É quase impossível não fazer uma comparação entre os diversos conjuntos do bairro de Val-de-Cans, em Belém. Do Marex ao Promorar, do Maracangalha ao Paraíso dos Pássaros: a geografia composta em cada um deles proporciona um a um características únicas. A forma como eles se originaram conta muito sobre o que hoje ali existe. Carregam uma grande e rica história, todas reunidas em um único bairro.
Os habitantes do Marex permanecem no conjunto pelo sossego e tranquilidade existentes na área. Dono de uma beleza urbana proporcionada pelos bosques e vastas áreas vegetais, efeitos de um planejamento do local, o ambiente é muito convidativo para quem busca paz. Por outro lado, peca na oferta de serviços no varejo e supermercadista.
Neste lugar de Val-de-Cans, as ruas são divididas por nomes de estados e municípios brasileiros. O servidor público Antônio Neto, 50, mora na travessa Amapá e guarda boas recordações vividas durante a infância. “Lembro das brincadeiras de criança, na rua mesmo, permanecendo uma vila de pessoas que moram há anos nesse mesmo local”, conta.
PROMORAR
No Promorar também existiu certo planejamento imobiliário, se for avaliada a forma com que o local foi sendo habitado. Um dos moradores mais antigos da área, Paulo Cézar Cardoso, 60, conta que a rua principal do conjunto, atual Oeste, antes era conhecida como “Boca Negra”, quando nem entrava carro no lugar. “Tinha campos e as pessoas criavam gados, porcos e outros tipos de animais”, revela Paulo.
Após a organização do local em quadras e avenidas, o conjunto foi dotado de infraestrutura, tais como asfaltamento, comércio e algumas poucas áreas para o lazer. “É muito difícil trabalhar sem garantias de segurança. Um comerciante só consegue sobreviver aqui nesse tipo de trabalho só até um ano, sem policiamento ou políticas para a melhoria do lugar”, conta o comerciante João Siqueira, de 52 anos, que mora há 30 anos no conjunto Promorar.
Completamente destoante dessa realidade, em outro residencial de Val-de-Cans, as ocupações irregulares e o ambiente com redes de esgoto deficitário mostram um aspecto totalmente desproporcional, quando se é comparado com os outros conjuntos do bairro. Em período de chuva, os alagamentos são constantes para quem mora na passagem Santa Terezinha, na área do Maracangalha. Nessa área, a falta de atuação do poder público reflete diretamente nas péssimas condições de infraestrutura do local. O esgoto sanitário passa na frente das casas dos moradores, provocando desconforto e insatisfação entre seus habitantes.
Aeroporto marca a origem de Val-de-Cans. (Foto: Antônio Cícero/Arquivo)
PRAÇA É O POINT
É no abraço ou na reunião entre amigos que permanece a vontade de continuar morando no conjunto CDP, também conhecido como Paraíso dos Pássaros. O relógio pode marcar 16h ou até meia-noite, que, para a dona de casa Laís Freitas, 28, a vida parece não passar enquanto descontraí com o grupo de amigos na praça Paraíso dos Pássaros. “Uma vez, ainda grávida, com uma barriga bem grande, fiquei aqui na praça, deitada na rede até altas horas da noite”, recorda-se.
A vizinha, a dona de casa Lúcia Pessoa, 49, também costumava passar horas na praça durante a juventude. “O que nos torna próximos e faz a gente ficar aqui até hoje é a amizade entre os moradores”, conta.
Característica boa da infância é recordar das brincadeiras na rua. “Isso ainda é possível para quem mora aqui na rua”, diz a cuidadora de idosos, Elaine Souza, 37.
AEROPORTO
Durante a década de 1940, segundo o historiador Túlio Chaves, ali onde foi construído o Aeroporto de Belém -de estrutura diferente da atual - é onde se originou boa parte do bairro, com a introdução de famílias de militares, advindos pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
(Wal Sarges/Diário do Pará)
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