Julgando pelo nome, é possível pensar que a Vila Sorriso, no distrito de Icoaraci, em Belém, é um local de paz e alegria. Mas os sentimentos predominantes neste sábado (19) são a tristeza, revolta, medo e saudade. Será realizado na tarde de hoje um ato público para lembrar os cinco anos do caso conhecido como Chacina de Icoaraci, quando seis adolescentes foram executados a tiros em frente à uma casa da região, em um dos crimes mais chocantes da história recente de Belém.

"Todos os anos, na data de hoje, nos reunimos no local do crime para fazer esse evento. Familiares das vítimas, amigos e moradores de Icoaraci, que se reúnem em um ato não só por essas vítimas, mas por todas as pessoas mortas durante o ano", afirma Leila Palheta, do Movimento Paz e Direitos Humanos de Icoaraci, que organiza o protesto.

Segundo ela, o ato busca fazer uma reflexão sobre a situação da segurança no Pará. "Sabemos que existem grupos de extermínio, tanto em Belém quanto no interior, mas não há uma investigação sobre isso. Todas as mortes, principalmente de jovens da periferia, são apontadas com queima de arquivo, mas pesquisas afirmam que 30% das vítimas não tinham envolvimento com a criminalidade", afirmou Leila. "A polícia precisa cortar a própria carne e assumir que uma parte pequena do seu efetivo é envolvida com grupos de extermínio. Só assim é possível combater isso".

O ato ainda deverá chamar a atenção para outros crimes da cidade, como a chacina ocorrida nos bairros do Guamá, Terra Firme e Jurunas, em 2014, e outras execuções, como a do jogador Kayo Nixon Vilas, de 16 anos, morto no último dia 11.

"Temos que fazer essa discussão. É necessário a sociedade abordar esse assunto, mas há o medo. Nós mesmos de Icoaraci somos intimidados. Mas achamos importante e necessário. Só conseguimos uma condenação no caso de Icoaraci após pressão protestos", completou Leila.

SERVIÇO

Icoaraci Pede Paz - Ato em Defesa da Vida. Local: 3ª Rua de Icoaraci, em frente ao IPAMB. Data: 19/11/2016. Horário: 17h.

(DOL)

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