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No início, todos por uma grande causa: o Pará

Há 33 anos, é a mesma coisa: ele chega à redação do DIÁRIO DO PARÁ andando meio apressado, com o lanche na mão e o cigarro no bolso. Começa o expediente por volta das 18h e vai direto para o seu posto -que precisa estar desocupado. Se alguém por acaso est

Há 33 anos, é a mesma coisa: ele chega à redação do DIÁRIO DO PARÁ andando meio apressado, com o lanche na mão e o cigarro no bolso. Começa o expediente por volta das 18h e vai direto para o seu posto -que precisa estar desocupado. Se alguém por acaso estiver sentado no seu lugar cativo, no meio da redação, vai ouvir: “Sai daí! Já cheguei!”. O jornalista Carlos Queiroz, 72 anos, se tornou uma espécie de amuleto do DIÁRIO. Uma marca registrada do jornal. Apesar do jeito ríspido e do tom carrancudo, já foi mestre de centenas de jornalistas que passaram pela redação do jornal. Não há como não aproveitar a experiência de quem estava lá, no dia 22 de agosto de 1982, quando tudo começou.

Carlos Queiroz é testemunha da história do jornal.Ele ajudou a plantar a semente naquele dia, quando a primeira edição DIÁRIO DO PARÁ circulou pelas ruas de Belém. O jornal germinou, cresceu e hoje dá merecidos frutos: sucesso editorial inquestionável, o DIÁRIO é hoje consolidado como um dos maiores jornais do Brasil e líder disparado de mercado, com mais de 60% de leitores habituais segundo afere a última pesquisa do Ibope.

IDEAIS “Não resta dúvida que aquela edição era um sonho realizado de levar para a população um jornal combativo e desafiador às dificuldades impostas pelo regime militar da época, ao qual o jornalista Laércio Wilson Barbalho, idealizador e fundador do jornal, era feroz opositor”, lembra Queiroz. Ele lamenta que em maio de 2004 Laércio tenha nos deixado. “Permaneceu o exemplo de um homem que nunca desistiu de seus ideais”.

Naquela época, a eleição de Jader Barbalho para o governo do Estado surgia como uma saída contra a ditadura que se impunha. Os pleitos para governadores realizados em 1982 em todo o Brasil eram a primeira eleição direta a ser realizada desde o Golpe de 1964. Um marco para a redemocratização do País. A disputa eleitoral já se antevia disputadíssima. Laércio havia trazido as máquinas que rodariam o jornal de Bauru (SP), de uma oficina velha e sucateada. “O DIÁRIO foi lançado para dar respaldo à campanha de Jader. Ele foi eleito governador e o jornal seguiu a sua trajetória, passando por várias etapas em nível de tecnologia, até chegar ao estágio atual, mantendo a linha editorial: sempre em defesa dos interesses da coletividade. É o motivo de sua existência”, diz Queiroz.

A disputa pela hegemonia na imprensa escrita era grande: de um lado, o DIÁRIO surgia como um “jornal de campanha” sem tecnologia, impresso pelo sistema de “chumbão”. Do outro, dois concorrentes de peso – ”O Liberal” e “A Província do Pará” –, com leitura cativa e com sucesso editorial superior, sendo impressos já no sistema offset. Não importavam as condições. O jornal precisava ir para a rua. Para tanto, Laércio recrutou uma trupe de experientes jornalistas para executar o projeto. Além de Carlos Queiroz, foram chamados Hélio Gueiros, Joércio Barbalho, Ronaldo Bandeira, Expedito Leal, Sérgio Noronha, Dalvino Flores, Bernardino Santos, Raimundo Gomes, Raimundo Oliveira, Manoel Alves e Socorro Gomes. Na fotografia, no dia da fundação do jornal, havia ainda Cândido Sodré, Fred Mendonça, Dirceu Formengo e Carlos Rauda.

A máquina comprada por “seu” Laércio nunca havia rodado um jornal diário. Tanto que a primeira edição levou 25 horas para ficar pronta. Na ocasião, o jornalista Hélio Gueiros, com seu sarcasmo peculiar, comentou que, daquele jeito, “o jornal não daria para ser DIÁRIO!”. Para suprir as carências foram contratados os mais modernos linotipistas da época.

Política, jornalismo e irreverência

Como não poderia deixar de ser, Laércio Barbalho foi fundamental na fase embrionária do DIÁRIO Do PARÁ. Ele trouxe ao jornal a experiência política da época em que trabalhou no “O Liberal Baratista”, entre 1946 e 1964. A tarimba e a experiência política que repassou aos jornalistas da época foi fundamental e garantiu o fôlego para que o jornal não parasse de circular - o que seria fatal para a publicação.

A política e o jornalismo sempre estiveram presentes na vida de Laércio Barbalho. Ele começou no jornalismo ainda em 1950, num periódico ligado ao PSD, partido que apoiava Magalhães Barata e que lhe deu três mandatos. Tinha entre os colegas de redação Hélio Gueiros, Newton Miranda, Álvaro Paes do Nascimento e outros nomes de expressão.Além do PSD, Laércio também plantou as bases de outro partido político no Pará: o PMDB, que se transformaria na grande frente de oposição à ditadura militar.

O jornalista foi cassado em 1969, logo após ter sido reeleito deputado estadual, dessa vez pelo PMDB. A cassação não o desmotivou. Continuou atuando nos bastidores da luta pela democracia, o que resultou na eleição do filho, Jader Barbalho, para o Governo do Estado do Pará.A irreverência, a inteligência e principalmente a generosidade foram as marcas de Laércio Barbalho na sua passagem pela política e pelo jornalismo, durante mais da metade de sua vida. O afastamento da política o levou direto ao jornalismo, assegurando o espaço de mais uma fonte de informação no Pará.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)

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