Na Praça Batista Campos, em Belém, a servidora pública, Rosilene Lima, 50 anos, caminha de mãos dados com o filho, Lucas Morisson de Lima, 16 anos. Ela está em busca de informações sobre o autismo. Há 14 anos o adolescente foi diagnosticado com o transtorno neurológico, e ainda assim, a mãe tem dúvidas.
Rosilene diz que quando soube não tinha ideia do que faria dali para frente. “A gente não tem quase aqui em Belém lugares para tratamento. É precário. Todo tempo que tem palestras eu vou. Quando eu descobri a doença, a minha maior preocupação foi o que eu ia fazer, onde procurar ajuda. Pra gente que não tem dinheiro é ruim. Recentemente descobri que ele não sabe tossir. Tive que ir atrás de tratamento. A gente não tem apoio”.
Na manhã de ontem, famílias lotaram a Praça Batista Campos para participarem de uma caminhada em alusão ao Dia Mundial do Autismo, celebrado em 2 de abril. Médicos esclareceram dúvidas sobre o transtorno e tratamentos disponíveis. Diversos estandes foram montados em torno da praça. A Organização Não Governamental Atenção Multidisciplinar, Orientação e Respeito para o Autista (ONG Amora) esteve à frente da programação, junto com centros de tratamento.
“Nossa intenção é promover a busca por informação, tratamento e diagnósticos. A ONG surgiu no momento de falta de informação em relação ao autismo. E principalmente, pela ineficiência dos tratamentos’’, frisa Sergio Serra, diretor da ONG. A psicóloga Adriana Fernandes participou de todo evento. Ela relata que recebeu o primeiro alerta de autismo do filho, Andrei Fernandes, 7 anos, quando foi chamada na escola. ‘’Ele tinha um dois anos e dois meses. Tinha dificuldades de interação social. Isolamento. A própria escola teve dificuldade de identificar. Ele passou por avaliação desde os dois anos e três meses’’, conta.
Segundo ela, o filho percebe o tratamento diferenciado que tem, em relação aos outras crianças, e isso o afeta. A mãe enfatiza a falta de preparo e políticas públicas eficazes. “Pelo fato de ser uma síndrome, se manifesta em cada pessoa de um jeito. Não há pessoas especializadas para tratar aqui. Ele percebe a maneira como é tratado. As escolas não estão preparadas. Isso gera uma irritação nele. Ele percebe essa diferença e não consegue expressar’’.
DIAGNÓSTICO PRECOCE É FUNDAMENTAL
Se a criança não interage com as pessoas, não imita os gestos dos pais, ignora o chamado e sempre escolhe brincar sozinho, os pais devem ficar alerta. Esses podem ser os primeiros indícios do autismo. “A primeira coisa a observar é se a criança interage com as pessoas. Se for bebezinho e não sorri, não faz gracinha, não imita os gestos que os pais fazem, atrasa a linguagem, não atende quando chama pelo nome, parece surdo, mas não é, porque quando tem uma música vai ouvir. Se quando está maior, brinca sozinho na escola, não quer sair, prefere jogar no computador, pode ser autismo”, explica a pediatra Amira Figueiras.
Ela frisa a importância do diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo melhor. Tudo que ensinar pra criança nos primeiros anos, vai assimilar melhor. Nessa idade os neurônios fazem as conexões, e se a gente deixa passar o tempo, essas conexões podem vir a morrer. Quanto mais cedo ensinar a criança, maior será o sucesso do tratamento”, enfatiza.
A terapeuta ocupacional, Grazielle Santos, informa que o tratamento passa por uma equipe multidisciplinar com fonoaudiólogos, psicólogos e pediatras. Ela diz que atualmente, cresceu a procura por tratamento. “O autismo está sendo bem divulgado. Os pais estão mais atentos, procuram começar o tratamento no período precoce. Até hoje não se fala em cura no Brasil, mas sim em amenizar as dificuldades”.
(Diáro do Pará)
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