Os animais e os transtornos dos fogos de artifício

Nos Jogos de futebol, Ano Novo, São João, Círio, entre outras datas comemorativas, é tradição ver fogos de artifícios. A festa nos céus podem até ser bonitas, porém, o barulho é prejudicial para os animais. Os cachorros são os principais afetados, podendo ficar nervosos, assustados e até com problemas de saúde.

De acordo com a veterinária Michelly Vasconcelos, os cães ouvem quase quatro vezes mais do que os humanos. “Como os cães tem uma audição mais apurada, os perigos são maiores. Eles têm medo do barulho e isso pode causar alguns acidentes, como se enforcar se tiverem presos, ficar agressivos, morder objetos, se mutilar, fugir e, se epiléticos, ter crises mais fortes”, explica.

Ela detalha ainda que no caso dos gatos, os fogos de artifício não chegam a ser tão prejudiciais. “O dono do animal deve ter os mesmos cuidados com cães e gatos, porém os felinos não se assustam tanto com o barulho dos fogos de artifícios”.

Sintomas

Os donos dos animais domésticos devem ficar atentos aos sintomas que os animais apresentam, quando o barulho está incomodando. “Alguns são bem comuns, como tremores, hiperatividade, roer ou atacar objetos, se esconder, afar (respiração forte, cansada e rápida), tentar fugir, chorar, latir e chamar atenção dos tutores”, detalha Michelly Vasconcelos.

O que fazer?

Porém, a veterinária explica que esse sofrimento pode ser amenizado. “Temos que deixar o cão se sentir seguro, não deixar ele sozinho. Podemos fechar as portas, janelas, cortinas para diminuir o som e a claridade. O dono do animal pode ainda deixar um abrigo (cama, toalha) em uma parte mais isolada da casa, dar brinquedos para distrair o animal”, completa.

Apesar de todos os cuidados para amenizar o sofrimento, o barulho dos fogos de artifício é tão prejudicial ao animal que pode traumatizar os bichos.

A veterinária Michelly Vasconcelos aconselha ainda que, caso tenha mais de um animal em casa, colocar os dois juntos pode ser uma alternativa. “Durante o ano inteiro, podemos tentar deixar o animal na cozinha, onde barulhos são mais frequentes, para acostumar o animal com barulhos. Outra alternativa é colocar os animais juntos, pois caso um tenha menos medo que o outro, ele vai passar confiança para o que está mais inseguro”.

Cães de rua

Quando se tem um animal em casa, vários cuidados podem ser adotados para minimizar os transtornos causados pelo barulho dos fogos de artifício. Mas e quando o animal mora na rua? A veterinária Michelly Vasconcelos afirma que a situação desses animais é ainda mais delicada. “Caso esse animal se assuste e ele esteja na rua, ele pode correr e ser atropelado. Infelizmente, a situação dele é mais complicada”.

Casos do dia-a-dia

A empresária Paula Cecim é dona de dois cachorros da raça Pinscher, Meg e Flick, ambos de 16 anos e meio, e de um gato, o TJE, de dois anos, sempre teve uma atenção especial com animais por causa do barulho dos fogos de artifícios. “Cada um deles tem uma personalidade diferente. O Flick sempre foi mais tranquilo, mas a Meg, desde filhote, sempre teve medo. Então a gente tem que ficar com ela no colo. Eu até brinco que há 16 anos, todos os meus réveillons, é com ‘alguém’ no colo. Antes eu tinha a Bambe também, que era a mãe deles, ela também tinha medo e se escondia quando começava o barulho dos fogos. Já o gato tem medo, mas não tanto quanto os cachorros”, afirma.

(Foto: arquivo pessoal)

Paula Cecim lembra que com o tempo o medo dos cachorros com os barulhos foi aumentando. “Por causa da idade, esse ano comecei a dar medicamentos naturais para a Meg, para ela ficar tranquila. Então sempre nossa família tem que ficar atenta quando vai ter jogo, resultado de vestibular, ano novo, pois já sabemos que vão soltar fogos. Sempre três dias antes, já coloco o remédio, que foi passado pela veterinária que acompanha eles, na água. Ai ela (Meg) já não fica tão assustada, mas mesmo assim ficamos com ela no colo”, explica.

PROJETO SOS PETS

O DIÁRIO e o DIÁRIO ONLINE (DOL) publicarão uma série de 12 matérias relacionadas aos animais de estimação, sempre aos domingos e quinta-feiras (DIÁRIO) e segunda e quartas (DOL), sobre alimentação, saúde, comportamento, entre outros temas relacionados ao mundo animal. O projeto tem o patrocínio da Helfine e do Help Fast Delivery.

Reportagem: Ana Paula Azevedo

Artes: Demax Silva e Maycon Nunes

Coordenação: Diana Verbicaro

(DOL)