Um levantamento do Ibama no setor carvoeiro do Pará comprovou que as maiores siderúrgicas do estado – Siderúrgica do Pará S.A. (Sidepar), Companhia Siderúrgica do Pará (Cosipar) e Siderúrgica Ibérica, em Marabá, no sudeste paraense – utilizam carvão ilegal na produção do ferro-gusa, uma das matérias-primas do aço e um dos produtos da pauta de exportação brasileira.
“Mais do que isso, as siderúrgicas fomentam o desmatamento da floresta amazônica em todo o sul e sudeste paraense para obter o carvão que precisam, acobertando essa origem irregular com Guias Florestais fraudadas”, afirma o chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama em Marabá, Luciano da Silva, que coordenou a operação Saldo Negro, que desvendou o esquema.
Segundo cálculos do instituto, nos últimos quatro anos, as três siderúrgicas foram responsáveis pela destruição de 27,3 mil hectares de floresta amazônica - a área necessária para produzir os 947 mil metros de carvão ilegal que adquiriram nas carvoarias fiscalizadas.
A descoberta foi possível a partir da fiscalização das carvoarias que mais vendem o produto no Pará. Das 25 examinadas, 11 eram fantasmas e 14 eram empresas de fachada (que produziam além da sua capacidade instalada).
Todas alegavam adquirir os resíduos para fazer carvão de dois planos de manejo florestal fraudados, que nunca extraíram uma árvore, e, ainda assim, venderam toneladas de carvão para o setor siderúrgico do pólo Carajás. “Na verdade, eles negociavam apenas o papel para legalizar o carvão de desmatamento feito de madeira extraída ilegalmente, principalmente nos assentamentos do Incra, nas invasões, posses e pequenas propriedades da região do entorno das siderúrgicas”, explica Silva.
Com a revelação da fraude, o Ibama vai embargar o consumo e a aquisição de carvão nativo de todas as siderúrgicas envolvidas, além de autuá-las pelo carvão irregular cuja aquisição ficou comprovada durante a operação Saldo Negro. Nesta terça-feira (22), o instituto embarga o acesso ao carvão de florestas nativas da primeira delas, a Sidepar, para onde as carvoarias que faziam parte do esquema enviaram mais carvão ilegal. Para continuar a produzir o ferro-gusa, as empresas terão de utilizar carvão sustentável, feito de madeira de florestas plantadas ou o mineral.
(Ascom Ibama)
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