O procurador federal Felício Pontes destaca que a situação de conflito agrário no município de Anapu, no sudoeste do Pará, se agravou como consequência das obras para construção da Hidrelétrica de Belo Monte. De acordo com o procurador, que atua na Procuradoria Regional da República 1ª Região, em Brasília, após o final da construção, cerca 22 mil trabalhadores perderam seus empregos. “Ao invés de voltarem aos seus Estados de origem, eles decidiram ficar na região, o que agravou a questão agrária no município”, disse Felício Pontes, em entrevista ao Grupo RBA de Comunicação.

Segundo Felício Pontes, as demissões dos trabalhadores que migraram para a região de Altamira, também no sudoeste do Estado, na época da construção, começaram há cerca de 10 meses. “Esta é uma região com conflitos históricos. Com o fim da construção de Belo Monte, as pessoas que ficaram sem emprego decidiram permanecer”, pontua. 

"Foram mais de 6 mortes nos últimos 7 meses, por isso, decidimos solicitar a intervençãoda Força de Segurança Nacional”, Felício Pontes Júnior, procurador federal (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)


TENSÃO 

“Chegou ao nosso conhecimento a informação de que a violência estava crescendo. Foram mais de 6 mortes nos últimos 7 meses, por isso decidimos solicitar a intervenção da Força de Segurança Nacional”, explica. O procurador federal acredita que a Força Nacional, juntamente com as Polícias Civil e Militar do Pará “podem fazer um trabalho mais eficaz na região”. Felício Pontes informou que esteve na região na semana passada e disse ter ficado muito assustado com os relatos que ouviu em Anapu. Então, solicitou à procuradora Débora Duprat o envio de reforço para a segurança dos colonos locais. 

“Os fazendeiros não conseguiram na Justiça a retirada dos colonos e estão tentando fazer isso por meio de intimidações, de queima das casas das pessoas, das plantações. Contrataram pistoleiros para retirar a população que está em área pública, destinada à reforma agrária”, explicou.

O procurador também informou que já se encontram na região policiais civis e militares. “Acreditamos que isso vá ajudar a paralisar as ameaças que agravam a situação de violência no campo”, destacou Felício Pontes, acrescentando que se deve melhorar as estruturas federais na região, como a reestruturação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

(Luiza Mello/Diário do Pará)

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