Após 3 meses de investigação, o promotor militar Armando Brasil se reuniu, na sede do Ministério Público do Estado do Pará (MPE), com dois vereadores integrantes da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Belém, na tarde de ontem. O objetivo era apresentar a conclusão das investigações sobre as denúncias de irregularidades no laudo pericial emitido pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM), em relação à vistoria realizada no Pronto-Socorro Municipal (PSM) Mário Pinotti, o PSM da 14. Localizado no bairro do Umarizal, em Belém, o PSM foi cenário de uma tragédia ocorrida na tarde do dia 25 de junho, quando um incêndio destruiu parte do hospital e causou a morte de três pessoas.

Segundo o vereador Fernando Carneiro, desde 2013, o prefeito Zenaldo Coutinho vinha sendo alertada sobre o risco existente no PSM. “O prefeito foi avisado pela Comissão de Saúde da Câmara, em 2013, pelo Corpo de Bombeiros e pelos próprios diretores do hospital. Se não fizeram as adequações, foi porque se omitiram”, afirma. Além da promotoria militar, a comissão pretende realizar denúncias nas demais promotorias para seguirem com as investigações. “Iremos procurar a promotoria cabível para fazer a denúncia do prefeito, do secretário de Saúde e do diretor do hospital por omissão e por não levarem adiante as recomendações que o Corpo de Bombeiros, funcionários e vereadores haviam indicado”, declarou.

A comissão também teve acesso a laudos indicando a existência de problemas na fiação elétrica do prédio. “Nós tivemos acesso a documentos do diretor do PSM, antes do laudo dos Bombeiros, indicando que a fiação estava com problemas, que não existia sinalização, equipamentos necessários para emergências em caso de incêndio e os que tinham estavam obsoletos”, destacou Carneiro. Segundo ele, o próprio diretor do hospital fez essa solicitação à Prefeitura. “Ou seja, não tem como o prefeito afirmar que não sabia do que precisava ser feito”.

POLÍTICA

Diante das investigações, o vereador Dr. Chiquinho destacou a existência de interferência política para que o coronel Nahum Fernandes, comandante-geral do CBM, tivesse agido de forma ilegal. “Um coronel que tem a responsabilidade e atribuições de combater e prevenir essas situações, simplesmente se omitiu e escreveu um laudo que não combina com a realidade. Essa é a suspeita que o Ministério Público Militar está investigando”, disse.

As evidências apresentadas indicam que a Prefeitura tentou forjar o contrato que tinha com a empresa Persan, responsável pela manutenção dos equipamentos elétricos do PSM, para se isentar de culpa pela tragédia. “Para tirar qualquer responsabilidade sobre a tragédia, a Prefeitura chamou o dono da empresa para que ele assinasse o contrato, depois o incêndio, com data retroativa”, disse o vereador Chiquinho. “Mas a verdade é que não existia nenhuma empresa contratada pela Prefeitura para fazer a manutenção nos aparelhos na semana em que ocorreu a tragédia”. O promotor militar Armando Brasil preferiu não dar declarações à imprensa sobre as investigações. O DIÁRIO tentou contato com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), mas não teve retorno.

(Camila Barreto/Diário do Pará)

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