Não é de hoje que os usuários do plano de saúde do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Pará (Iasep) relatam problemas para conseguirem atendimento na rede credenciada em todo o Estado. Um período de 6 meses é o tempo médio para marcar uma consulta médica, segundo relatos de usuários. Outra dificuldade é a limitação para conseguir exames, com o sistema de cotas nas clínicas e laboratórios, além da redução no número de prestadores de serviços. 

Para piorar, o Estado afirma desde o início deste ano que os funcionários públicos, atendidos pelo plano, terão desconto maior na folha de pagamento. Esse reajuste no valor cobrado para permanecer como associado deve alcançar 8%, segundo estima o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Pará (Sindesspa). Hoje, o percentual é de 6% sobre o salário do servidor. 

Com 253 mil segurados, entre titulares e dependentes, o Iasep é mantido através da arrecadação de descontos na folha de pagamento do segurado e complementado pelo Governo do Estado. O impasse, segundo o Sindesspa, é que o Governo tem acumulado uma dívida durante 7 meses, pelo menos, ocasionando um déficit de R$ 10 milhões, de acordo com a presidente do Iasep, Iris Gama.

BUSCA DE SOLUÇÃO

Em uma tentativa de buscar uma solução para a crise que afeta o instituto, os representantes da área da saúde se reuniram com o Ministério Público do Estado do Pará (MPE) na última quinta-feira (3). “Tivemos de pedir a interferência do MPE para que o plano de saúde do Estado não entrasse em falência”, resume o presidente do Sindesspa, Breno Monteiro, afirmando que, a partir de agora, os esforços são para que a alíquota de contribuição do servidor seja aprovada pela Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). 

OUTRO LADO

Em nota, o Iasep informa que entregou ao MPE um plano de gestão para serviços e readequação financeira, orçamentária e atuarial, com o intuito de promover melhorias para o plano de saúde.

Desconto no contracheque não garante atendimento

Todos os meses, o valor de R$ 411,99 é descontado do contracheque de uma professora pública do Estado do Pará que pede sigilo da identidade. Ao tentar uma consulta com o ortopedista, a servidora pública ouviu da atendente da clínica que o local não atende mais o Iasep, apenas algumas especialidades médicas, com a cobrança de taxas extras. “É constrangedor. Além do valor, que não é baixo, descontado no contracheque, ainda somos obrigados a tirar dinheiro do próprio bolso para garantir uma consulta médica”, desabafou a funcionária.

De acordo com o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), a cobrança indevida de taxas extras ao plano é um caso isolado. “O que nós estamos orientando aos médicos credenciados ao Iasep é que deixe de atender pelo plano até que a operadora mostre vontade de resolver o problema”, diz o diretor administrativo do Sindicato, o médico João Gouveia. 

MEDIDAS TARDIAS

O representante do Sindmepa também questiona por que as medidas de gestão não foram tomadas há 4 anos, quando o plano começou a dar sinais de falência. “Há médicos que ainda não receberam o pagamento de dezembro do ano passado e há outros que estão recebendo o mês de maio”, afirma Gouveia.

(Wal Sarges/Diário do Pará)

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