Retrato do abandono no centro comercial de Belém

Trabalhadores do Espaço Palmeira, no centro comercial de Belém, estão cansados das promessas feitas pelo prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho. Segundo os comerciantes, Zenaldo prometeu fazer reformas no telhado e construir uma praça de alimentação no local. Entretanto, as promessas não foram cumpridas.

“Aqui não vendemos bem porque não foi dado o que a gente pediu. O telhado é muito baixo e a gente fica no calor e os consumidores fogem daqui. Os idosos, que são os que ainda aparecem, não podem subir os degraus por causa da limitação física. Os órgãos públicos que funcionam no térreo não servem para atrair os clientes para comprar com a gente. Ou seja, de tudo que nós reivindicamos, nada foi atendido pela prefeitura”, afirmou o comerciante Waldeci da Silva, 63.

Parte do funcionamento do espaço existe através da iniciativa dos próprios comerciantes. “Se nós temos um local iluminado aqui, é porque nós organizamos as fiações, mas elas não recebem manutenção nenhuma e no período de chuvas dão choques. As torneiras dos banheiros estão quebradas e o piso, de lajotas, também. A água daqui foi cortada. A que usamos é da Sefin, que funciona no subsolo. Isso aconteceu por falta de pagamento de um débito que chega a R$ 77 mil, segundo o que ficamos sabendo”, contou a vendedora Raquel Pinheiro.

O local também vira abrigo de usuários de drogas, segundo relatos dos comerciantes. “Nós é que pagamos uma taxa semanal para que nossas coisas sejam vigiadas nos boxes por um vigilante à noite, porque, a partir das cinco, o local já começa a ficar cheio de usuários de drogas e de pessoas se prostituindo. Até um cachimbo artesanal eu encontrei nesta semana, feito de osso de galinha e um pedaço de plástico”, denunciou uma comerciante.

PRAÇA

Abandonada, a parte em que funcionaria a praça de alimentação serve de depósito para lixo, dejetos humanos, preservativos e roupas íntimas, segundo os locatários.

“Já encontrei até calcinhas aqui e os preservativos encontrados ainda agora são provas de que não estamos mentindo”, contou um comerciante, que se identificou somente por Michel.

“Se nós queremos fazer alguma benfeitoria aqui, como a colocação de lajotas no piso para evitar a poeira, que é outro problema, tem que passar pela Secon (Secretaria Municipal de Economia), que diz que tem projetos para isso, mas esses projetos nunca saem do papel”, contou Michel.

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HISTÓRIA

A Fábrica Palmeira foi fundada em 1892 e era um estabelecimento que fabricava biscoitos, bolachas, doces, bombons, torração e moagem de café, triturações de cereais e pão.

A fábrica foi vendida e seu prédio completamente destruído nos anos 60. O espaço ficou abandonado durante anos, por isso ficou conhecido como “buraco da palmeira”.

No segundo mandato do prefeito Edmilson Rodrigues, o espaço foi desapropriado e ganhou o nome de Largo da Palmeira. O local se tornou um estacionamento e abrigou um pequeno camelódromo.

Em 2010, na administração do prefeito Duciomar Costa, foi rebatizado de Espaço Palmeira, abrigando ambulantes remanejados de outras áreas. Na época, a administração municipal anunciou que no espaço iriam funcionar 378 boxes e no subsolo, um estacionamento para 200 veículos.

(Diário do Pará)