ser um caos”, prevê.

“Antes da fiscalização do Ibama eu faturava em torno de R$ 8 mil por dia, agora o faturamento não chega a R$ 1 mil. Se continuar desse jeito vou ser obrigado a demitir funcionários e até fechar as portas”, disse o empresário do setor de combustíveis Maurício Chagas. (Diário do Pará, Nova Ipixuna)