Os 45.397 eleitores de Igarapé-Miri, nordeste do Pará, devem voltar hoje às seções de votação para escolher, novamente, o prefeito do município. Eleito na última eleição 2012, Ailson Santa Maria do Amaral - conhecido como Pé de Boto - foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Ele foi condenado por distribuir combustível a cabos eleitorais que participaram de uma carreata no período eleitoral. Os postos pertenciam ao candidato e funcionavam clandestinamente, o que levou o TRE a entender que houve abuso do poder econômico.
Além da cassação por crime eleitoral, Pé de Boto responde, na Justiça Comum, por envolvimento em um grupo de extermínio que teria assassinado 13 pessoas no município. No ano passado, quando ainda coordenava a campanha do atual governador Simão Jatene no município, Pé de Boto chegou a ser preso, mas foi solto por decisão do desembargador Rômulo Nunes, do Tribunal de Justiça do Estado.
Nunes entendeu não haver riscos caso o prefeito fosse solto. Na época, houve protestos em Igarapé Miri, já que a população temia represálias às testemunhas.
Solto, Pé de Boto anunciou que voltaria ao cargo de prefeito, mas acabou cassado. Como teve mais de 50% dos votos válidos, a lei determina que haja nova eleição. Desde a cassação, o cargo de prefeito estava ocupado pelo presidente da Câmara Municipal, José Roberto.
DISPUTA ACIRRADA
Quatro candidatos concorrem à eleição de hoje. Ronélio Antônio Rodrigues Quaresma é o candidato do PMDB. Darlene Maria da Silva concorre pelo PSD. O PT terá como candidato Roberto Pina Oliveira e o PPS está na disputa como Manoel João Pantoja da Costa.
A eleição suplementar vai custar R$ 200 mil aos cofres da Justiça Eleitoral. Serão 139 seções eleitoral, espalhadas por 41 locais de votação. Haverá 24 pontos de transmissão de dados e a junta apuradora vai funcionar no cartório eleitoral do município.
O TRE promete divulgar o resultado até as 18h deste domingo. Uma equipe formada por 30 técnicos cuida desde a semana passada da eleição.
Na sexta passada, técnicos do TRE reuniram com o comando da Política Militar na região para definir detalhes do esquema de segurança já que o clima da cidade é de disputa acirrada.
Foi decidido então que cada local de votação ficará sob a vigilância de dois policiais. Serão quase 150 policiais envolvidos na ação.
Na quinta, foi concluído o trabalho de preparação das 139 urnas de sessões. Outras 41 foram preparadas para o caso em que haja necessidade de substituição.
CASSADO
Cassado pela Justiça Eleitoral, Pé de Boto enfrentará problemas mais graves com a Justiça Comum. Mesmo solto, ainda responde pela suspeita de participar do grupo de extermínio que teria executado ao menos 13 pessoas. A prisão do prefeito cassado, no ano passado, foi decretada em meio à operação “Falso Patuá”, da Polícia Civil.
Além do prefeito, foram presos o secretário municipal de Obras, Ruzol Gonçalves, os dois filhos dele, Renato e Rafael Gonçalves, dois seguranças particulares do prefeito e quatro policiais militares que, integrariam o grupo. As informações são de que recebiam entre R$2 mil e R$5 mil para fazer as execuções.
A investigação do Ministério Público revelou que o ex-prefeito e o grupo mantinham uma lista de marcados para morrer. Em um posto de combustíveis de propriedade de Pé de Boto em Igarapé Miri, foi encontrado um CD com cerca de 200 fotos e fichas criminais.
De acordo com a apuração, Pé de Boto teria marcado os locais ondem moram pessoas fichadas na polícia. Com base nessa lista, ele decidia quem deveria ser condenado à morte. Há suspeitas também de que o grupo forjava flagrantes para realizar prisões ilegais que terminavam na execuções.
(Diário do Pará)
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