Paciente morre aguardando leito no Ophir Loyola

O drama de ver uma pessoa querida sofrendo e morrer sem receber atendimento é uma dor inexplicável. E justamente esta dor é a que afirmam viver os amigos de Eloy Veliz da Rocha, paciente do Hospital Ophir Loyola (HOL) que faleceu nesta terça-feira (22). Ele aguardava leito no hospital para tratar um câncer de estômago, mas não resistiu à doença.

“O câncer foi detectado em um hospital particular, que sugeriu a cirurgia de retirada do estômago. Ele se consultou no HOL, que confirmou a necessidade da operação. E aí foram três meses tentando leito no hospital, mas nunca conseguia”, afirma Vanja Silva, amiga de Eloy que o acompanhava no tratamento. “Ele passava mal, ia para lá, mas só davam um remédio paliativo e o mandavam para casa”.

Ela conta ainda que ele passou os últimos dois dias no hospital. “Ele passou muito mal e foi para lá, mas ficou em uma sala de espera, onde tinham diversos pacientes em camas, todos falando que aguardavam leitos há meses. Ficou por lá dois dias, e ontem morria de dor, gritava por ajuda, mas não recebia atendimento”, continuou Vanja. “Pedia ajuda, mas nada. Um segurança tentou me expulsar de lá quando me viu filmar aquele absurdo. Pouco depois, ele morreu”.

“É um sentimento de revolta absurdo, ver um amigo de infância precisando de ajuda, sofrendo, e morrer sem receber atendimento. Ele estava morrendo nos meus braços e ninguém para ajudar. Milhares de pacientes devem sofrer o mesmo por lá. A situação naquele hospital é um caos”, completou.

Através de nota o Hospital Ophir Loyola informa que "o paciente Eloy Veliz da Rocha iniciou o tratamento dia 08/11/16 e já chegou ao hospital em estágio avançado. No dia 21/11/16, o paciente deu entrada na urgência com diagnóstico de câncer gástrico, com queda do quadro geral, palidez cutânea e necessitando ser submetido a exames laboratoriais. O paciente foi avaliado pela cirurgia oncológica que fez a solicitação de internação para apoio clínico. Com a piora do quadro, o paciente acabou evoluindo para óbito, às 6h20 do dia 23/11/16".

A nota diz ainda que quanto as imagens apresentadas no vídeo, todos os pacientes estão sob cuidados médicos e que não há falta de médicos. O espaço filmado chama-se UAI - Unidade de Atendimento Imediato, onde pacientes em tratamento de câncer que apresentam intercorrências são atendidos por médicos, enfermeiros, terapeutas e psicólogos.

Sobre o processo de internação e disponibilidade de leitos, o HOL diz que existe uma ampla demanda e que são respeitadas as guias de internação por prioridade clínica, esta regulação se dá através da administração do Departamento de Regulação do Município. A cada vaga de leito liberada, um novo paciente é imediatamente internado.

(DOL)