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Uma cidade sem métrica e não planejada

O marco inicial é o bairro da Cidade Velha. Foi naquela região, onde hoje se concentra o centro histórico, que a capital paraense foi se constituindo gradativamente desde sua fundação, em 1616. De lá para cá, a cidade se expandiu e criou ramificações que,

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O marco inicial é o bairro da Cidade Velha. Foi naquela região, onde hoje se concentra o centro histórico, que a capital paraense foi se constituindo gradativamente desde sua fundação, em 1616. De lá para cá, a cidade se expandiu e criou ramificações que, cada vez mais, se distanciam de seu ponto de partida. Quando a cidade proveniente da colonização portuguesa completa 396 anos, uma das maiores preocupações está justamente na forma como sua urbanização continua a se configurar.

De acordo com o arquiteto e urbanista Paulo Ribeiro, hoje já não é mais possível fazer uma análise urbanística da cidade de Belém de forma isolada. Para ele, muitos problemas apresentados pela região metropolitana hoje decorrem da forma de ocupação que vem se desenvolvendo no município. “O processo de urbanização desordenado trouxe uma série de problemas para a região metropolitana. Belém é apenas a metrópole dessa grande RM, pode-se dizer”.

Segundo o arquiteto, Belém é privilegiada por seu rico conteúdo histórico e arquitetônico, porém, quando se fala das atuais construções e ocupações, ele afirma que é necessário que se desenvolva ações para que a cidade cresça de forma harmônica. “Belém, hoje, tem pouco o que oferecer do ponto de vista urbano. A cidade está muito aquém no que diz respeito à qualidade de vida da população”, afirma, ao delinear os principais problemas. “Há uma concentração muito grande das atividades econômicas apenas em um local; há também uma verticalização intensa em bairros que não têm estrutura para receber tudo isso e ainda tem o processo de industrialização em localidades inadequadas”.

Segundo o arquiteto, Belém possui bons projetos de urbanização e de organização do transporte, porém, são planejamentos que não foram colocados em prática ao longo dos anos. Para Paulo, apenas um trabalho de planejamento coordenado entre o poder público poderá solucionar esses problemas e transformar o perfil urbanitário de Belém. “Se isso não for feito, caminhamos para uma cidade insustentável. Ninguém mais vai querer investir em uma cidade onde ninguém consegue se deslocar”.

Fundação
A fundação da cidade de Belém se dá em 1616, com a chegada dos colonizadores portugueses à região. O marco desse período é o atual Forte do Presépio, construído quase que imediatamente após a chegada dos colonizadores para proteção do novo território.

O Forte foi construído pra uma situação de guerra, mas, para mim que moro aqui perto, é um lugar de descanso. É um espaço que faz parte da história de Belém e da minha, porque venho aqui quase todo dia. Antes, quando eu era menor, eu não dava muita importância, mas depois que conheci a história de que ele foi o marco inicial da cidade, eu comecei a me importar mais”. Hellen Miguel,estudante do ensino médio.

Presença portuguesa
Em meados do Século XVIII, a presença portuguesa no processo de urbanização de Belém começa a ser mais intensa através da atuação do Marquês de Pombal.

Um dos marcos dessa época, que tem como característica a maior presença do Estado, é a Praça Dom Pedro II.
Eu declarei um discurso nessa praça quando eu tinha 10 anos. Essa é uma praça histórica que mostra bem a presença dos portugueses aqui, com essas estátuas de personagens e leões da história do Brasil. Por ser parte da nossa história, deveria ser melhor vista, cuidada”. Marília Menezes, freira.

Invasões
Após a construção da Rodovia Belém-Brasília, inaugurada em 1960, se estabelece uma mudança no processo de urbanização de Belém e de sua Região Metropolitana. A partir dessa época, inicia o processo de instalações de conjuntos habitacionais e invasões.

Quando eu vim para cá, há 26 anos. Isso aqui era só um igapó. Eu vim pra cá com 3 meses de grávida. Morava na casa do meu sogro e a gente tinha que arranjar um lugar para morar. Quando a gente começou a ocupar aqui (hoje parte do bairro da Marambaia), não tinha água, nem energia. Não demorou muito pra chegar energia, mas, mesmo assim, hoje o poder público não chega até aqui. Aqui é a gente mesmo que ajeita, coloca aterro...”. Cecília de Moraes,autônoma Verticalização

O processo de urbanização mais presente atualmente na cidade de Belém é a intensa verticalização.

Em toda a cidade se vê muitos prédios sendo construídos. Aqui no bairro do Umarizal (onde trabalha), tem muito. Para mim, isso é bom, porque significa mais cliente. Quanto mais prédio, mais gente morando. Por causa disso, tá cada vez mais caro morar pro centro. É mais prédio que tem pra vender. Quem quiser morar em casa, tem que se afastar mais do centro”.
das faixas de praia Às largas avenidas de antônio Lemos.

É difícil de imaginar, mas, em meados de 1616, Belém tinha praias. Faixas de areia branca como as observadas até hoje nas praias da Ilha de Mosqueiro cercavam a região onde hoje está localizada a avenida Boulevard Castilhos França, em Belém.

De acordo com o historiador Aldrin Figueiredo, algumas características da cidade de Belém foram se perdendo ao longo dos anos, desde a chegada dos portugueses. Com medo de que os colonizadores da França, expulsos do Maranhão, ocupassem também a região onde hoje está Belém, os portugueses chegaram à terra que antes era chamada de Mairi pelos índios Tupinambás, que aqui habitavam. “Diferente de outras cidades, Belém não nasce como uma vila. Ela já nasce como uma cidade”.

Segundo ele, quase imediatamente após a chegada dos portugueses, é iniciado o processo de urbanização. A primeira construção foi o então Forte do Castelo e, logo após, as praças e casas. “No primeiro momento da ocupação pelos portugueses, no Século XVII, as casas eram de taipa e bem pequenas”, afirma. “A mudança começa a partir do século XVIII, com o Marquês de Pombal, que era um ministro português. A partir daí se introduziu o primeiro estilo neoclássico vindo da Itália”.

Segundo ele, uma das características da urbanização de Belém, já na época de atuação do intendente Antônio Lemos, no período da borracha, é a construção de vias largas, como as avenidas Almirante Barroso e Duque de Caxias. “A Duque foi aberta em 1897 e, até hoje, é uma via bem larga. Hoje, não há um projeto de urbanização como o pensado no século XIX. Temos esse déficit com a Belle Époque”, acredita. “Isso se perdeu na memória”. Elder Elias,taxista. (Diário do Pará)

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