Não é preciso nem entrar na Escola Estadual Raymundo Martins Vianna, na avenida Augusto Montenegro, no bairro do Bengui, para perceber o abandono. Na manhã de ontem, do portão da frente, era possível enxergar o mato alto e a sujeira pelos corredores. Ontem, os estudantes foram impedidos de entrar na instituição de ensino por uma corrente, trancando as grades que os separavam na calçada. A justificativa da direção é que a bomba de abastecimento de água não estava funcionando.
“Nossa água nunca prestou. Sempre teve gosto de ferrugem. Nunca tivemos filtro. Se quisermos beber água, temos que comprar”, reclamou, revoltado, o estudante do 3° ano Hugo Silva, de 18 anos. Para Hugo, estudar na instituição tem sido um desafio diário para ele, que quer entrar na universidade e cursar Ciência da Computação. “Sem aulas e sem estrutura, não é possível concorrer no vestibular”, lamenta o aluno, que reclama que as salas da Escola Raymundo Martins são quentes e que os ventiladores não são suficientes para conter o calor sufocante, o que tira a concentração no conteúdo.
Segundo os alunos, na escola, as aulas em dias normais não passam do terceiro horário, e nos banheiros, geralmente, não tem água. Essa situação também tem preocupado os pais, que estão revoltados com as condições às quais os estudantes estão submetidos. O universitário Aroldo Oliveira, de 40 anos, é pai de Bruna Oliveira, do 2° ano do ensino médio. Para ele, ver a filha voltando para casa antes do horário é angustiante. “Como pode desde quinta-feira (passada) a direção suspender as aulas por completo? Isso é um absurdo”, criticou Aroldo.
Ainda segundo os estudantes, não há livros na biblioteca e, para ter aula de educação física, é necessário fazer coleta para comprar o material. A reportagem procurou a diretora da escola, porém foi informada de que ela não estava na instituição e a coordenação não ia conversar com a imprensa.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc Pa) informou que já está providenciando o conserto da bomba de água. A assessoria de imprensa afirmou também que a Diretoria de Recursos Tecnológicos e Imobiliários (DRTI) faz o levantamento das demandas na escola, incluindo as relacionadas ao funcionamento de ventiladores e à reposição de carteiras escolares.
(Roberta Paraense/Diário do Pará)
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