Como ter resultados, se agimos da mesma forma?

O governador e seu jornal falam que a situação da violência no estado não é bem o que vemos nas ruas. Reafirmam que é um fenômeno nacional e que o Pará avança no seu combate. Citam números e mais números que não retratam a realidade da população. E fazem muitas acusações.

Como vem fazendo há tempos, a culpa não é dele. É dos outros. Pelo que ele diz, a culpa é do governo federal que desativou postos da Polícia Rodoviária facilitando o acesso de bandidos, drogas, etc.

Fala até numa base que foi desativada no Baixo-Amazonas, surpreendentemente transformada por ele em ponto chave para o combate a violência. A culpa é da imprensa que faria acusações irresponsáveis. A culpa é do ajuste fiscal que o Brasil passa.

A culpa é de quem foi a Brasília pedir ajuda ao governo federal. Para o governador, quem deixa as convicções políticas de lado para pedir ajuda é irresponsável. Só faltou colocar a culpa na própria população, vítima da violência, e pedir orações, a exemplo do Prefeito de Belém.

Para ele, todos que tentam fazer algo para sair dessa situação em que vivemos têm interesses políticos contrariados. Usa isso como uma tentativa de se “blindar” contra críticas e protestos da população.

A cereja no bolo foi tentar diminuir a efetividade da Força Nacional de Segurança. O governador faz uma conta e decreta: cada estado pode contar com apenas 100 policiais da Força. Diz também que esse efetivo já se encontra no estado, nas obras de Belo Monte. Por isso, segundo nosso matemático de plantão, a Força Nacional nada mais pode fazer por nós.

Não é isso que se vê em outros estados onde isso ocorreu. A ajuda do Ministério da Justiça e da Força Nacional incluem ações de inteligência, tecnologia para impedir a comunicação entre bandidos, entre outras.

Quanto ao efetivo, somente para uma operação nos presídios de Natal (RN) foram encaminhados 215 homens que lá permanecerão pelo tempo necessário, nas palavras da secretária nacional de segurança. Ela, sim, uma especialista no assunto.

Vale citar o exemplo do senador Cassio Cunha Lima, do mesmo partido de Jatene, que pediu a presença da Força Nacional na Paraíba. O governador parece ser a única pessoa no País que duvida da ajuda que o Ministério da Justiça pode prestar. Toda ajuda é bem-vinda, não importa de onde ela venha.

Pelo que o governador diz, nada pode ser feito, a não ser mais promessas. Para ele, o melhor que o Pará pode fazer é se conformar.

O governador está perdendo uma grande oportunidade de unir o Pará e colocar em prática novas idéias. Para isso, ele teria que deixar o orgulho de lado e trabalhar. Porém, a realidade é bem distante disso. Ele nada faz.

Ele fala, fala e nada diz de concreto para dar pelo menos um fio de esperança ao povo de que essa situação vai melhorar para que, enfim, saiamos das últimas posições do ranking dos estados e das cidades, elaborado por entidades respeitadas que acompanham os números da violência em nosso país.

Se o orgulho é grande demais para ir a Brasília pedir ajuda, basta aceitar a oferta do Ministro da Justiça, que já se dispôs a vir a Belém para conversar.

O Pará quer paz e somos todos responsáveis por conquistá-la. A única pessoa que pode atrapalhar o governo, nesse momento, é o próprio governador e a sua falta de ação. O que vemos é mais do mesmo. Assim nada vai mudar.

Enquanto isso, pessoas morrem.