A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) trabalha com um cronograma que prevê para o final do ano que vem, ou no mais tardar para os primeiros meses de 2015, o início das obras de construção do trecho paraense da Ferrovia Norte/Sul, que ligará o porto de Vila do Conde, no município de Barcarena, a Açailândia, no Maranhão.
Uma vez concretizada a interligação, o Pará estará finalmente integrado à malha ferroviária nacional e por ela conectado aos maiores portos do país, entre os quais Vitória (ES), Santos (SP), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS).
Segundo Carlos Fernando do Nascimento, um dos diretores da ANTT que ontem participou, em Belém, da primeira reunião participativa para discussão do projeto, a ideia é que venha a ser lançado já no segundo semestre deste ano o processo licitatório, de forma a permitir a assinatura do contrato no final de 2013 ou início de 2014.
O edital, segundo ele, vai estabelecer um prazo de quatro anos para a execução da obra, cujo investimento é estimado em R$ 2,6 bilhões. O valor só será conhecido com precisão depois de aprovado o traçado definitivo e realizado o projeto executivo.
A primeira reunião participativa aconteceu no Hangar Centro de Convenções, com a presença do governador em exercício, Helenilson Pontes; do senador Flexa Ribeiro e do secretário especial de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção (Sedip), Sidney Rosa. Também marcaram presença lideranças de municípios do interior interessados no empreendimento. Entre eles, a prefeita de Rondon do Pará, Shirley Cristina Malcher (PSDB) e a bancada de vereadores – 13, ao todo – de Paragominas.
A prefeita e os vereadores defendem mudanças no traçado proposto pela ANTT para que a ferrovia venha a passar dentro dos dois municípios. No caso de Paragominas, cortado apenas tangencialmente no traçado atual, o presidente da Câmara, João Bosco Lima, argumenta que o município é hoje o maior polo de produção agrícola do Estado, além de ter em operação uma mina de bauxita.
FÁBRICA
Já a prefeita de Rondon alega que lá está em construção uma gigantesca planta industrial de alumina do Grupo Votorantim. A fábrica deve entrar em operação dentro de três anos e terá capacidade instalada para 3 milhões de toneladas na primeira fase e 5 milhões na segunda etapa.
O diretor da ANTT explicou que o traçado ora proposto, com 477 km de extensão, resulta de estudos preliminares e não pode ser ainda considerado definitivo. Para isso, disse ele, estão sendo programadas as reuniões participativas – a primeira realizada em Belém e a segunda já programada para o dia 26 deste mês, em Brasília.
“Essas reuniões servem para tomada de subsídios, coleta de informações e debates sobre possíveis necessidades de alteração no traçado de forma a atender as demandas não captadas nos estudos preliminares”, acrescentou Carlos Nascimento.
Espera de aproximadamente 30 anos
O trecho ferroviário interligando o porto de Vila do Conde, no Pará, ao município de Açailândia, no Maranhão, foi concebido ainda na fase inicial do projeto da Ferrovia Norte/Sul, lançado pelo então presidente José Sarney nos idos de 1986. O trecho paraense da ferrovia, que até hoje permanece no papel, teve o efeito, na época, de aplacar as reações raivosas de parte da sociedade paraense contra o arquivamento, pelo governo federal, do que seria um dos maiores projetos de desenvolvimento até então lançados no Brasil.
Um grupo de estudos composto por vários ministérios, tendo à frente o de Planejamento e o de Transportes, elaborou na época um alentado estudo que levou o nome de Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguaia e Tocantins, o Prodiat. Ele previa a construção sequencial de hidrelétricas e barragens nos dois rios que deveriam formar um dos maiores eixos hidroviários do planeta. Com mais de dois mil quilômetros de extensão, a hidrovia do Araguaia e Tocantins integraria o Pará e a Amazônia a todas as demais regiões brasileiras, abrindo pelos portos do Pará um caminho de ligação com o mercado internacional.
PRODIAT
A Ferrovia Norte/Sul sepultou o Prodiat e manteve por quase 30 anos no papel o que seria a sua extensão paraense, que agora, parece que vai se tornar realidade. A implantação desse trecho proporcionará nova logística de transporte de minério de ferro e o desenvolvimento da exploração de outros minerais. Também viabilizará, segundo estudo da ANTT, nova opção para o escoamento de carga geral, petróleo e derivados, além da produção de açúcar, milho, etanol, soja e seus subprodutos, como farelo e óleo. A ferrovia foi projetada, em sua infraestrutura, para fazer preferencialmente o transporte de cargas, mas a agência governamental já admite a possibilidade de sua utilização, também, para o transporte de passageiros.
(Diário do Pará)
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