Os jovens que nasceram nos anos 90 já encontraram o admirável mundo novo das novas tecnologias e foram batizados de Geração Z, de zapear. São definidos como multitarefas, conectados, autoditadas e com grande dificuldade para seguir rotinas e hierarquias muito rígidas. E são justamente esses profissionais que estão disputando agora a maioria dos postos no mercado de trabalho. Então, como conciliar essas características próprias com o mundo formal das empresas?
A administradora de empresas, professora e mestre na área de Gestão de Pessoas, Elaine Grecchi, 37 anos, garante que não há mistérios. Nesta entrevista, ela explica como é possível evitar o conflito de gerações e tornar as empresas lugares melhores para a juventude. Ela também dá dicas para quem ainda está em busca da realização profissional.
Como você definiria a chamada geração Z?
É uma geração de pessoas que não precisaram se adaptar às inovações tecnológicas. Esses jovens já nasceram “conectados”, lidando com um fluxo frenético de informações e buscando a cada dia uma novidade interessante. A habilidade com eletrônicos é algo inerente e a capacidade de realizar multitarefas também. Eles nunca fazem uma coisa de cada vez, são sempre “multi”, exigentes, autodidatas e imediatistas.
Quais as características mais marcantes dessa nova geração profissional?
A geração Z compreende os nascidos entre 1990 e 1999 e a definição “Z” vem do termo “zapear”, ato de trocar o canal da TV com controle remoto constantemente. Por esta definição já é possível supor algumas características. Por exemplo, são super conectados, amam tecnologia, fazem várias coisas ao mesmo tempo e não gostam de monotonia.
De forma essas características interferem no mundo do trabalho?
Esses jovens buscam encontrar nas empresas a mesma agilidade dos meios eletrônicos. Quando encontram ambientes organizacionais pouco criativos, nada inovadores, repletos de normas, procedimentos, horários sem flexibilidade e hierarquia, há o conflito. Para esta geração o título do cargo ocupado não é importante. Estes jovens valorizam a realização pessoal e profissional e o equilíbrio entre vida pessoal e carreira. Mas isso não é para daqui alguns anos, é para agora. Por serem imediatistas, ansiosos por natureza, esperar não é algo que está nos planos da geração Z. As empresas precisam se preparar para enfrentar esta situação.
Como?
As empresas terão um trabalho árduo pela frente. As gerações anteriores, Baby Boomers, X e Y, precisaram adaptar-se às inovações tecnológicas ao longo de suas vidas e, ouso dizer, alguns profissionais não conseguiram se adaptar ainda. A geração Z, apesar de ter muita intimidade com a tecnologia, não tem paciência para ensinar pessoas com dificuldade de compreensão e, também, tem dificuldade em lidar com hierarquia. Estes dois fatores combinados podem se tornar um desastre no ambiente organizacional. Estes jovens podem ser taxados como pouco colaborativos, o que não reflete a realidade.
Como conciliar o mundo das empresas, cheio de regras com as características dessa nova geração?
As organizações não podem existir sem regras. Este é um princípio organizacional. Contudo, estas regras não precisam tolher a capacidade criativa das pessoas. Nem tudo precisa estar num manual, num procedimento. Existem formas de organizar o trabalho que possibilitam a autonomia e a liberdade do profissional, seguindo orientações básicas e tendo como base os valores organizacionais.
O que, na sua opinião, as empresas podem fazer para potencializar as características desses jovens?
As organizações precisam alocar estes jovens para trabalhar com projetos que exigirão o desenvolvimento de habilidades e competências diferentes a cada situação de trabalho. Os cargos não devem ensejar a rotina e a monotonia. Eles precisam ser desafiados. Outra característica marcante desta geração é a preferência por trabalhar mais isolado, afinal, eles vivem o dia mediando suas relações com a tecnologia. Ao invés da equipe de trabalho com contato presencial, eles preferem as equipes virtuais e as salas individuais. O que nos impede de adaptar nossas empresas? Nada.
Que dicas você daria para os jovens que estão chegando ao mercado, em um momento em que o emprego tradicional parece estar desaparecendo?
Posso afirmar, com toda certeza, que esta não é uma preocupação latente destes jovens, afinal, eles não pretendem se vincular a uma empresa por muito tempo, além de terem um forte perfil empreendedor. Se eu pudesse dar algumas dicas seriam: busque sua realização profissional em locais em que suas potencialidades serão desenvolvidas. Seja num órgão público, numa empresa privada, numa startup ou em trabalhos como freelancer. Você é o gestor da sua carreira. Descubra sua vocação, sua paixão, aquilo que faz seus olhos brilharem e mantenha o foco nesta realização.
GERAÇÕES QUE EVOLUEM
Períodos
- Baby Boomers (nascidos entre as décadas de 1940 e 60): São os nascidos durante uma explosão populacional compreendida entre o final da Segunda Guerra Mundial e a geração cultural de 1960.
- Geração X (nascidos entre as décadas de 1960 e 1970): É uma geração nascida entre o pessimismo da guerra do Vietnã e a explosão do rock e do movimento hippie. São considerados contestadores por romperem os padrões de sociedade e buscam maior liberdade.
- Geração Y (nascidos na década de 1980): É uma geração mais conectada e acostumada com as novas tecnologias de comunicação, como os computadores e celulares. Usam mais a criatividade, trabalham em equipe e buscam estabilidade financeira.
- Geração Z (nascidos a partir da década de 1990): Com o surgimento da internet e da popularização da tecnologia dos celulares e tablets, é uma geração que nasce conectada e aprende a usar as tecnologias desde a infância. Têm dificuldades de se adaptar a ambientes burocráticos, são empreendedores e não costumam fazer planejamentos de longo prazo.
(Rita Soares/Diário do Pará)
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