As pessoas que lotaram a Aldeia Amazônica David Miguel, no fim de semana, nem de longe lembravam o trecho da canção “Samba da minha terra”, de Dorival Caymmi: “Quem não gosta de samba bom sujeito não é. É ruim da cabeça. Ou doente do pé”. Na noite de sábado (30) e madrugada de ontem, o local foi palco do Desfile das Escolas de Samba do 1º Grupo de Belém. As 8 agremiações que desfilaram homenagearam os 400 anos da capital paraense. Segundo a Polícia Militar (PM), aproximadamente 15 mil pessoas ocuparam as arquibancadas da Aldeia Amazônica e caíram na folia junto com as escolas que desfilaram. 

A 1ª agremiação a entrar na avenida do samba foi a Associação Carnavalesca Mocidade Unida do Bengui, que conquistou o acesso ao 1º grupo no ano passado. Com o tema, “Nos 400 anos de Belém com Bento Maravilha a mocidade vem”, a escola homenageou Bento Maravilha, um dos primeiros a inserir o trio elétrico na cidade. Em seguida, a escola Xodó da Nega, da Cremação, levou para a passarela do samba o progresso de Belém, desde a Belle Epoque - no período áureo da exploração da borracha-, até os dias de hoje, sobretudo no comércio, com o tema “Quem vai querer? Temos tecido francês, erva da floresta e bugigangas do chinês”. 

(Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)



RANCHO

O Grêmio Recreativo Piratas da Batucada, da Pedreira, levou para o desfile a magia do teatro, com o tema “Belém, por uma Cuíra de fazer teatro”. Carros alegóricos que representavam palcos e brincantes mascarados foram usados pela escola para homenagear o teatro. A Escola de Samba da Matinha foi a 4ª agremiação a entrar na avenida e abordou a chegada dos portugueses na cidade, assim como o período chuvoso, tão característicos da capital, no enredo “Olê, Olá, Belém: das tuas janelas vislumbram-se os verões e invernos das 400 primaveras da bela cidade das mangueiras”.

A 5ª escola a agitar o público foi a tetracampeã Rancho Não Posso me Amofiná, do Jurunas. O Ver-O-Peso, as mangueiras, a fauna e flora, culinária e a cultura foram as inspirações para o enredo “A dança das folhas na cidade das mangueiras”, que contou com a participação da jurunense Gaby Amarantos. 

(Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)



A Associação Carnavalesca A Grande Família, do Telégrafo, cantou a religiosidade em Belém por meio do Círio de Nazaré, no enredo “Belém de dentro pra fora”. O carro alegórico que carregava a réplica do manto que veste a imagem de Nossa Senhora de Nazaré destacou bem a festa católica.

O futebol, grande paixão do paraense, não poderia ficar de fora da passarela do samba. A responsável pela homenagem foi a escola Quem São Eles, o “Quenzão”, que colocou lado a lado os mascotes do Remo e Paysandu em um dos carros alegóricos da agremiação. O boi do Arraial do Pavulagem também esteve presente, puxados pelo enredo “Um diamante grená e branco nos 400 anos de Belém”.

(Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)


A última escola a desfilar na avenida foi a Associação Carnavalesca Bole Bole, com o enredo “Belém 400 anos: a festa no Guamá já começou”. O samba abordou a importância de um dos bairros mais populosos da cidade, além de fazer apelo por mais investimentos em segurança, saúde, cultura, entre outro setores, bem destacado nas bandeiras conduzidas pelos brincantes da última ala da agremiação.

(Alexandre Nascimento/Diário do Pará)

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