Das telas do cinema para as salas de aula

A chegada da fotografia, sobretudo da fotografia animada, possibilitou o criação do que chamamos de 7ª Arte. O cinema, como já se sabe, tem um grande poder de ampliar o repertório cultural de uma população e, assim, melhorar a qualidade de vida das pessoas. Foi pensando, então, na aplicação da arte cinematográfica como ferramenta no desenvolvimento, humano, cultural, ético-político e social, que surgiu o projeto de extensão “Cinema do Campus: Interfaces entre Ciência, Arte e Cultura”, no Campus de Marabá da Universidade Federal do Pará.

Vinculado à Faculdade de Ciências Exatas e Naturais (Facen), o projeto entrou em funcionamento ao longo de 2010. O objetivo era capacitar profissionais atuantes na área da docência, bem como estudantes de todos os cursos de licenciatura no Campus de Marabá, a utilizarem o cinema como recurso didático em seus processos de ensino-aprendizagem. Além disso, o projeto visava “colocar os participantes em contato com outras realidades, que muitas vezes são totalmente desconhecidas”, é o que ressalta André Picolli, professor do campus e coordenador.

Para ele, as artes visuais, no geral, possuem uma linguagem mais acessível e por isso são extremamente adequadas para serem utilizadas no âmbito escolar e universitário. Essa constatação surgiu desde que André Picolli participou de projetos semelhantes em outras universidades. Graduado em Psicologia, o professor sempre recorreu ao cinema para ampliar a formação de seus estudantes.

Ao chegar à Marabá e constatar que a cidade não possuía salas de exibição de cinema, o professor percebeu a carência deste recurso midiático no município e na própria Universidade. O projeto foi, naquele momento, a alternativa para mostrar aos alunos filmes que muitas vezes estão fora do circuito comercial. “Como as experiências em outras universidades foram positivas, achei que seria interessante e produtivo repeti-las aqui em Marabá”, afirma André Picolli.

O projeto foi dividido em duas etapas. Primeiro um grupo de estudos foi criado para discutir, analisar e produzir materiais relacionados ao tema. Assim, assuntos como Filosofia, Psicologia, Antropologia, Cinema e História do Cinema foram debatidos em reuniões semanais. Nesse período foram pensados quais filmes seriam exibidos na segunda fase do projeto.

“Persépolis”, “Beleza Americana”, “O Informante”, “Poderosa Afrodite”, “O Declínio do Império Americano”, “As Invasões Bárbaras”, “O Clube do Imperador”, “Hair”, “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain’, “Abril Despedaçado”, “Código de Conduta’, “Quem quer ser o Milionário?” “O Cheiro do Ralo”, entre outros, foram os longas exibidos. As sessões eram abertas a toda comunidade.

Após a exibição do filme, o grupo promovia com conversa sobre o conteúdo com a plateia. Mesmo com o número de pessoas abaixo do esperado, o professor garante que o objetivo foi alcançado, ou seja, “mostrar que não existe uma só forma de ‘viver a vida’. É gratificante ouvir as pessoas dizerem que passaram a ver o mundo com outros olhos após participarem das exibições dos filmes”.

O projeto recebeu apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da UFPA, da Coordenação Geral do Campus de Marabá e da Direção da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais (FACEN), responsáveis pela liberação do espaço, infraestrutura e equipamentos necessários. (Comunicação/Ufpa)