"O império da lei há de chegar no coração do Pará". Apesar de ser dirigido aos problemas causados por confrontos que ocorrem no interior do estado, o verso, presente na música "O império da lei", de Caetano Veloso, pode ser também associado à atual situação da capital paraense.

Acidentes, discussões, assaltos, tráfico, brigas, assassinatos... De uns meses para cá, o quadro de violência em Belém parece ter se agravado. Sair de casa passou a ser um grande desafio. Voltar, um alívio.

Nesse quadro de insegurança, que está longe de ser apenas uma "sensação", mas sim uma certeza, ninguém está, de fato, protegido: os riscos estão em cada esquina, cruzamento, restaurante, posto de gasolina, avenida, farmácias, pontos de ônibus, dentro dos coletivos. Refém dessas circunstâncias, na última terça-feira (26), parte da população da capital paraense começou nas redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter, uma campanha que pede paz.

Com a sugestiva e significativa hashtag "SOS Belém", os belenenses passaram a pedir socorro. A campanha também pede luto por todas as vítimas que perderam a vida em acidentes e crimes e que ajudaram a aumentar as estatísticas de insegurança na cidade. Apesar de não ter completado nem 48 horas, o movimento já conta com centenas de seguidores e compartilhamentos. No instagram, um perfil criado nesta manhã já conta com quase 1500 seguidores. A expectativa é que o número de envolvidos siga crescendo.

"Amo Belém, cidade em que nasci e fui criado, onde 90% de todo mundo que eu amo se encontra, chega de tratar com descaso vidas humanas! As autoridades públicas precisam efetivamente garantir segurança pra quem de fato mantém a máquina pública funcionando, o cidadão que paga imposto!", desabafou o paraense Reinaldo Arraes pelo Facebook. O sentimento de tristeza, impotência, medo e revolta também é acompanhado por milhares de pessoas.

Enquanto o império da lei não chega a todo o Pará, o movimento #SOSBelem, que por enquanto está restrito às redes sociais, não descarta a realização de passeatas e caminhadas reivindicando mais tranquilidade. Sem um líder específico, é muito mais um clamor por paz e segurança que o início de uma série de atividades que cobrem melhorias não somente na Grande Belém, como no estado.

(Enderson Oliveira/DOL)

MAIS ACESSADAS