Servidores mantém ameaça de greve geral no Estado

Servidores públicos de vários órgãos do Estado foram, na manhã de ontem, para a frente da Secretaria de Estado de Administração (Sead) protestar contra os decretos do governo que suspendem a Gratificação de Tempo Integral (GTI) e horas extras e pela implantação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR).

Entretanto, eles não foram recebidos pela secretária da Sead, Alice Viana, em reunião marcada para as 10h30 e, em protesto, os trabalhadores fecharam os dois sentidos da avenida Almirante Barroso. Para liberar a via, eles exigiam a presença da secretária.

Cansados de esperar, os trabalhadores começaram a empurrar os portões da Sead, mas foram contidos por policiais militares da Rotam e do Batalhão de Choque. Os trabalhadores exigiam a presença de Alice Viana, que chegou à Sead às 13h, quando a Almirante Barroso foi liberada pelos manifestantes. “Eles adiaram essa reunião para nos vencer no cansaço, mas estamos cansados é do descaso do governo do Estado para com o servidor público”, disse Marcão Fonteles, presidente da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB).

Durante o protesto, os servidores entoavam rimas como “trabalhador na rua/ Jatene, a culpa é tua” e “governo caloteiro, devolve nosso dinheiro”. “Aqui estão servidores de todos os órgãos inconformados com esse governo corrupto, que só sabe tirar os nossos direitos como trabalhadores com desculpas vazias e para beneficio só deles”, declarou Valdo Martins, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos (Sepub).

Os servidores também denunciam o sucateamento dos órgãos estaduais. O movimento “Nós do Curro”, formado por servidores da Fundação Curro Velho, relata que o auditório da fundação sofre com goteiras e as paredes da galeria de arte correm sério risco de desabamento. “Passamos essa situação para a direção da fundação. Eles falam que encaminharam ao governo do Estado, mas até agora nada foi feito”, denunciou Edinaldo Brito, membro do “Nós do Curro”.

Detran

“É inadmissível que um órgão como o Detran, que arrecada tanto dinheiro, não consiga manter as unidades do departamento pelo interior”, disse Beth Carvalho, vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Detran-PA (Sindetran). Depois de esperarem por cerca de três horas, representantes de diversos órgãos estaduais se reuniram com a secretária, já no início da tarde.

Segundo Valdo Martins, o governo, através de Alice Viana, não atendeu às reivindicações, pois alega que está trabalhando no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal e que “teve queda da arrecadação devido à diminuição do repasse do Fundo de Participação dos Estados, transferindo a culpa para o governo federal. Contestamos os números, pois não batem com a realidade, pois houve um aumento crescente para o Estado. Esse argumento não se sustenta”.

Martins esclarece que os cortes deverão atingir diretamente o salário de cerca de 11 mil funcionários públicos estaduais. Servidores que tinham salários, por exemplo, de R$ 1.500, passarão a ganhar R$ 800, um corte de quase 50%.

Segundo a Sead, “as gratificações por tempo integral e hora extra não compõem a remuneração dos servidores e são, exclusivamente, para extensão da jornada de trabalho em havendo necessidade da administração”. Diante dessa situação, sindicatos de todas as categorias devem se reunir nos próximos dias visando uma greve geral, como forma de aplicar medida mais drástica para forçar o governo a reverter a decisão.

“As greves do ano passado mostraram que o governo só atende sob forma de pressão. A linguagem do enfrentamento. Só assim podemos tentar reverter a situação, já que ele não recua de jeito nenhum”, alerta Valdo.

(Diário do Pará)