Segundo a pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA) a crise refletiu diretamente sobre os trabalhadoresl, pois  os dados revelam que somente 19% dos reajustes salariais apresentaram ganhos reais, acima da inflação medida pelo INPC, cerca de 44 % dos reajustes, tiveram valor igual a variação do índice de inflação  e os de mais 37 % ficaram abaixo. 

Segundo o Dieese/PA, em 2015, o percentual de negociações com reajuste acima da inflação foi de 51%. Esse dado já revelava queda significativa em relação aos resultados apurados nos anos anteriores. Para efeito de comparação, entre 2005 e 2014, o percentual de negociações com aumento real nunca foi inferior a 70% se excetuados os anos de 2005, 2008 e 2009, nunca inferior a 86%.

Em 2016, a situação se agrava e o percentual de reajustes acima da inflação atinge o menor patamar desde que o Dieese deu início à divulgação da série dos balanços anuais dos reajustes. 

A proporção de reajustes acima da variação do INPC de 2016 é somente comparável à observada em 2003: ambas próximas a 19%.Os reajustes em valor igual à inflação também cresceram em 2016 e atingiram a maior marca desde 1996, presentes em 44% das negociações analisadas.

Em virtude deste desempenho desfavorável para os trabalhadores, a variação real média dos reajustes salariais em 2016 foi negativa (-0,52%), fato que não ocorria desde 2003.Em 2016 grande parte do reajuste se concentrou nas faixas próximas à variação da inflação, com maior incidência dos reajustes em valor exatamente igual à variação do índice de preços. A soma dos casos de reajustes iguais à inflação com os de perdas de até 1% e os de ganhos de até 1% resulta em 78% do total de reajustes analisados.

Em 2016, houve intensificação no aumento dos reajustes salariais parcelados, o que já havia sido observado em 2015. Entre 2008 e 2013, os reajustes salariais aplicados em mais de uma parcela oscilavam em uma proporção que variava entre cerca de 4% e 5%. Após leve crescimento em 2014, a proporção de reajustes parcelados dobrou em 2015. Em 2016, esta modalidade de reajuste dobrou novamente e esteve presente em cerca de 30% dos reajustes salariais.

A proporção de negociações que registraram pagamento de abono salarial em 2016 teve leve aumento em relação ao ano anterior, embora tenha se mantido em patamar próximo ao dos anos anteriores.Já o percentual de reajustes escalonados cresceu de forma mais acentuada em 2016.

Nos últimos anos, o crescimento desse tipo de reajuste foi lento e gradual, aumentando aproximadamente 9 pontos percentuais entre 2008 e 2015. Contudo, de 2015 para 2016, o crescimento foi de 8 pontos percentuais.

(Com informações do Dieese/PA)

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